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Possibilidade de armas nucleares russas serem posicionadas em Belarus preocupa EUA

Os Estados Unidos estão preocupados com um projeto de reforma constitucional em Belarus que possibilitaria o posicionamento de armas nucleares russas no país, disse nesta terça-feira (18) aos jornalistas um alto funcionário do Departamento de Estado americano.

Os exercícios militares conjuntos entre Rússia e Belarus anunciados hoje pelo governo bielorrusso, enquanto as tropas russas chegavam ao país, "vão muito além do normal" e poderiam antecipar uma presença militar russa permanente na ex-república soviética, que envolva forças tanto convencionais como nucleares, advertiu a fonte, que pediu anonimato.

Mais cedo, os Estados Unidos expressaram alarme pela chegada de tropas russas a Belarus, temendo que Moscou estivesse buscando uma nova forma de invadir a Ucrânia.

"O movimento que estamos vendo até Belarus claramente oferece aos russos outra aproximação caso eles decidam realizar mais ações militares contra a Ucrânia", havia dito aos jornalistas uma fonte americana sob condição de anonimato.

Rússia pode atacar Ucrânia "a qualquer momento", previnem EUA¹

Os Estados Unidos advertiram nesta terça-feira (18) para "uma situação extremamente perigosa" na Ucrânia. Segundo Washington, a Rússia poderia estar preparando um ataque iminente na fronteira ucraniana.

Segundo a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, os exercícios militares conjuntos entre a Rússia e Belarus nesta terça-feira mostram uma "nova abordagem dos russos, se decidirem realizar ações contra a Ucrânia". Em caso de ataque, "nenhuma opção está excluída" pelos Estados Unidos, reiterou, sugerindo uma resposta de Washington.

No fim de semana passado, os Estados Unidos já haviam acusado Moscou de ter enviado à Ucrânia agentes encarregados de realizar operações de sabotagem, com o objetivo de criar um pretexto para uma invasão. O tom alarmista por parte do governo americano coincide com o lançamento de uma nova tentativa de diálogo com a Rússia.

Os chefes da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, e da Rússia, Serguei Lavrov, planejam uma reunião em Genebra, na Suíça, na sexta-feira (21). Sob anonimato, uma autoridade americana afirmou que o objetivo de Blinken é tentar "uma saída diplomática" e encontrar "pontos em comum" para convencer o governo russo a recuar na Ucrânia. 

O secretário de Estado americano embarcou nesta terça-feira rumo a Kiev, em um momento em que a Rússia já posicionou soldados na fronteira com a Ucrânia. Em seguida, Blinken irá a Berlim para diálogos com a Alemanha, a França e o Reino Unido sobre a questão.

Vários países europeus vêm expressando sua profunda preocupação com um conflito militar, apesar de Moscou recusar que haja planos de uma invasão no país vizinho.

Rússia quer "respostas concretas"

A Rússia exigiu, nesta terça-feira, "respostas concretas" antes de continuar discutindo sobre a Ucrânia. Na semana passada, três rodadas de negociações – em Genebra, Bruxelas e Viena – não trouxeram resultados concretos. 

Uma das principais exigências do governo russo é que a OTAN ofereça garantias de que não vai se ampliar e integrar a Ucrânia. A Rússia também exige que americanos e seus aliados desistam de fazer manobras e implantações militares na Europa do Leste.

Moscou "agora espera respostas a essas propostas, como nos prometeram, para continuar as negociações", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, nesta terça-feira, durante coletiva de imprensa ao lado de sua homóloga na Alemanha, Annalena Baerbock. 

Para os ocidentais, essas reivindicações são inaceitáveis, embora afirmem estarem dispostos a continuar com as negociações com o goveno russo para evitar um conflito armado. Por outro lado, o Reino Unido anunciou o envio de armamento à Ucrânia, como mísseis anti-tanques, após Kiev ter se queixado que os países ocidentais não pareciam interessados em reforçar sua ajuda militar ao país.

Especulações sobre ataque na Ucrânia

Após uma conversa com Blinken por telefone, Lavrov pediu que "não se propague especulações sobre uma suposta 'invasão russa' iminente", segundo o ministério russo das Relações Exteriores. No entanto, durante a entrevista coletiva junto à ministra alemã das Relações Exteriores, o chanceler russo voltou a rejeitar o apelo dos ocidentais, que querem que Moscou comece a retirar as dezenas de milhares de tropas mobilizadas na fronteira com a Ucrânia, afirmando que esses militares "não ameaçam" ninguém.

"Mais de 100 mil soldados russos, equipamentos e tanques foram mobilizados perto da Ucrânia, sem razão. Fica difícil não ver isso como uma ameaça", respondeu Baerbock.

A preocupação também é grande com a mobilização de soldados russos em Belarus para exercícios "improvisados" de preparação ao combate. O país faz fronteira com Polônia, Lituânia e Letônia, membros da OTAN e adversários da Rússia. 

O vice-ministro russo da Defesa, Alexander Fomin, informou nesta semana a 98 adidos militares estrangeiros radicados em Moscou que essas manobras iriam acontecer, com o objetivo de "repelir uma agressão externa". A primeira etapa, a da mobilização, já começou e vai durar até 9 de fevereiro. A segunda, de operação, vai acontecer de 10 a 20 de fevereiro.

Secretário de Estado norte-americano se reunirá com autoridades russas e ucranianas²

O principal diplomata do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tentará desarmar uma crise com Moscou sobre a Ucrânia quando se encontrar com o chanceler russo em Genebra nesta semana, após visitas a líderes ucranianos em Kiev e a autoridades europeias em Berlim.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, viajará em meio a preocupações da Ucrânia e seus aliados ocidentais sobre as dezenas de milhares de soldados russos reunidos perto da Ucrânia.

"Os Estados Unidos não querem conflito. Queremos paz", disse uma autoridade graduada do Departamento de Estado dos EUA nesta terça-feira.

"O presidente (russo) (Vladimir) Putin tem o poder de tomar medidas para diminuir esta crise para que os Estados Unidos e a Rússia possam buscar um relacionamento que não seja baseado em hostilidade ou crise", acrescentou a repórteres.

A Rússia nega planejar uma nova ofensiva militar, mas fez várias exigências e disse que poderia realizar ações militares não especificadas, a menos que o Ocidente concorde com elas.

Blinken se reunirá com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e com o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, na quarta-feira.

Depois, em Berlim, ele se encontrará com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, e então com autoridades de Reino Unido, França e Alemanha.

Um comunicado do Departamento de Estado informou que as discussões se concentrarão em parte na prontidão entre os aliados para impor "consequências maciças e custos econômicos severos à Rússia".

Blinken se reunirá com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em Genebra, na sexta-feira, para buscar uma saída diplomática com Moscou, disse a autoridade norte-americana.

com agêncis ¹RFI e ²Reuters

 

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