A Rússia não conseguiu fazer com que o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenasse o ataque de Estados Unidos, Reino Unido e França à Síria, em reação a um suposto uso de armas químicas, neste sábado, após apenas China e Bolívia votarem junto com os russos na resolução proposta.
O conselho de 15 membros reuniu-se neste sábado a pedido da Rússia, na quinta vez que se encontrou em relação à Síria desde o suposto ataque com gás tóxico mortal na cidade de Douma, uma semana atrás. EUA, França e Reino Unido atiraram 105 mísseis em retaliação, atingindo o programa de armas químicas da Síria.
“Por que vocês não esperaram os resultados da investigação que vocês pediram?”, disse o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, após a votação. Ele acusou EUA, França e Reino Unido de “flagrante desrespeito à lei internacional”.
Investigadores internacionais de grupos de vigilância globais contra armas químicas estão na Síria e deveriam começar o inquérito neste sábado. Rússia e Síria disseram não haver evidências de ataques com armas químicas. EUA, França e Reino Unido disseram que a ação militar foi legal.
“Estamos confiantes que prejudicamos o programa de armas químicas da Síria. Estamos preparados para resistir à pressão, se o regime sírio for tolo o suficiente para nos testar”, disse a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley.
“Se o regime sírio usar gás venenoso novamente, os Estados Unidos estarão armados”, disse Haley.
Dirigindo-se ao Conselho de Segurança, o secretario-geral da ONU, António Guterres, pediu que os membros “mostrem moderação nessas circunstâncias perigosas, evitando atos que podem escalar os conflitos e piorar o sofrimento do povo sírio”.
Oito países votaram contra o texto da Rússia. Peru, Cazaquistão, Etiópia e Guiné Equatorial se abstiveram. Uma resolução precisa de novo votos a favor e nenhum veto de Rússia, China, França, Reino Unido ou Estados Unidos para passar.
O conselho falhou na terça-feira em aprovar três resoluções sobre armas químicas na Síria. A Rússia vetou o texto dos EUA, e duas resoluções da Rússia não tiveram o mínimo de nove votos.
Rússia pede reunião na ONU sobre a Síria; avalia suprir Síria com sistema de mísseis S-300
A Rússia pediu no sábado uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, ao mesmo tempo em disse que vai avaliar o fornecimento de sistemas de mísseis S-300 para a Síria após os ataques líderados pelos Estados Unidos.
“A Rússia pede uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir ações agressivas dos EUA e seus aliados”, disse o presidente Vladimir Putin em um comunicado publicado no site do Kremlin.
“A atual escalada da situação em torno da Síria tem um impacto devastador em todo o sistema de relações internacionais”, acrescentou.
Forças norte-americanas, britânicas e francesas atacaram a Síria com mais de 100 mísseis no sábado, em resposta a um ataque com gás venenoso que matou dezenas de pessoas na semana passada, na maior intervenção das potências ocidentais contra o presidente sírio, Bashar al-Assad.
Putin disse que as ações dos EUA na Síria pioraram a catástrofe humanitária e causaram dor aos civis.
“A Rússia, da maneia mais séria, condena o ataque à Síria, onde militares russos ajudam o governo legítimo a combater o terrorismo”, disse Putin.