Guilherme Dias
LUSO MONITOR (Portugal)
Moçambique vai ter novos aviões militares feitos no Brasil. A cooperação militar brasileira também se dispõe a reabilitar as escolas navais moçambicanas. Mais sinais da expansão da zona de influência se Segurança e Defesa no Atlântico Sul, envolvendo os países lusófonos.
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Governo de Madri aumenta a presença de seus navios de guerra na costa ocidental africana, e se insinua como garantidor da segurança da navegação na região, posto que o Brasil também almeja
O ministro de Estado e da Defesa brasileiro, Celso Amorim, esteve recentemente em Maputo, depois de uma passagem por Cabo Verde. Na mala, trazia o alargamento da cooperação militar com Moçambique a quase todos os secores e aprofundar a já existente, segundo a newsletter Africa Monitor.
No setor naval, foi acertada a reestruturação das bases navais de Pemba, Beira e Maputo. Também com apoio brasileiro, a Escola Naval de Pemba vai sofrer reformas, e a formação de oficiais nas escolas náuticas brasileiras será reforçada. Também acordada foi a participação activa de meios brasileiros no esforço de vigilância e fiscalização marítima.
Um relatório recente do SAIIA (Instituto Sul-Africano de Negócios Internacionais), um think tank não-governamental, veio analisar a tendência crescente do Brasil de se fortificar no espaço do Atlântico Sul. Sendo o país com maior costa atlântica, estendendo-se esta por 7491 quilómetros, foi desde a descoberta das novas jazidas que o Brasil começou a reforçar atenções militares na região.
A maior potência regional está a criar uma “cintura de boa vontade” envolvendo a costa Atlântica africana, tendo em vista a defesa comum de uma região que inclui Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau. Brasília, refere o documento, não só tem estabelecido inúmeras parcerias com os países africanos de costa atlântica, como tem aumentado a capacidade da sua marinha e fortificado a sua presença internacional no que diz respeito aos assuntos de segurança da região.
Segundo o relatório, esta intensificação da defesa é motivada em parte pelo crescente interesse de outros países na região, como a Rússia e a China. Embora o Brasil não os veja necessariamente como ameaças.
A “nova” Força Aérea moçambicana
No encontro com Celso Amorim, relata o Africa Monitor, as autoridades moçambicanas manifestaram a intenção de adquirir à Embraer aviões de ataque ao solo Embraer EMB-314 Supertucano. Isto depois de o Brasil ter doado recentemente à Força Aérea de Moçambique 3 avões Tucano, de treino EMB-312, ainda não entregues.
A entrega dos Tucano, refere a mesma fonte, vem sendo protelada por falta de pilotos. O novo avião do Ministério da Defesa, é operado por pilotos requisitados à LAM. Os pilotos militares são formados na Academia Samora Machel por instrutores portugueses. Mas o número dos candidatos que terminam os cursos com aproveitamento é considerado diminuto face às necessidades.
No ramo do Exército, o Brasil comprometeu-se a contribuir para a reorganização de serviços de apoio, entre os quais a engenharia militar e saúde militar. Nas conversações, considerou-se que a cooperação militar entre os dois países atingiria em breve expressão suficiente para elevar o seu nível, razão pela qual Moçambique deverá em breve nomear um adido militar para a sua embaixada em Brasília.