Renata Giraldi
O presidente do Haiti, Michel Martelly, pediu à presidenta Dilma Rousseff que apoie a manutenção da força de paz no país em nome da estabilidade política e econômica. Em carta enviada há uma semana para Dilma, Martelly relata que a manutenção da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (cuja sigla é Minustah) é fundamental, pois o país não tem condições, por enquanto, de fazer sua própria segurança.
Na carta, à qual a Agência Brasil teve acesso, Martelly relata em duas páginas o quadro geral no Haiti. No segundo parágrafo, o presidente haitiano lembra que a estabilidade no país também influencia os vizinhos no Caribe. “Peço por favor que negocie com as Nações Unidas”, apelou Martelly, na correspondência.
A retirada gradual dos homens da força de paz no Haiti foi definida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Há nove meses, o comando da Minustah é do Brasil, sob a coordenação do general Fernando Rodrigues Goulart, de 54 anos.
Martelly argumenta que o calendário deve ser revisto para que o governo prepare as forças locais em substituição às tropas estrangeiras. O presidente haitiano também menciona que o Haiti está às vésperas das eleições municipais e para o Senado – quando um terço do Parlamento será renovado. Paralelamente, o governo tenta organizar as forças internas de segurança.
No texto, Martelly também cita os projetos de cooperação entre o Brasil e o Haiti. Na relação, mencionada por ele, estão os acordos de cooperação agrícola, a construção da barragem da Hidrelétrica Artibonite 4C, também com o suporte do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Martelly aproveita para agradecer o apoio dado por Dilma para que o Haiti seja membro observador do Fórum Ibero-Americano de Cádiz. O Haiti é o país mais pobre das Américas e sofre com os efeitos de catástrofes naturais, como o terremoto de janeiro de 2010, e o Furacão Sandy, que recentemente passou pelo país. Há, ainda, um índice elevado de contaminação por cólera e problemas agravados pelo desemprego e pelas dificuldades econômicas.
O país também sofre com a ação das gangues internas que geram violência. As tropas de paz da ONU estão no Haiti desde o começo dos anos 2000 com o objetivo de colaborar com as autoridades para a estabilidade na região. Houve vários conflitos entre tropas e integrantes da população. O Brasil participa desde o início da missão, principalmente com a engenharia do Exército.