Um general de alta patente dos Estados Unidos acusou a Rússia nesta terça-feira de desempenhar um papel desestabilizador na Síria e de agir como “incendiária e bombeira” enquanto uma trégua breve declarada unilateralmente por Moscou em Ghouta Oriental fracassava.
Votel chefia o Comando Central dos militares dos EUA. Ele falava em uma audiência do Comitê dos Serviços Armados da Câmara dos Deputados. Na última semana o Exército sírio e seus aliados sujeitaram Ghouta Oriental a um dos bombardeios mais intensos da guerra de sete anos, matando centenas de pessoas.
Um pedido russo de uma trégua diária de cinco horas, feito nesta terça-feira, não deteve o bombardeio, e moradores disseram que os aviões de guerra do governo retomaram o ataque à região após uma breve pausa. A Organização das Nações Unidas (ONU) disse estar se tornando impossível acudir os civis ou retirar os feridos e que todos os lados deveriam obedecer um cessar-fogo total de 30 dias exigido pelo Conselho de Segurança da entidade.
Votel disse que a Rússia não conseguiu conter sua aliada Síria. “Acho que ou a Rússia tem que admitir que não é capaz, ou não quer cumprir um papel para acabar com o conflito sírio. Acho que seu papel é incrivelmente desestabilizador a esta altura”.
Governo sírio ganha terreno em segundo dia de trégua convocada pela Rússia, diz grupo
Forças do governo sírio e milícias aliadas ganharam terreno nesta quarta-feira em confrontos com rebeldes na região de Ghouta Oriental, perto de Damasco, à medida que o combate se intensificou apesar de um plano de cessar-fogo da Rússia, relatou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
As forças governamentais avançaram na área de Hawsh al-Dawahira, ao leste do reduto sitiado da oposição, segundo o Observatório. O Exército sírio e fontes rebeldes não puderam ser encontrados de imediato para comentar.
O plano da Rússia previa cessar-fogos diários de cinco horas em Ghouta Oriental entre 9h e 14h (horário local). Mas, após uma breve trégua, o acordo desmoronou com novos bombardeios na terça-feira, o primeiro dia do plano.
Ghouta Oriental, onde vivem cerca de 400 mil pessoas segundo a ONU, é um importante alvo para o presidente sírio, Bashar al-Assad, que tem recuperado diversas áreas das mãos de rebeldes com a ajuda de militares russos e iranianos.
Agência de fiscalização de armas químicas investiga supostos ataques com gás cloro em Ghouta Oriental
A agência mundial de controle de armas químicas está investigando ataques recentes na região síria sitiada de Ghouta Oriental, controlada por rebeldes, para determinar se munições proibidas foram usadas, disseram fontes à Reuters.
Sediada em Haia, a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) iniciou no domingo uma investigação sobre relatos de uso recorrente de bombas com gás cloro neste mês no distrito próximo da capital da Síria, disseram fontes diplomáticas à Reuters.
Neste mês líderes políticos de França, Estados Unidos e Reino Unido disseram que apoiarão ações militares pontuais contra Damasco se houver provas de que forças sob o comando do presidente sírio, Bashar al-Assad, usaram armas químicas.
A investigação surge logo depois de a Rússia ter ordenado a criação de um corredor humanitário e de uma trégua diária de cinco horas para permitir que os moradores deixem Ghouta Oriental, onde 400 mil pessoas estão sujeitas a um cerco e bombardeios.
Entre os ataques que a equipe investigativa da Opaq examinará está um realizado no domingo que autoridades de saúde locais disseram ter matado uma criança e provocado sintomas indicadores de exposição ao gás cloro, segundo as fontes.
A Opaq não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
As fontes falaram sob condição de anonimato por não terem permissão de debater a operação publicamente.
O uso de gás cloro como arma química foi proibido pela Convenção de Armas químicas de 1997. Se inalado, ele se transforma em ácido clorídrico nos pulmões, e o acúmulo de fluidos pode sufocar as vítimas.
A missão mais recente da Opaq está tentando determinar se armas químicas foram usadas, violando a convenção internacional de armas que a Síria assinou em 2013 depois que centenas de pessoas morreram em um grande ataque com gás sarin em Ghouta Oriental.
A Opaq, porém, não aponta culpados.
Sua equipe não pretende viajar a Ghouta Oriental por causa dos temores com a segurança – duas visitas anteriores feitas por inspetores em 2013 e 2014 foram alvos de ciladas –, mas reunirá testemunhos, provas fotográficas e de vídeo e entrevistas com especialistas médicos.
O uso de armas químicas se tornou sistemático na guerra síria de sete anos, mas diferenças políticas entre potências estrangeiras e a Rússia paralisaram a Opaq e a Organização das Nações Unidas (ONU), impedindo ambas de agir contra violações da lei internacional.
Reino Unido diz que pode realizar ataques com EUA na Síria se uso de armas químicas for comprovado
O Reino Unido cogitará realizar ataques militares com os Estados Unidos contra o governo da Síria se houver provas de que armas químicas estão sendo usadas contra civis, disse o secretário de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, nesta terça-feira.
Johnson disse esperar que seu país e outras nações ocidentais não permaneçam inativos no caso de um ataque químico, expressando apoio a ataques limitados se houver “provas inquestionáveis” de envolvimento do governo sírio.
“Se soubermos que aconteceu, e pudermos demonstrá-lo, e se houver uma proposta de ação na qual o Reino Unido poderia ser útil, então acho que deveríamos cogitá-lo seriamente”, disse Johnson à rádio BBC.
Ao longo da última semana o Exército sírio e seus aliados sujeitaram o enclave rebelde de Ghouta Oriental, próximo de Damasco, a um dos bombardeios mais intensos da guerra de sete anos, matando centenas de pessoas.
O Reino Unido é parte de uma coalizão liderada pelos EUA que realiza ataques aéreos contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque, mas o governo perdeu uma votação parlamentar sobre o uso da força contra o governo da Síria em 2013.
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