O presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs nesta quarta-feira mudanças constitucionais que lhe dariam margem para aumentar seu controle do poder depois de deixar a Presidência, e escolheu um novo primeiro-ministro depois que Dmitry Medvedev e seu gabinete renunciaram.
Mais importante, Putin sugeriu diminuir os poderes da Presidência e reforçar os do primeiro-ministro.
As dramáticas alterações foram vistas por muitos como uma preparação do terreno para 2024, quando Putin, hoje com 67 anos, será constitucionalmente obrigado a sair depois de servir como presidente ou premiê de forma contínua desde 1999.
Putin surpreendeu ao dizer que quer Mikhail Mishustin, chefe do serviço tributário, como premiê. Mishustin, cuja candidatura será analisada pelo Parlamento na quinta-feira, tem um perfil relativamente discreto e não havia sido mencionado como possível candidato.
Mishustin, de 53 anos, já jogou hóquei no gelo com Putin e será visto inevitavelmente como um possível sucessor presidencial, assim como outros membros do novo governo, muitos dos quais se acredita que serão rostos novos.
Críticos acusam Putin há tempos de tramar para continuar em algum posto no qual exerça poder sobre a maior nação do mundo —e uma de suas duas maiores potências nucleares— depois que deixar seu cargo.
Ex-agente da KGB, ele mantém silêncio sobre seus planos.
Mas as mudanças constitucionais que ele delineou, e que indicou que deveriam ser submetidas a um referendo, poderiam lhe dar a opção de assumir um papel mais destacado de premiê depois de 2024 ou um novo papel como chefe do Conselho Estatal, um organismo oficial que ele disse estar determinado a fortalecer.
Ele poderia até se tornar presidente de um novo Parlamento turbinado.