Onde quer que estejam, os jihadistas britânicos não poderão nunca mais voltar a seu país de origem, tudo deve ser feito para evitar seu retorno, declarou recentemente o ministro da Defesa do Reino Unido, Gavin Williamson.
Por esse motivo, esses combatentes estariam sendo observados atentamente na Síria e no Iraque. "Precisamos garantir que eles se espalhem pela Síria, Iraque e outras regiões. Continuaremos a persegui-los por lá", afirmou o Williamson. "Um terrorista morto não tem mais como prejudicar o Reino Unido."
Essas palavras francas do ministro expressam uma preocupação que vem ocupando cada vez mais as autoridades de segurança europeias nas últimas semanas: para onde estão indo os combatentes da organização terrorista "Estado Islâmico" (EI), depois que foram derrotados tanto na Síria quanto no Iraque? Os ministérios de Defesa de ambos os países confirmaram oficialmente o fim do EI.
"A libertação de Deir ez-Zor finaliza a eliminação da organização terrorista EI", comunicou o Ministério da Defesa sírio. "Com a derrota, o EI perdeu completamente sua capacidade de coordenar a operação terrorista de seus diversos grupos, que agora estão isolados e cercados em áreas rurais ao redor da cidade".
Por sua vez, o Ministério iraquiano da Defesa disse ter informado aos demais combatentes que eles só teriam duas opções: "ou morrem ou se entregam às nossas heroicas forças de combate".
Rumores de acordo entre EUA e EI
O tom confiante das declarações, no entanto, não esconde o fato de que não se sabe quantos combatentes do EI da Síria e do Iraque conseguiram escapar e para onde fugiram. As afirmações de Talal Silo, ex-comandante oposicionista das Forças Democráticas da Síria, provocaram confusão e desentendimento nas últimas semanas.
Segundo a agência de notícias Reuters, depois da conquista da cidade síria de Raqqa, "milhares" de combatentes do EI puderam deixá-la. E não só: através de uma mensagem secreta, os EUA teriam concordado expressamente com sua libertação. Washington logo desmentiu, declarando que as afirmações de Silo seriam "falsas e inventadas". Não se negocia com terroristas, afirmaram os militares dos EUA.
Recentemente a emissora BBC citou um motorista supostamente filiado ao EI. Ele falou de um comboio do EI de sete quilômetros de extensão, com cerca de 50 caminhões, 13 ônibus e mil carros, carregados de combatentes e munições.
Não é possível determinar com certeza quantos terroristas do EI fugiram, nem o seu paradeiro. O governo em Ancara expressou temores de que alguns estejam na Turquia, e uma parte também poderia ter fugido para o Afeganistão.
"É bem provável que jihadistas britânicos das alas do EI na Síria e no Iraque tenham partido para o Afeganistão", observou Kyle Orten, do think tank britânico Henry Jackson Society. Segundo fontes afegãs, jihadistas franceses também se encontrariam atualmente no país.
Ameaça "aumentou dramaticamente"
Atualmente os serviços europeus de inteligência se preparam para um possível retorno de jihadistas da Síria e do Iraque. A consequente ameaça "aumentou drasticamente", disse em meados de outubro Andrew Parker, chefe do serviço secreto britânico MI 5.
"O perigo é multidimensional, evolui rapidamente e numa escala que desconhecíamos até agora." Parker diz estar preocupado porque, quando mais evolui, mais difícil de descobrir se torna a ameaça.
"O perigo está mais diversificado do que nunca. Alguns planos são arquitetados no Reino Unido, outros são coordenados a partir de além-mar. Alguns são extremamente complexos, outros são simples ataques a faca. Alguns atentados são planejados a longo prazo, outros são espontâneos. São extremistas de todas as idades, todas as camadas sociais e de ambos os sexos. Eles estão unidos apenas pela ideologia venenosa de uma vitória violenta."
Preocupações também na Alemanha
Também na Alemanha, potenciais repatriados preocupam as autoridades de segurança. A atenção recai especialmente sobre menores de idade que partiram com seus pais para as zonas de combate.
"Vemos o perigo de que os filhos de jihadistas retornem das regiões de combate para a Alemanha, socializados no islã e doutrinados nesse sentido", advertiu em meados de novembro o chefe do serviço secreto doméstico alemão BfV, Hans-Georg Maassen. "Assim, uma nova geração de jihadistas também poderia crescer aqui."
De acordo com o BfV, um total de mais de 950 radicais islâmicos partiu da Alemanha para a Síria e o Iraque. Um quinto deles seriam mulheres, e 5% menores de idade, informou o BfV, acrescentando que por volta de um terço desses radicalizados já teria retornado ao país. O BfV calcula haver atualmente na Alemanha 1.870 radicais islâmicos violentos.