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Rússia levanta espectro de guerra permanente ou mundial se negociações sírias falharem

O primeiro-ministro da Rússia, Dmitry Medvedev, levantou o espectro de uma guerra permanente ou mundial se as potências não conseguirem negociar um fim para o conflito na Síria e advertiu contra a possibilidade de uma operação terrestre de forças dos Estados Unidos e países árabes.

Medvedev, falando ao jornal alemão Handelsblatt na véspera de uma conferência sobre segurança em Munique, afirmou que os EUA e a Rússia devem pressionar todos os lados do conflito para assegurar um cessar-fogo.

Perguntado sobre a oferta da Arábia Saudita na semana passada de fornecer tropas terrestres se uma operação liderada pelos EUA for montada contra o Estado Islâmico, ele disse: “Isso é ruim uma vez que uma ofensiva terrestre costuma tornar a guerra permanente. Basta ver o que aconteceu no Afeganistão e em muitos outros países. Eu não preciso te lembrar o que aconteceu na pobre Líbia”.

"Os norte-americanos e nossos parceiros árabes precisam pensar bem. Eles querem uma guerra permanente?”

Segundo a tradução alemã, ele disse que seria impossível vencer uma guerra assim rapidamente, “especialmente no mundo árabe, onde todo mundo está lutando contra todo mundo.”

"Todos os lados devem ser levados a sentar à mesa de negociações em vez de desencadearem uma nova guerra mundial.”

A Rússia realiza bombardeios ao redor da cidade chave de Aleppo, em apoio aos avanços das tropas do presidente Bashar al-Assad. As forças dos EUA e outras forças aéreas ocidentais estão envolvidas em ataques no norte da Síria.

Exército sírio avança contra reduto do EI; jatos russos bombardeiam cidades

As forças do governo sírio devem avançar para a província de Raqqa, reduto do Estado Islâmico, e jatos russos continuarão os ataques aéreos em cidades controladas pelos rebeldes ao norte de Aleppo, disse neste sábado o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

Um eventual avanço sobre Raqqa restabeleceria o controle do governo sobre a província pela primeira vez desde 2014 e pode ser visto como um movimento para impedir que a Arábia Saudita envie forças terrestres para combater o EI na Síria.

A Rússia prossegue com sua campanha aérea, que já dura quatro meses, para ajudar o presidente sírio, Bashar al-Assad, antes do "interrupção das hostilidades" acertado por grandes potências na sexta-feira. O acordo deve entrar em vigor em uma semana.

O Exército sírio anunciou a conquista de mais regiões na região de Aleppo, onde avança apoiado pelo grupo libanês Hezbollah, e combatentes iranianos cortaram uma rota de suprimentos dos rebeldes que ia da Turquia até posições dos rebeldes em Aleppo.

Se suas forças conseguirem retomar Aleppo e fechar a fronteira com a Turquia, Damasco daria um duro golpe contra os insurgentes, que estavam ganhando terreno até a Rússia começar a intervir em setembro.

A Rússia disse que vai continuar bombardeando o Estado Islâmico e a Frente Nursa ligada à al Qaeda, que em muitas áreas do oeste da Síria combate as forças do governo em estreita proximidade com os insurgentes considerados moderados pelas nações ocidentais.

Segundo o Observatório, aviões de guerra russos realizaram pelo menos 12 ataques contra cidades controladas pelos rebeldes ao norte de Aleppo entre a noite de sexta-feira e sábado.

Rússia enfrenta fortes críticas, mas nega bombardeio a civis na Síria

A França liderou as críticas internacionais à Rússia neste sábado por bombardear civis na Síria, uma acusação que o premiê russo Dmitry Medvedev rejeitou, enquanto grandes potências discutiam abertamente apenas um dia depois de concordarem com uma pausa nos combates na Síria.

As diferenças entre as partes interessadas no acordo sobre a Síria destacaram suas divisões persistentes apesar do acordo de "interrupção das hostilidades" de sexta-feira, que não foi assinado por nenhuma das partes em conflito – as forças do governo e da oposição – e só entra em vigor dentro de uma semana.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, em um debate com Medvedev em uma conferência de segurança em Munique, pressionou a Rússia a parar de bombardear civis na Síria, dizendo que isso era crucial para alcançar a paz no país.

"A França respeita a Rússia e os seus interesses… Mas sabemos que para encontrar o caminho para a paz de novo, o bombardeio russo de civis tem de parar", Valls disse na conferência.

As grandes potências conquistaram o acordo por uma pausa nos combates em conversas tarde da noite de sexta-feira, em Munique, num momento em que o governo do presidente sírio, Bashar Assad, está pronto para marcar a sua maior vitória sobre rebeldes – em Aleppo, a maior cidade da Síria antes da guerra – com o apoio do poder aéreo russo.

Se implementado, o acordo de trégua permitirá que a ajuda humanitária chegue a cidades sitiadas. Mas vários países ocidentais disseram que não há nenhuma esperança para o progresso sem o fim do bombardeio russo, que decisivamente virou o equilíbrio de poder em favor de Assad, após quase cinco anos de conflito.

Medvedev rejeitou as acusações como "simplesmente não verdadeiras".

"Não há nenhuma evidência de bombardeios nossos a civis, embora todo mundo esteja nos acusando disso", disse Medvedev na conferência de Munique após Valls, sentado ao lado dele, falar que o bombardeio russo a civis deve parar.

"A Rússia não está tentando alcançar alguns objetivos secretos na Síria. Estamos simplesmente tentando proteger nossos interesses nacionais", disse Medvedev, acrescentando que Moscou quer impedir que militantes extremistas cheguem à Rússia.

 


 

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