O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, convocou nesta segunda-feira (20) seus aliados a continuar apoiando os esforços da Casa Branca e da oposição venezuelana para por fim à "tirania" do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Durante sua visita a Bogotá, primeira escala de uma viagem pela América Latina e pelo Caribe, Pompeo reativou seu apoio aos opositores de Maduro, liderados por Juan Guaidó, com quem se encontrou em Bogotá nesta segunda-feira.
"O mundo deve continuar apoiando os esforços do povo venezuelano para voltar à democracia e acabar com a tirania de Maduro, que prejudica milhões de venezuelanos e afeta a Colômbia e toda a região", afirmou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos.
"Espero que ações mais permanentes dos Estados Unidos continuem apoiando o presidente Guaidó e o povo venezuelano", disse o Pompeu apos conversar com ao autoproclamado presidente interino da Venezuela, que é reconhecido no cargo por mais de 50 países, liderados por Washington.
Em Caracas, Maduro se referiu a Pompeo como "um homem fantasioso, que se auto-engana, engana, que vive da guerra psicológica, da falsidade, da mentira".
Guaidó chegou no domingo a Bogotá desafiando a proibição de sair da Venezuela imposta por autoridades chavistas.
Antes do encontro com o opositor venezuelano, Pompeo se reuniu com o presidente da Colômbia, Iván Duque, com quem também participou de uma conferência regional sobre a luta contra o terrorismo.
Por mais sanções
O secretário de Estado condenou a "miséria infligida" por Maduro, que provocou o êxodo de milhões de pessoas da Venezuela. Dos 4,6 milhões de venezuelanos que deixaram o país, segundo a ONU, 1,6 milhão estão na Colômbia.
Nesse sentido, destacou o apoio da Colômbia na cruzada americana contra Maduro, cujo governo foi alvo de várias sanções econômicas, incluindo um embargo ao petróleo.
"Me alegra ver a cooperação nos mais altos níveis. Os cidadãos rechaçam o autoritarismo e exigem liberdade. A Colômbia tem sido chave nesta visão democrática" na região, afirmou Pompeo.
Desde que Maduro assumiu pela primeira vez a presidência em 2013, a Venezuela, que possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, sofreu uma forte contração em sua economia.
Mas, apesar da crise política e econômica, dos esforços de Guaidó e das sanções de Washington, Maduro permanece no poder apoiado pelas forças de segurança, bem como por Cuba, Rússia e China.
Em 2019, Guaidó fracassou em sua intenção de depor Maduro, mesmo que afirme ter "tentado de tudo". Sua popularidade caiu de 63% em janeiro para 38,9% em dezembro, segundo o instituto de pesquisa Datanálisis.
Apoio a terroristas
Em seu encontro com Pompeo, o presidente colombiano pediu mais sanções contra a "tirania" da Venezuela por seu apoio a grupos "terroristas" colombianos em seu território.
O governo Duque denunciou insistentemente que os chefes rebeldes do ELN e dos dissidentes das Farc estão na Venezuela, com o suposto apoio de Maduro e de suas autoridades governamentais.
Considerado o último grupo rebelde ativo na Colômbia, o ELN realizou negociações de paz primeiro em Quito e depois em Havana com o Prêmio Nobel da Paz Juan Manuel Santos (2010-2018).
Após sua chegada ao poder, Duque estabeleceu novas condições para continuar as fracassadas negociações. Finalmente, decidiu interromper o processo há um ano, após um ataque com carro-bomba reconhecido pelo ELN contra uma academia de polícia em Bogotá, onde 22 cadetes morreram, além do motorista do veículo.
Nesta segunda-feira, Duque, Pompeo e Guaidó prestaram homenagem às vítimas deste ataque. Durante a instalação da conferência regional, o presidente colombiano chegou a acusar o governo chavista de permitir a entrada na Venezuela de "células" do Hezbollah, o movimento xiita apoiado pelo Irã.
"Ressaltamos o que acabamos de ouvir do presidente (colombiano Iván) Duque. Nosso amigo e aliado Colômbia declarou o Hezbollah como uma organização terrorista. Espero que outras nações tomem medidas semelhantes contra esse grupo e outras organizações terroristas", afirmou.
Pompeo pediu a outros países que mediante "designações livres" bloqueiem o financiamento do terrorismo e denunciem suspeitos nessas atividades.
"Os Estados Unidos fizeram sua parte para eliminar a ameaça dos representantes do Irã. Eliminamos Qassem Soleimani e fortalecemos nossa campanha de pressão máxima de sanções econômicas, isolamento diplomático e dissuasão estratégica. Os Estados Unidos estão entusiasmados ao ver como outras nações também enfrentam Hezbollah e outros grupos terroristas ", acrescentou.
Maduro diz ter controle da Venezuela e estar aberto a negociar com EUA
O d da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que se mantém em seu cargo e que está aberto a negociações diretas com os Estados Unidos – conforme entrevista publicada no sábado (18) pelo jornal "The Washington Post".
Esta foi a primeira entrevista de Maduro a um importante jornal americano desde fevereiro do ano passado, quando expulsou, abruptamente, todos os jornalistas da Univision do país.
"Se houver respeito entre os governos, não importa o quão maior sejam Estados Unidos. E, se houver diálogo, uma troca de informação verdadeira. Então, estejam certos de que podemos criar um novo tipo de relação", disse Maduro ao "Post".
Ele garantiu que está pronto para negociar com Washington o fim das sanções impostas pelo presidente Donald Trump. A medida foi adotado pelos EUA para asfixiar a indústria petroleira venezuelana e obrigar Maduro a deixar o poder.
Se Trump suspender as sanções, as companhias petroleiras americanas poderão se beneficiar enormemente do petróleo da Venezuela, destacou.
"Uma relação de respeito e diálogo traz uma situação, na qual todos ganham. Uma relação de confrontação traz uma situação, na qual todos perdem. Essa é a fórmula", afirmou Maduro.
O presidente venezuelano também manifestou sua disposição a dialogar com o líder da oposição Juan Guaidó, mas pareceu rejeitar a principal demanda do oponente: sua renúncia.