Dois portos da Ucrânia no Mar de Azov, Berdyansk e Mariupol, estão na prática sob bloqueio da Rússia, uma vez que embarcações estão proibidas de chegar e partir, disse o ministro da Infraestrutura ucraniano, Volodymyr Omelyan, nesta quinta-feira.
Ao todo 35 embarcações foram impedidas de realizar operações normais, e só aquelas que rumam para portos russos no Mar de Azov têm permissão para entrar, disse ele no Facebook. “O objetivo é simples: ao impor um bloqueio a portos ucranianos no Mar de Azov, a Rússia espera expulsar a Ucrânia de nosso próprio território — território que é nosso, de acordo com todas as leis internacionais relevantes”, disse.
Omelyan disse que 18 navios estão esperando para entrar no Mar de Azov, sendo quatro para Berdyansk e 14 para Mariupol. Também existe uma fila de nove navios esperando para sair do mesmo mar e outros oito aguardam perto dos ancoradouros do porto.
Os carregamentos dos portos de Azov são em sua maioria de grãos e aço. No domingo, a Rússia capturou três embarcações da Marinha ucraniana e seus tripulantes perto da península da Crimeia, que anexou em 2014, devido ao que disse ter sido sua entrada ilegal em águas russas.
Kiev refuta enfaticamente a afirmação russa. A apreensão das embarcações da Marinha levou a tensão entre Rússia e Ucrânia ao ponto mais alto desde 2015, quando rebeldes apoiados por Moscou se levantaram contra o governo de Kiev em Donbass, região do leste, desencadeando um conflito no qual mais de 10 mil pessoas foram mortas.
Putin acusa líder da Ucrânia de tramar conflito naval para aumentar popularidade
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou nesta quarta-feira seu colega ucraniano, Petro Poroshenko, de orquestrar uma “provocação” naval no Mar Negro no final de semana para melhorar sua baixa popularidade de olho na eleição do ano que vem.
A Rússia deteve três embarcações navais da Ucrânia e suas tripulações no domingo devido ao que disse ter sido uma entrada ilegal em águas russas, o que Kiev nega. No Ocidente o episódio provocou temores de um conflito mais amplo entre os dois países, e desde então a Ucrânia decretou lei marcial em algumas áreas do país, dizendo temer uma possível invasão russa.
Alguns dos aliados ocidentais da Ucrânia aventaram a possibilidade de impor novas sanções a Moscou devido ao incidente, o que poderia afetar a economia russa. Em seus primeiros comentários púbicos sobre o incidente, Putin afirmou que as embarcações navais ucranianas estavam claramente erradas, minimizou o episódio dizendo se tratar de uma questão fronteiriça menor e acusou o presidente ucraniano de ter orquestrado a pequena crise para aumentar sua popularidade.
“Foi sem dúvida uma provocação”, disse Putin em um fórum financeiro em Moscou. “Foi organizado pelo presidente antes das eleições. O presidente está em quinto lugar nas pesquisas, e portanto tinha que fazer algo. Foi usado como um pretexto para decretar a lei marcial.”
A Ucrânia está conseguindo usar o episódio para atiçar o sentimento antirrusso, e o Ocidente está pronto para perdoar as limitações dos políticos ucranianos porque engoliu a narrativa que Kiev está divulgando, disse Putin.
O líder russo falou depois que Moscou enviou mais de seus sistemas de mísseis terra-ar avançados S-400 à Crimeia, região ucraniana que anexou em 2014, e um repórter da Reuters viu um navio de guerra russo nas imediações no momento em que as tensões com Kiev aumentam.
A repercussão do episódio pode frustrar uma reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Putin na cúpula do G20 na Argentina no final desta semana. Na terça-feira Trump disse que poderia cancelar o encontro por causa do incidente, mas nesta quarta-feira Putin disse que ainda espera poder encontrá-lo.