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Obama acusa China de ciberataques e promete ‘conversa séria’ com Pequim

Denise Chrispim Marin


Em uma clara advertência a Pequim, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acusou ontem o governo da China de patrocinar parte dos recentes ciberataques lançados contra empresas e bancos americanos. Embora tenha cuidadosamente acrescentado ser preciso evitar a "retórica da guerra", Obama insistiu na necessidade de o governo chinês respeitar as regras internacionais.

O presidente adiantou que seu governo terá uma "dura conversa" com a equipe do presidente Xi Jinping sobre o assunto. "Há uma grande diferença entre eles estarem engajados em espionagem cibernética ou ciberataques e, obviamente, uma guerra de verdade. É absolutamente verdade que houve um aumento das ameaças à segurança cibernética. Algumas são patrocinadas por Estados. Outras, apenas por criminosos", afirmou Obama, em entrevista à rede de TV ABC News.

"Nós deixamos muito claro para a China e para alguns outros Estados autores (de ciberataques) que esperamos deles o respeito às normas internacionais. Nós vamos ter algumas conversas muito duras com eles. Nós já tivemos antes", completou o presidente.
As declarações de Obama são o ponto alto uma guerra verbal sobre o assunto. No dia 9, o ministro de Relações Exteriores da China, Yang Jiechi, rejeitou as evidências apresentadas pelos Estados Unidos sobre ciberataques promovidos por seu país contra empresas americanas.

Fogo cruzado. O jornal New York Times foi uma das vítimas, logo depois de ter publicado uma reportagem sobre suposto enriquecimento ilícito da família do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, emjaneiro. Wen está de saída do cargo para dar lugar a Li Keqiang.

Após a publicação do material, em outubro, o site do jornal sofreu ofensivas sistemáticas e ficou inacessível por um longo período na China. "O espaço cibernético não precisa de guerra, mas de regras e de cooperação. Nós somos contrários a tornar esse espaço um novo campo de batalha. Somos contra o uso da internet como um novo instrumento para interferir nos assuntos internos de outro país", afirmou o chanceler chinês durante o Congresso Nacional do Povo, realizado em Pequim.

A resposta veio no discurso do conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Tom Donilon, diante de uma conferência da Asia Society, em Nova York, no dia 11. Pela primeira vez, uma autoridade do governo Obama adotou um tom de confronto com a China e a acusou diretamente pelos crimes. Donilon insistiu não ser mais possível para a comunidade internacional tolerar tal comportamento.

"Cada vez mais, empresas americanas estão expressando séria preocupação com o sofisticado e pontual roubo de informações sobre negócios e propriedade de tecnologia por meio de invasões cibernéticas da China em uma escala sem precedentes."

Defesa. Obama, ontem, acentuou a cobrança à China por pressão do setor empresarial e do Congresso americano. Estudo elaborado por uma empresa de seguros do país, cujo nome foi mantido em sigilo pelo governo, estimou perdas de dezenas de bilhões de dólares ao ano em razão dos ataques. No dia 12, o Comitê de Inteligência do Senado promoveu um debate de sobre o tema.

O diretor de Inteligência Nacional dos EUA, James Clapper, afirmou na ocasião que os especialistas em segurança já não estão conseguindo mais acompanhar a velocidade de desenvolvimento dos sistemas eletrônicos de informação.

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