A Rússia disse nesta segunda-feira que adotará medidas para se defender se os Estados Unidos instalarem mísseis na Ásia após o colapso de um tratado histórico de controle de armas, e que acredita que o Japão instalará um novo sistema norte-americano de lançamento de mísseis.
No sábado, o secretário da Defesa dos EUA, Mark Esper, disse ser a favor da instalação de mísseis terrestres de alcance intermediário na Ásia em um prazo relativamente curto.
Ele fez o comentário um dia depois de os EUA se desligarem do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), pacto da Guerra Fria assinado em 1987 que proibia mísseis terrestres com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros.
Indagado sobre a possível instalação de mísseis dos EUA, o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, disse que seu país não pretende ser arrastado para uma corrida armamentista com Washington, mas que reagirá defensivamente a qualquer ameaça.
“Se a instalação de novos sistemas dos EUA começar especificamente na Ásia, os passos correspondentes para equilibrar estas ações serão dados por nós na direção de conter estas ameaças”, disse Ryabkov em uma coletiva de imprensa.
Segundo ele, a Rússia acredita que em breve o Japão instalará o sistema de lançamento de mísseis norte-americano MK-41 em solo japonês.
“O sistema de lançamento universal MK-41 que surgirá, parece, no Japão também pode ser adaptado para lançar mísseis de cruzeiro de alcance médio… então estes novos sistemas, quando surgirem no Japão, sem dúvida também serão levados em conta durante nosso planejamento correspondente”.
Putin diz a Trump que desenvolverá mísseis nucleares se EUA o fizerem
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, alertou nesta segunda-feira que Moscou começará a desenvolver mísseis nucleares terrestres de alcance curto e intermediário se os Estados Unidos começarem a fazer o mesmo após o fim de um tratado histórico de controle de armas.
Os EUA se desligaram formalmente do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) com a Rússia na sexta-feira, depois de afirmarem que Moscou está violando o pacto e já instalou um tipo de míssil proibido – acusação que o Kremlin nega.
O tratado proibia mísseis terrestres com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros, reduzindo a capacidade dos dois países de lançar um ataque nuclear com pouco aviso prévio.
Putin ordenou nesta segunda-feira que os ministros da Defesa e das Relações Exteriores e o serviço de inteligência estrangeira russo, SVR, monitorem atentamente qualquer medida dos EUA para desenvolver, produzir ou instalar mísseis proibidos pelo tratado abandonado.
“Se a Rússia obtiver informações confiáveis de que os Estados Unidos terminaram de desenvolver estes sistemas e começaram a produzi-los, a Rússia não terá outra opção além de se engajar em um esforço de larga escala para desenvolver mísseis semelhantes”, disse Putin em um comunicado.
Autoridades dos EUA disseram que seu país ainda demorará meses para realizar os primeiros testes de voo de um míssil de alcance intermediário norte-americano, que serviria como contraposição aos russos, e que qualquer mobilização ainda levará anos.