A Polônia enviou tanques de guerra à Ucrânia, afirmou o primeiro-ministro do país, Mateusz Morawiecki, nesta segunda-feira, sem oferecer mais detalhes. A Ucrânia tem pedido repetidamente a países do Ocidente o fornecimento urgente de mais armamentos, especialmente equipamentos pesados, enquanto as forças russas continuam a ofensiva no país.
"Sim", afirmou Morawiecki ao ser perguntado se a Polônia tinha enviado ou enviaria tanques à Ucrânia. Ele se recusou a revelar detalhes adicionais, inclusive sobre o número de tanques enviados. Em março, o governo polonês anunciou que estava pronto para despachar todos os seus jatos MiG-29 até a Base Aérea de Ramstein, na Alemanha, onde os colocaria à disposição dos Estados Unidos, mas a proposta foi rejeitada por Washington.
"Não há tal necessidade, não há exigências ou pedidos do tipo", disse Morawiecki ao ser perguntado se o envio de aviões para a Ucrânia ainda estava sendo avaliado.
Ocidentais se coordenam para acelerar envio de armas à Ucrânia; Alemanha fornecerá Gepards
O governo alemão autorizará a entrega deblindados do tipo "Gepard" à Ucrânia, o que representa uma mudança importante na prudente política de apoio militar de Berlim a Kiev. Os detalhes dessa decisão são discutidos nesta terça-feira (26), em uma reunião convocada pelos Estados Unidos em Ramstein, no oeste da Alemanha. Cerca de 40 países aliados querem acelerar o envio de armas à Ucrânia para enfraquecer a ofensiva russa.
A reunião de ministros da Defesa ocidentais é realizada na base militar americana de Ramstein. No momento em que a Rússia tenta controlar por completo o sul e a região do Donbass, no leste da Ucrânia, esse encontro pretende "gerar capacidades adicionais para as forças ucranianas", declarou o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, na segunda-feira (25), depois de visitar Kiev. O chefe do Pentágono afirmou que a Ucrânia "pode vencer" a Rússia se receber os equipamentos adequados. Os tanques alemães do tipo "Gepard" são especializados em defesa antiaérea.
Os veículos procederiam dos estoques da indústria de defesa da Alemanha. Os detalhes sobre o número exato de tanques que serão fornecidos ao Exército ucraniano são tratados nesse encontro pela ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, tem sido questionado por vários países bálticos e da região central da Europa por sua recusa em enviar armas pesadas solicitadas pela Ucrânia. Os críticos veem em sua atitude uma continuidade do viés pró-russo de seu partido social-democrata SPD.
A França já anunciou o envio de canhões "Caesar" com alcance de 40 km e o Reino Unido doou mísseis antiaéreos "Starstreak" e veículos blindados. Canadá e República Tcheca também estão fornecendo novas armas a Kiev.
O governo alemão tem sido muito pressionado para abandonar a sua política anti-armamento que dura há décadas.
Depois de muita pressão por parte da comunidade internacional, da Ucrânia e mesmo por membros do próprio governo, o chanceler alemão, Olaf Scholz, aceitou (finalmente) enviar tanques às forças armadas ucranianas. A decisão surgiu no contexto das conversas sobre apoio militar à Ucrânia na base norte-americana de Ramstein, na Alemanha, que junta esta terça-feira os líderes militares de 40 países.
A notícia já tinha sido antecipada pelo jornal espanhol ABC, através de fontes do ministério da Defesa alemão, a ministra da Defesa, Christine Lambrecht anunciará que a empresa privada Krauss-Maffei Wegmann (KMW), uma produtora e fornecedora de material bélico, obterá permissão para vender e enviar tanques Gepard para a Ucrânia.
Esta manhã, Lambrecht confirmou a decisão, afirmando que, "perante a guerra e a agressão brutal", a Alemanha afasta-se "da política de contenção sobre a exportação de armas para zonas de conflito, sobretudo para ajudar a Ucrânia". "Não foi fácil, mas foi uma decisão apoiada pela maioria da nossa população", disse a ministra da Defesa da Alemanha.
A KMW também deverá receber autorização do governo federal alemão para vender modelos antigos e restaurados de tanques antiaéreos. O ABC acrescenta que a KMW poderá vender sistemas Panzerhaubitze 2000, um sistema de defesa de fabrico alemão e neerlandês que pode atacar alvos a 40 quilómetros de distância.
Os pedidos de defesa antiaérea são dos mais frequentes por parte dos ucranianos que, apesar de conseguirem contrariar os avanços dos russos em algumas áreas, continuam com um reduzido armamento que permita combater a aviação russa. A governante alemã acrescentou que "Putin pensou que os aliados ocidentais iam dividir-se com a guerra", mas a decisão da Alemanha mostra que "ocorreu exatamente o contrário".
"A coligação diplomática garante resistência e aposta na ordem com base no direito e abarca todo o mundo", afirmou. Fim da neutralidade no armamento? A pressão sobre a Alemanha tem aumentado de dia para dia, com os países da NATO a exigirem que o governo federal alemão ceda e termine com a sua política contra o envio de armas para países terceiros, uma política que tem imperado no país desde a queda do muro de Berlim.
O máximo que a Alemanha fez até agora, além de participar nas sanções contra a Rússia, foi enviar material de proteção para Kyiv. E mesmo no campo das sanções, continua a ser debatida a forte dependência da Alemanha do gás natural russo. No entanto, se uma decisão sobre o envio de armas poderá ser bem recebida pelos aliados dos germânicos, os partidos dentro das fronteiras da Alemanha terão um olhar menos favorável.
O partido socialdemocrata SPD, o partido que lidera o governo e que nomeou o chanceler, é o mais crítico contra o armamento a países terceiros, e o ABC espera que surjam críticas contra o chanceler pela decisão. Mas dentro do próprio governo, Scholz foi pressionado pelos parceiros a agir. Na semana passada, a líder parlamentar do partido liberal FDP, que pertence à coligação no governo, exigiu que Alemanha "tivesse um papel central" na resolução da guerra, através do envio de armas. Já do outro lado da bancada, a CDU, o partido conservador de direita outrora liderado por Angela Merkel e maior partido da oposição, deverá apoiar uma potencial decisão e ficar do lado do principal adversário interno.
Desde o início da invasão da Rússia a 24 de fevereiro, já morreram mais de 2.600 civis ucranianos na guerra, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a agência da ONU alerta que o número real de mortos deverá ser muito superior, tendo em conta o elevado número de civis mortos em cidades bombardeadas e sitiadas pelos russos, e as valas comuns que vão sendo encontradas em cidades após a retirada de tropas.
Alemanha anuncia envio de blindados antiaéreos à Ucrânia
(DW) O governo alemão confirmou nesta terça-feira (26/04) que irá aprovar o fornecimento de 50 blindados de combate antiaéreo do tipo Gepard à Ucrânia, em mais uma reviravolta na abordagem da Alemanha em relação à guerra no leste.
A ministra da Defesa, Christina Lambrecht, anunciou a medida durante a abertura de uma conferência sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia promovida pelos EUA na base americana de Ramstein, na Alemanha.
"Decidimos que a Alemanha possibilitará a entrega de blindados antiaéreos 'Gepard' à Ucrânia", disse Lambrecht, confirmando informações divulgadas pela imprensa alemã.
Os blindados deverão vir dos estoques da empresa de armamento Krauss-Maffei Wegmann (KMW). Originalmente, o Gepard foi desenvolvido para fornecer à Bundeswehr (Forças Aéreas da Alemanha) proteção contra aeronaves de voo baixo e helicópteros de combate e também pode ser usado contra alvos em solo.
Ele foi produzido a partir do início dos anos 1970 e também fornecido para Holanda e Bélgica. A Bundeswehr aposentou o modelo há cerca de uma década. No âmbito da Otan, o sistema de defesa aérea ainda é utilizado pela Romênia.
A disponibilidade por parte da indústria para a entrega dos blindados Gepard para a Ucrânia já estava na mesa, mas ainda esbarrava em considerações práticas, como a falta de munição para o antigo sistema. Segundo o jornal Süddeutsche Zeitung, isso foi recentemente contornado com busca de munições em países que ainda usam o sistema, como o Brasil.
Além do fornecimento de blindados, Berlim afirma que também vai apoiar Kiev dando treinamento a soldados ucranianos na Alemanha, anunciou a ministra da Defesa. "Estamos trabalhando em conjunto com nossos amigos americanos no treinamento de tropas ucranianas em sistemas de artilharia em solo alemão", disse Lambrecht.
Com os dois anúncios, Lambrecht tentou mitigar as duras críticas que a Alemanha vem recebendo em termos de entrega de armas. O governo federal vem sendo criticado há semanas pelo que vem sendo descrito no mínimo como uma atitude hesitante.
Nas últimas semanas, o chanceler federal Olaf Scholz enfrentou crescente pressão por se recusar a enviar armas pesadas diretamente à Ucrânia. O termo "arma pesada" se aplica a todos os tanques e veículos blindados, assim como a artilharia de 100 milímetros ou mais, e a aeronaves e helicópteros.
Oferta de 5 mil capacetes
Berlim passou por uma série de reviravoltas de postura até chegar ao ponto de oferecer blindados pesados à Ucrânia, muitas vezes fazendo anúncios que soaram contraditórios. No final de janeiro, quando a Rússia já havia reunido mais de 100 mil soldados em torno da Ucrânia e os EUA alertavam para uma invasão iminente, a Alemanha somente ofereceu à Ucrânia 5 mil capacetes.
Em outros momentos, Berlim afirmou que não enviaria armas letais à Ucrânia. "Nos últimos anos, o governo alemão decidiu repetidamente não fornecer armas letais. Há razões para isso, que naturalmente também se baseiam em todos os desenvolvimentos dos últimos anos e décadas", disse em uma ocasião o chanceler federal Olaf Scholz.
"Ponto de virada" na política de defesa alemã
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Alemanha reverteu a política de longa data de não enviar armas para zonas de conflito, e Scholz anunciou um "ponto de virada" na política de defesa alemã.
A Alemanha anunciou que enviaria à Ucrânia mil armas antitanque, 500 mísseis terra-ar Stinger, cerca de 2.700 mísseis antiaéreos Strela e munições, bem como algumas metralhadoras, granadas e minas.
Berlim também aprovou pedidos de outros países (Estônia, República Tcheca) para enviar algumas armas da antiga Alemanha Oriental, da era soviética, para a Ucrânia, incluindo blindados.
De acordo com informações da imprensa, a Alemanha também acordou uma troca de equipamentos com a Eslovênia. O pequeno país enviaria um grande número de seus tanques de batalha da era soviética T-72 para a Ucrânia, e a Alemanha enviaria, então, vários tanques Marder e Fox como substitutos para a Eslovênia.
No entanto, o governo alemão continuava recusando todos os pedidos ucranianos de envio direto de equipamentos militares pesados de fabricação alemã.
Na última sexta-feira, Scholz até reiterou publicamente sua oposição ao envio de tanques mais modernos para a Ucrânia por temor de uma escalada que poderia provocar uma reação ainda mais agressiva da Rússia.
A nova decisão de fornecer os tanques Gepard foi tomada em uma reunião do governo a portas fechadas na segunda-feira, disse a ministra Christine Lambrecht.
Um porta-voz do Ministério da Economia alemão, encarregado de aprovar as exportações de armas, não forneceu uma resposta imediata sobre se a aprovação do envio dos Gepard significava a possibilidade de o governo Scholz também aprovar outros pedidos da indústria para vender tanques alemães para a Ucrânia.