O general de divisão Edson Leal Pujol assume na noite desta quarta-feira o comando da força militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). Ele vai substituir o general de brigada Fernando Rodrigues Goulart, também brasileiro, que estava à frente da tropa desde março do ano passado.
Pujol é o nono general brasileiro a assumir o cargo, já que o Brasil comanda a força militar da Minustah desde que a missão foi criada em 2004. A exceção foi um período de poucos dias, em janeiro de 2006, quando as tropas ficaram sob comando interino de um general chileno, logo após a morte do general brasileiro Urano Bacellar.
O general deverá ficar no cargo por um ano e terá como missão o comando de mais de 6 mil militares de 19 países que integram a missão. Durante seu mandato, será feita a redução do efetivo brasileiro, dos 1.910 militares atualmente empregados no país caribenho para 1.450.
De acordo com o Ministério da Defesa, com a redução do efetivo, os dois batalhões de infantaria do Exército serão reagrupados em um só, na base militar de Campo Charlie, na localidade de Tabarre, periferia da capital haitiana, Porto Príncipe.
O general ocupava a chefia do Centro de Inteligência do Exército antes de ser indicado para a tarefa. A troca de comando deve ocorrer às 20h de hoje (horário de Brasília), em Porto Príncipe.
Brasil faz balanço de estratégias para reestruturar saúde no Haiti
O governo brasileiro apresentou nesta quarta-feira um balanço do que foi feito no setor da saúde, três anos após o forte terremoto que devastou o Haiti em janeiro de 2010. Uma das ações trata da reconstrução de dois laboratórios especializados, inaugurados em novembro do ano passado. Os recursos brasileiros para financiar a estratégia, de acordo com a pasta, totalizaram R$ 1 milhão e foram utilizados na reforma das instalações físicas e na compra de equipamentos.
Ambas as unidades são responsáveis por realizar exames necessários para a identificação de doenças de interesse em saúde pública, como a malária, a dengue, a tuberculose, a hanseníase e a cólera, que atingiu o Haiti em forma de epidemia, logo após o tremor de terra.
Outra ação destacada pelo governo brasileiro inclui a disponibilização, neste ano, de aproximadamente R$ 2 milhões para a contratação de 13 profissionais especializados em prevenção e controle de doenças transmissíveis e para o custeio de apoio operacional, financeiro e material de ações de vigilância no país caribenho.
O ministério informou ter doado também 6 milhões de doses das vacinas BCG (formas graves de tuberculose), pólio (poliomielite), DPT (difteria, tétano e coqueluche) DT (difteria e tétano), totalizando R$ 3,6 milhões em investimentos brasileiros.
O projeto de reestruturação da saúde no Haiti prevê ainda a formação de agentes comunitários para atuação na atenção básica. Em 2013, foram capacitados 320 alunos. A meta, segundo a pasta, é formar cerca de mil agentes. Até 2014, está prevista a aplicação de aproximadamente R$ 5 milhões para a formação de profissionais no Haiti.
Durante evento de comemoração aos três anos de cooperação tripartite Brasil-Cuba-Haiti, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lembrou que o acordo envolve os três países num esforço em comum: construir uma política de saúde a partir das necessidades do povo haitiano.
Padilha defendeu a construção de sistemas de saúde públicos universais e gratuitos na região caribenha. O desafio, segundo ele, é superar desafios de financiamento e de gestão da saúde pública. "Certamente, caminharemos juntos nesses desafios", disse. "É uma parceria onde todos nós crescemos e estaremos cada vez mais empenhados", completou.
O ministro interino das Relações Exteriores, Eduardo Santos, avaliou que esse tipo de cooperação Sul-Sul concede ao Brasil uma posição única para compreender a real dimensão dos países em desenvolvimento. Para ele, o terremoto de 2010 no Haiti ampliou e solidificou as relações entre ambos os países. Santos classificou o acordo tripartite como um dos maiores projetos de cooperação mantidos pelo governo brasileiro no mundo.