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O Mercosul aos amigos

Reeleito no domingo (7), o presidente Hugo Chávez convidou a Bolívia e o Equador para ingressarem no Mercosul, numa das primeiras declarações sobre política externa após conquistar o quarto mandato. Os dois países, atualmente membros associados, já vêm negociando suas adesões ao bloco. Mas, desde que a Venezuela, que presidirá o Mercosul em 2013, tornou-se o quinto membro pleno em julho passado, o líder bolivariano tem feito uma defesa recorrente da medida.

– Ontem perguntei a (Rafael) Correa e Evo (Morales) se têm interesse. Seria muito positivo, Equador, Bolívia e outros, que continuem se incorporando (ao Mercosul) – disse o presidente venezuelano ontem, durante sua primeira coletiva após a reeleição, ao responder uma pergunta sobre o contexto político na América do Sul.

Socialistas, os governos boliviano e equatoriano são, na região, os mais ideologicamente próximos hoje de Chávez. O presidente atribuiu a integração regional à predominância do que chamou de governos de esquerda:

– O Mercosul não existiria hoje se tivessem aprovado a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). A Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos, que abriga os 33 países das américas do Sul, Central e do Caribe) também não. Creio que sem Lula, sem Dilma, sem Néstor (Kirchner, ex-presidente da Argentina), sem Cristina (Kirchner, atual argentina), sem Evo, sem Rafael, sem Tabaré (Vázquez, ex-presidente do Uruguai) e Pepe (José Mujica, presidente do Uruguai) e demais companheiros, essa integração que está nascendo seria impossível.

Chávez defendeu ainda a controversa inclusão da Venezuela no Mercosul, que só ocorreu após a suspensão do Paraguai em razão do impeachment do presidente Fernando Lugo, em junho passado.

– Não temos dúvida de que o ingresso da Venezuela fortalecerá o Mercado Comum do Sul. Foi um triunfo também do Mercosul, do ponto de vista geográfico, político e democrático.

 
Capriles: "esse é um jogo para o futuro"

Apenas cinco perguntas foram permitidas na coletiva. Convalescente de câncer, Chávez também deu sinais de que pretende trocar, novamente, de vice-presidente. Elías Jaua, que ocupa o cargo desde 2010, teve reafirmada a sua candidatura a governador de Miranda. O opositor Henrique Capriles, que já governou o estado, deve anunciar em breve sua decisão de concorrer a um novo mandato em Miranda, nas eleições de dezembro.

– (Capriles) parece agora que quer chegar ao governo de Miranda novamente. Agora vai ter que disputar com Elías. Deixo ele para você, Elías, candidato a governador de Miranda. Tenho certeza de que vamos ganhar – ironizou o presidente.

A Constituição venezuelana prevê que, se o presidente tiver de deixar o cargo nos primeiros quatro anos do mandato, são convocadas novas eleições. Caso a falta ocorra nos dois anos finais, o vice-presidente assume. O cargo foi esvaziado pelo personalismo do líder bolivariano, mas ganhou novo fôlego em razão das dúvidas sobre o real estado de seu saúde do presidente.

Ontem, Chávez fez um contraponto à afirmação de Jaua, um dia antes, de que o governo pretende acelerar as expropriações de empresas privadas. Ele garantiu que "é totalmente falso que queira acabar com a propriedade privada" e reiterou que dialogará com os opositores, à sua maneira.

Henrique Capriles, que na véspera recebera uma ligação do presidente, afirmou ontem esperar que "os gestos passem a ações", ressaltando não querer que haja "presos políticos ou exilados" no país. O ex-governador de Miranda pediu aos seus seguidores que não caiam no radicalismo e indicou que deve continuar a liderar a oposição.

– Creio que esse seja um jogo para o futuro e ainda está começando. Em 14 anos, o governo conseguiu 8 milhões (de votos), com tudo o que fizeram. Nós conquistamos mais de 6 milhões em três meses – disse. – Existem pessoas que cedem às chantagens do governo, outras acreditam em seu projeto. Meu trabalho é conquistar essas pessoas.

O candidato opositor descartou irregularidades no processo eleitoral.

– Aqui não houve fraude. Se alguma coisa colocasse em dúvida os resultados, eu seria o primeiro a dizer. Mas uma coisa é o processo eleitoral em si e outra o que tivemos que lidar para chegar aonde chegamos. Por que não nos propomos a ganhar em todas as prefeituras? Estou otimista – afirmou.

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