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OTAN e UE vão buscar novo acordo para deter Rússia e reduzir gastos

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a União Europeia irão declarar formalmente um pacto de cooperação na cúpula da entidade em julho em Varsóvia, disseram autoridades, superando décadas de confusão e desconfiança sobre a maneira de proporcionar segurança para além das fronteiras da Europa.

Forçadas a se aproximar pelos temores de um ataque cibernético da Rússia, uma crise imigratória na Europa e Estados problemáticos na vizinhança europeia, as autoridades dizem que os desafios exigem tanto uma resposta militar quanto uma abordagem de segurança mais amena, combatendo o dogmatismo e fornecendo treinamento para estabilizar governos.

"Se acontecesse um ciberataque russo, não iríamos querer passar duas semanas em reuniões discutindo o que cada um de nós deveria fazer", disse um funcionário da defesa da UE que coopera intensamente com a OTAN.

Embora os planos conjuntos ainda estejam sendo acordados antes da reunião na Polônia, o pacto pode fazer com que os contribuintes, que atualmente pagam a conta dupla de planejamentos militares da UE e da OTAN, não tenham mais que arcar com despesas redundantes para objetivos em comum.

Para enfatizar a cooperação, a Finlândia e a Suécia, que não são membros da OTAN, participaram de uma sessão de chanceleres da aliança nesta sexta-feira na sede da OTAN com seu secretário-geral, Jens Stoltenberg, e a representante de política externa do bloco, Federica Mogherini.

Mas, embora 22 dos 28 membros da Otan também pertençam à UE, as duas instituições enfrentam limitações no tocante ao que podem fazer juntas devido às tensões territoriais entre a Turquia e a Grécia, que restringem o compartilhamento de informações.

Cooperação de segurança com países parceiros vizinhos¹

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, anunciou nesta quinta-feira (19), em coletiva de imprensa realizada após a reunião de chanceleres da OTAN, que a entidade decidiu reforçar a cooperação de segurança com os países parceiros vizinhos, em busca de estabilidade das regiões vizinhas fora da Otan.

Segundo Jens Stoltenberg, a OTAN tem de reforçar o auxílio às nações parceiras no desenvolvimento da defesa, a fim de salvaguardar a segurança e atacar extremistas através de treinamentos. A convite do primeiro-ministro iraquiano, Haider al Ibadi, a OTAN treinará os soldados e oficiais iraquianos no território do país. Além disso, os chanceleres da OTAN concordaram em enviar, o mais rápido possível, um grupo de avaliação ao Iraque.

Na ocasião, os chanceleres da OTAN discutiram o apoio à aliança internacional para combater o "Estado Islâmico", as ajudas para o estabelecimento do órgão de defesa nacional e de segurança da Líbia e a expansão de ações antiterroristas no Mediterrâneo.

Sistema antimíssil na Romênia²

No último dia 12 de maio, os Estados Unidos da América (EUA) inauguraram na cidade de Deveselu, na Romênia, o sistema antimíssil Aegis Ashore, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), visando a proteção da Europa contra possíveis ameaças de mísseis balísticos. O Projeto do Escudo Antimíssil da OTAN foi lançado em meados de 2010, durante uma reunião da cúpula em Lisboa. O Projeto baseia-se essencialmente em tecnologia estadunidense e visa de forma gradual estabelecer radares e interceptores de mísseis no leste europeu.

O sistema implementado na Romênia faz parte da segunda fase do projeto. A primeira diz respeito à implementação de um radar na Turquia e de capacidades de defesa antimísseis na Rota, próximo ao Estreito de Gibraltar, na Espanha. A implementação do sistema na Romênia iniciou em 2013 e teve custo estimado em US$ 800 milhões, sendo constituído por mísseis interceptores tipo SM-2.

As operações devem iniciar em uma base estabelecida na época da União das Repúblicas Socialista Soviéticas (URSS), a cerca de 177 km (110 milhas) da capital romena, Bucareste. De acordo com Jens Stoltenberg, Secretário-Geral da OTAN, o sistema Aegis Ashore representa um avanço nas capacidades europeias e irá melhorar a defesa antimíssil da OTAN contra os possíveis ataques de mísseis de curto e médio alcance.

Desde 2010, os Estados Unidos tem apresentado o sistema de defesa como proteção frente à República Islâmica do Irã. No entanto, a Rússia vem apontando para o sistêmico avanço da OTAN sobre a região fronteiriça do país. Segundo declarações de Dmitry Peskov, Porta-Voz do Kremlin, a implementação do atual sistema de defesa de mísseis representa uma ameaça à segurança russa.

Nessa mesma perspectiva, Vladimir Komoyedov, Presidente do Comitê de Defesa da Duma de Estado, ressaltou que os sistemas de defesa que vem sendo implementados não dizem respeito ao Irã, mas sim à Rússia, chamando a atenção para os locais de implementação do projeto. Já Alexandre Grouchko, representante da Rússia na OTAN, também mostrou-se receoso em suas declarações, afirmando que não está convencido que o sistema não visa a Rússia.

Em contrapartida, Stoltenberg argumentou que o sistema implementado na Romênia, assim como a terceira fase do projeto que será construído na Polônia e concluída até 2018, não oferecem riscos para a Rússia. Ainda, segundo o Secretário-Geral da OTAN, os interceptadores estão localizados na região ao sul do país ou em regiões muito próximas da Rússia, o que, conforme Stoltenberg, dificulta a ações de interceptação de mísseis balísticos intercontinentais provenientes da Rússia.

Para Klaus Iohannis, Presidente da Romênia, para que haja maior segurança dos membros da OTAN, particularmente os que se encontram no leste europeu, é necessária a implementação de uma Força Naval permanente no Mar Negro, protegendo-os de possíveis ameaças oriundas das fronteiras com o Oriente Médio, ou ainda da Rússia. Segundo Iohannis, essa força deverá respeitar as convenções que regem o Mar Negro, mas, tendo em vista que essa é a única via marítima russa para os chamados mares quentes, tal declaração acentua ainda mais as tensões na região.

¹com China Radio International (CRI)
²com
Jessika Tessaro / CEIRI Newspaper 

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