O candidato presidencial francês Emmanuel Macron está sendo alvo de "notícias falsas" da mídia da Rússia, e sua campanha está recebendo milhares de ataques cibernéticos, disse o chefe de seu partido nesta segunda-feira.
Richard Ferrand, secretário-geral do partido En Marche! de Macron, disse que os veículos de mídia estatais russos Russia Today e Sputnik divulgaram reportagens falsas com o objetivo de colocar a opinião pública contra Macron.
O centrista independente Macron vem crescendo na campanha, e pesquisas de opinião o apontam como favorito a vencer o segundo turno da eleição em maio.
Ferrand afirmou que Macron, sendo ferrenhamente pró-Europa, é alvo da Rússia por querer um continente forte e unido que tenha papel de destaque em questões mundiais, inclusive perante Moscou.
No início deste mês, o Sputnik publicou uma entrevista com um parlamentar conservador da França que acusa Macron, um ex-banqueiro de investimento, de ser um agente do "grande sistema bancário americano".
"Dois grandes veículos de mídia pertencentes ao Estado russo, Russia Today e Sputnik, espalham notícias falsas diariamente, e depois elas são reproduzidas, citadas e influenciam o (processo) democrático", disse Ferrand.
O Russia Today disse rejeitar as acusações de espalhar notícias falsas em geral e em relação a Macron e a eleição presidencial francesa.
"Parece que se tornou aceitável colocar tais acusações sérias contra o Russia Today sem apresentar quaisquer evidências para apoiá-las, assim como usar este rótulo de 'notícias falsas' para qualquer reportagem que alguém possa achar desfavorável", informou o canal de notícias em comunicado.
O jornal russo Izvestia também noticiou comentários do fundador do site de vazamentos Wikileaks, Julian Assange, que disse que sua organização tem "informações interessantes" sobre Macron, que as enquetes mostram derrotando com facilidade a líder de extrema direita Marine Le Pen em 7 de maio.
Além disso, Ferrand sustentou que a campanha de Macron está sendo atingida por "centenas, senão milhares" de ataques a sistemas de computadores partindo de localidades da Rússia.
Pedindo uma ação do governo para evitar a intromissão estrangeira na campanha eleitoral, Ferrand disse: "O que queremos é que as autoridades do mais alto nível tomem o assunto em mãos para garantir que não haja interferência estrangeira em nossa democracia. Os americanos viram isso, mas era tarde demais".
Kremlin nega campanha para prejudicar presidenciável francês Macron
Acusações de que o Kremlin realizou ataques midiáticos e cibernéticos ao candidato à Presidência francesa Emmanuel Macron são absurdos, disse nesta terça-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Richard Ferrand, chefe do Partido de Macron, disse na segunda-feira que o político francês era alvo de "notícias falsas" da mídia russa e que sua campanha estava enfrentando milhares de ataques cibernéticos.
"Não tínhamos e não temos quaisquer intenções de interferir em assuntos internos de outros países, ou em seus processos eleitorais em particular", disse Peskov a repórteres em teleconferência diária.
"Que há uma campanha histérica anti-Putin em certos países é um fato óbvio".
A acusação de que a mídia apoiada pelo Kremlin buscava influenciar a opinião pública em países europeus é simplesmente absurda, acrescentou Peskov.