O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, considera que o "aumento recente de casos de covid-19 e o surgimento da variante ômicron representam riscos de queda para o emprego e a atividade econômica e aumentam a incerteza sobre a inflação". Powell, a quem Joe Biden deu um novo mandato à frente do Fed, acredita, ainda que "os fatores que impulsionam a inflação para cima vão persistir no ano que vem", segundo discurso que dará na terça de manhã na comissão bancária do Senado e que foi publicado nesta segunda-feira (29).
"Uma maior preocupação com o vírus poderia reduzir a vontade de trabalhar presencialmente, o que frearia o avanço do mercado de trabalho e intensificaria os problemas na cadeia de abastecimento", acrescenta.
Os problemas de abastecimento causaram escassez de vários produtos que, somada a uma demanda em crescimento, contribuíram para acentuar os aumentos de preços. Powell advertiu que a inflação está "bem acima" da meta de 2% do organismo.
A inflação alcançou em outubro 5% em 12 meses, seu nível mais alto desde 1990, segundo o índice PCE do Departamento de Comércio. "Os problemas na cadeia de abastecimento dificultaram aos produtores responder a uma demanda robusta. O aumento dos preços da energia e aluguéis também está impulsionando a inflação", acrescentou. Embora o Fed continue considerando que a "inflação se moverá significativamente para baixo no ano que vem", Powell admite que a tendência é "difícil de prever".
Powell e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, estarão terça e quarta-feira no Congresso perante a comissão bancária do Senado e a de Serviços Financeiros da Câmara de Representantes.
Fauci diz que novas restrições nos EUA devido à ômicron são improváveis
Os Estados Unidos dificilmente imporão restrições adicionais em reação à chegada esperada da variante ômicron da Covid-19, disse o maior especialista em doenças infecciosas do país nesta segunda-feira depois de o início de proibições de viagens a alguns países do sul da África.
O doutor Anthony Fauci disse que, embora as autoridades estejam se preparando para o primeiro caso confirmado da variante nos EUA, as vacinas continuam sendo uma das maiores ferramentas para atenuar seu impacto.
Horas antes, uma decisão norte-americana impediu o ingresso da maioria dos viajantes de oito países do sul africano na tentativa de refrear a transmissão e dar aos especialistas mais tempo para avaliar a ômicron, incluindo sua gravidade, transmissibilidade e impacto sobre as vacinas.
Indagado se outras restrições são iminentes, Fauci disse no programa "Good Morning America", da rede ABC News: "Não penso isso de jeito nenhum." A maior parte dos EUA se isolou no início de 2020, no início da pandemia, e outras medidas, como máscaras e exigências de vacinação, tornam-se politicamente polarizadoras, apesar de especialistas de saúde louvarem sua eficácia.
"Obviamente, estamos em alerta elevado", disse Fauci, o principal conselheiro médico de Biden, à ABC News. "É inevitável que, mais cedo ou mais tarde, ela (ômicron) se dissemine amplamente."