O presidente russo, Vladimir Putin, alertou o Ocidente, nesta terça-feira, que as tentativas de isolar Moscou vão fracassar, citando o sucesso do programa espacial soviético como prova de que a Rússia pode alcançar avanços espetaculares em condições difíceis.
A Rússia diz que nunca mais vai depender do Ocidente depois que os Estados Unidos e seus aliados impuseram sanções para punir Putin por sua ordem de 24 de fevereiro para o que ele chamou de "operação militar especial" na Ucrânia.
Sessenta e um anos depois que Yuri Gagarin, da União Soviética, entrou para os livros de história ao se tornar o primeiro homem no espaço, Putin viajou para o Cosmódromo Vostochny, no extremo oriente da Rússia, 5.550 km a leste de Moscou.
"As sanções foram totais, o isolamento foi completo, mas a União Soviética ainda foi a primeira no espaço", disse Putin, segundo a televisão estatal russa. "Não pretendemos ficar isolados", afirmou Putin.
"É impossível isolar severamente qualquer um no mundo moderno — especialmente um país tão vasto como a Rússia." Os sucessos espaciais russos da Guerra Fria, como o voo de Gagarin e o lançamento em 1957 do Sputnik 1, primeiro satélite artificial da Terra, têm uma pertinência especial para a Rússia: ambos os eventos chocaram os Estados Unidos.
O lançamento do Sputnik 1 levou os EUA a criar a Nasa em uma tentativa de alcançar Moscou. Putin diz que a "operação militar especial" na Ucrânia é necessária porque os Estados Unidos estavam usando a Ucrânia para ameaçar a Rússia – inclusive por meio da aliança militar da OTAN – e que Moscou teve que defender o povo de língua russa da perseguição na Ucrânia.
Putin afirmou nesta terça-feira que não tem dúvidas de que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia – um conflito que ele classificou como inevitável e essencial para defender a Rússia no longo prazo. "Os objetivos são absolutamente claros e nobres", disse Putin. "Está claro que não tivemos escolha. Foi a decisão certa."
Rússia ameaça ação legal se for forçada a dar calote de dívida soberana
A Rússia tomará medidas legais se o Ocidente tentar forçá-la a dar calote de sua dívida soberana, disse nesta segunda-feira o ministro das Finanças, Anton Siluanov, ao jornal pró-Kremlin Izvestia, endurecendo o tom de Moscou em seu embate financeiro contra os Estados Unidos e seus aliados.
A Rússia enfrenta a possibilidade de dar seu primeiro calote da dívida soberana externa em mais de um século, depois que fez acordos para realizar o pagamento de um título denominado em dólares com rublos na semana passada.
O país deveria ter feito o pagamento de 649 milhões de dólares no dia 4 de abril a detentores de dois de seus títulos soberanos, mas o Tesouro dos EUA bloqueou a transferência, impedindo a Rússia de usar reservas congeladas em moeda estrangeira para pagar sua dívida.
"É claro que vamos processar, porque tomamos todas as medidas necessárias para garantir que os investidores recebam seus pagamentos", disse Siluanov em entrevista ao jornal.
"Vamos apresentar ao tribunal nossas contas confirmando nossos esforços para pagar tanto em moeda estrangeira quanto em rublos. Não será um processo fácil. Teremos que provar muito ativamente nosso lado, apesar de todas as dificuldades."
EUA fornecerão à Ucrânia "as armas de que precisa" contra Rússia
Os Estados Unidos estão comprometidos em fornecer à Ucrânia "as armas de que precisa" para o país se defender contra a Rússia, disse o assessor de segurança nacional, Jake Sullivan, neste domingo, enquanto a Ucrânia busca mais apoio militar do Ocidente.
Sullivan disse que o governo norte-americano enviará mais armas para a Ucrânia para evitar que a Rússia tome mais território e alveje civis, ataques que Washington tem classificado como crimes de guerra.
“Vamos dar à Ucrânia as armas de que precisa para derrotar os russos e impedi-los de tomar mais cidades e vilas onde cometem esses crimes”, disse Sullivan no “This Week”, da emissora ABC News.
Moscou tem rejeitado as acusações de crimes de guerra feitas pela Ucrânia e por países ocidentais. Mais tarde, durante o programa "Meet the Press", da NBC News, Sullivan disse que os EUA estão "trabalhando dia e noite para entregar nossas próprias armas… E organizando e coordenando a entrega de armas de muitos outros países".
“Estão chegando armas todos os dias”, disse Sullivan, “inclusive hoje”. Os EUA afirmam ter enviado 1,7 bilhão de dólares em assistência militar à Ucrânia desde que a Rússia iniciou a invasão em 24 de fevereiro, disse a Casa Branca na semana passada.
As remessas de armas incluem mísseis antiaéreos defensivos Stinger e mísseis antitanque Javelin, assim como munições e armaduras. Mas os líderes norte-americanos e europeus estão sendo pressionados pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, a fornecer armas e equipamentos mais pesados ??para comprometer a Rússia na região leste do país, onde os russos devem intensificar seus esforços militares.
Na sexta-feira, autoridades ucranianas disseram que mais de 50 pessoas foram mortas em um ataque com mísseis em uma estação de trem na cidade de Kramatorsk, na região de Donetsk, onde milhares de pessoas se reuniam para sair da região.
A invasão pela Rússia forçou cerca de um quarto dos 44 milhões de ucranianos a deixar suas casas, transformou cidades em escombros e matou ou feriu milhares.
No sábado, a Rússia nomeou um novo general para liderar suas forças na Ucrânia, Aleksandr Dvornikov, que possui experiência militar significativa na Síria. Com esse histórico, Sullivan disse acreditar que Dvornikov autorize mais brutalidade contra a população civil ucraniana.
Uma pesquisa da CBS News divulgada neste domingo mostrou amplo apoio entre os norte-americanos para o envio de mais armas à Ucrânia. De acordo com a pesquisa, que foi realizada na semana passada em meio a notícias de ataques russos a civis, 72% dos entrevistados são a favor do envio de mais armas, enquanto 78% apoiam sanções econômicas à Rússia.