Vários grupos palestinos convocaram nesta quinta-feira, dia de relativa calma, uma "sexta-feira da Revolução", com manifestações após a tradicional oração muçulmana semanal, em meio à onda de ataques com facas e crescente violência que tem causado pânico em Israel.
Sete israelenses e 30 palestinos, incluindo vários supostos autores de ataques com facas, foram mortos nos incidentes registrados esta semana, enquanto cerca de 30 outros palestinos ficaram feridos em confrontos com as forças de segurança israelenses.
Frente a esta crise, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, expressou sua disposição para se reunir com o líder palestino Mahmud Abbas.
"É o momento de o presidente Abbas parar de justificar, mas também de incentivar a violência", declarou Netanyahu a repórteres.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, apelou por sua vez na quarta-feira para formas pacíficas de resistência, um chamado que corre o risco de ser ignorado pelos jovens palestinos fartos da ocupação israelense e da falta de progressos nas negociações para a criação de um Estado palestino.
A onda de violência intensificou-se a partir de 1º de outubro, quando supostos membros do movimento islâmico Hamas mataram um casal de colonos judeus na Cisjordânia, na presença de seus filhos.
"Este não é o resultado de uma onda maciça de assentamentos, porque não houve uma onda maciça de assentamentos", considerou Netanyahu nesta quinta.
Palestinos incendeiam templo judaico na Cisjordânia¹
Dezenas de palestinos jogaram bombas incendiárias num local de culto judaico na Cisjordânia na madrugada desta sexta-feira (16/10), em meio à convocação de um "dia de fúria" contra Israel feita pelo Hamas, após mais de duas semanas de violência intensa.
Forças de segurança palestinas conseguiram apagar o fogo na chamada Tumba de José, localizada na cidade de Nablus, pela manhã. Cerca de cem pessoas teriam invadido o local, segundo o Exército de Israel, que classificou o ataque como "um ato desprezível" de profanação.
Palestinos convocaram uma "sexta-feira de revolução" contra Israel. O Hamas, que controla a Faixa de Gaza, convocou demonstrações de "raiva e confrontação" em todas as cidades da Cisjordânia para esta sexta-feira.
Forças de segurança israelenses começaram na quarta-feira a instalar postos de controle em bairros de Jerusalém Oriental , e mais de 600 soldados começaram a controlar acessos a bairros árabes da cidade, epicentro da onda de violência que elevou temores de uma nova Intifada.
O atual conflito, o mais grave em anos, foi iniciado em parte pela ira dos palestinos sobre o que eles veem como uma invasão judaica da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, local que também é considerado sagrado pelos judeus. Israel afirma estar mantendo o status quo no complexo religioso.
Ao longo do último mês, oito israelenses foram mortos em ataques perpetrados por palestinos, a maioria por esfaqueamento. Ao mesmo tempo, 31 palestinos foram mortos por forças israelenses, incluindo 14 rotulados como agressores e os demais em conflitos com tropas de Israel, segundo a agência de notícias AP. Já a Reuters contabilizou sete judeus e 32 palestinos mortos.
Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança da ONU fará uma reunião extraordinária nesta sexta-feira para discutir a violência em Israel. Não está prevista uma resolução, mas pode haver a tentativa de fazer com que o conselho emita uma declaração pedindo que ambos os lados cessem a violência, segundo diplomatas citados pela agência de notícias Reuters.
Stephane Dujarric, porta-voz da ONU, disse nesta quinta-feira que o secretário-geral Ban Ki-moon aponta que o "aparente uso excessivo de força por forças de segurança israelenses é preocupante e exige uma revisão, uma vez que só serve para agravar a situação, levando a um ciclo vicioso de derramamento de sangue desnecessário".
Os Estados Unidos, aliados de longa data de Israel, costumam barrar declarações do Conselho de Segurança em condenação a ações israelenses contra palestinos, apesar de criticarem ambos os lados. No entanto, o porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, disse nesta semana que, ao mesmo tempo em que Israel tem o direito de se proteger, há relatos "do que pode ser considerado uso excessivo da força". Declarações do Conselho de Segurança precisam ser aprovadas por unanimidade.
¹com Deutsche Welle