O setor elétrico nacional passa por um acelerado processo de modernização, impulsionado pelas novas tecnologias, planejamento, diversificação de fontes e maior sinergia entre poder executivo, Congresso Nacional, órgãos de controle, agentes do setor e sociedade. Esse cenário ajudou o País a superar, em 2021, a maior crise hídrica da história, assegurando ao sistema estabilidade e segurança.
A afirmação foi feita pelo diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, almirante Anatalicio Risden Junior, na abertura do XV Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e Expansão Elétrica (Sepope), nesta terça-feira (15), em Foz do Iguaçu (PR).
O evento é organizado pelo Cigré-Brasil, com apoio institucional da Itaipu, e segue até sexta-feira (18), reunindo representantes de conselhos regulatórios, órgãos de planejamento, operadores do sistema, indústria, universidades, consultores e centros de pesquisa.
É considerado um dos mais importantes do segmento no País. De acordo com almirante Risden, “tivemos [em 2021] um minucioso planejamento, coordenação, transparência e muito trabalho, e conseguimos superar essa conjuntura desafiadora por meio de decisões tomadas, que se mostram acertadas”.
O diretor-geral brasileiro mencionou ainda a última atualização do Plano Decenal de Expansão de Energia, lançado pelo Empresa de Pesquisa Energética (EPE), sob orientação do Ministério de Minas e Energia, que prevê crescente participação das fontes renováveis (como solar e eólica) na matriz elétrica brasileira.
Neste contexto, segundo ele, é cada vez maior a necessidade de ampliar o diálogo entre os diferentes agentes do sistema. “Se por um lado [as novas fontes] trazem diversificação e menores custos, por outro acompanham consigo grandes desafios ao planejamento. Com menor participação das hidrelétricas, hoje não temos que garantir apenas o atendimento energético da carga do País, mas também a confiabilidade elétrica e o atendimento à demanda.”
O diretor-geral ressaltou a contribuição da Itaipu para a desoneração tarifária, com aportes à Conta de Comercialização da binacional, gerida pela Eletrobras, e o investimento de mais de R$ 1 bilhão para a revitalização do sistema de Corrente Contínua de Alta Tensão (HVDC) de Furnas, “que escoa a nossa energia sem onerar a tarifa paga pelos consumidores”.
Destacou ainda o processo de atualização tecnológica das unidades geradoras. O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Christiano Vieira da Silva, representando o ministro Bento Albuquerque, disse que o processo de transição energética produz diferentes impactos em todos os países, especialmente para o conjunto da economia global.
“Não é por acaso que o Brasil é tido como um país líder no tema transição energética”, indicou, mencionando que as fontes limpas e renováveis são responsáveis por quase 50% do fornecimento total de energia do Brasil, ante menos de 20% da média mundial.
“O governo tem procurado fazer a sua parte com a construção de um ambiente de negócios estável e favorável a investimentos.” O diretor de Geração da Eletrobras, Pedro Luiz de Oliveira Jatobá, também presente na abertura do simpósio, reforçou a importância do planejamento em ambiente de transição energética e a necessidade da construção de soluções compartilhadas.
“Eventos como o Sepope são uma oportunidade rica de ampliar o conhecimento, intercambiar experiências e tirar as pessoas um pouco do isolamento que nós tivemos nos últimos dois anos. E, efetivamente, compartilhar e construir uma visão conjunta e cooperada sobre as alternativas que nós temos pela frente”.
Evento presencial
Realizado no Bourbon Cataratas do Iguaçu Resort, o Sepope é o primeiro evento presencial organizado pelo Cigré-Brasil desde o início da pandemia de covid-19, lembrou o diretor técnico da entidade, Iony Patriota. Também participaram da abertura o diretor técnico executivo da Itaipu, David Krug; o diretor administrativo-financeiro do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), Flaviano da Costa Masnik; o presidente da Thymos Energia, João Carlos Mello – entre outras autoridades do setor elétrico brasileiro.
A programação continua nesta quarta-feira (16) e segue até sexta (18). Estão previstas 19 sessões técnicas, divididas em mais de 80 apresentações. Também foram agendados três painéis de discussão para tratar sobre Planejamento a médio e longo prazo, Aspectos operativos e comercialização de energia e Novos desafios e Evolução Tecnológica em geração, transmissão e distribuição.
Haverá ainda apresentação de artigos (invited papers) e trabalhos técnicos, com ênfase nos temas planejamento e operação de sistemas e outros aspectos tecnológicos, como técnicas computacionais avançadas aplicadas ao setor, integração de ferramentas de simulação e mercado de energia.