O recém-reeleito "presidente" da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quinta-feira que responsabilizá-lo pelo colapso econômico da Venezuela é uma “simplificação estúpida”, mas prometeu aumentar a produção de petróleo e abrir diálogo com líderes empresariais.
Mas, sem entrar em detalhes e fazendo promessas repetidas, poucos esperam que Maduro fará mudanças significativas no modelo econômico liderado pelo Estado herdado de seu antecessor, o falecido Hugo Chávez.
Maduro venceu as eleições de domingo que críticos nacionais e estrangeiros apontaram como uma fraude cimentando sua autocracia, num momento em que a nação rica em petróleo está sofrendo com escassez cada vez maior de alimentos, crises de saúde e emigração em massa.
Apresentando suas credenciais na Assembleia Constituinte pró-governo nesta quinta-feira, Maduro rejeitou as críticas à sua legitimidade, disse que é plano dos EUA para sabotá-lo e que os oponentes estão errados em culpá-lo pela crise na Venezuela.
“É uma simplificação estúpida pensar que este problema é devido a Nicolás Maduro. É um problema de todo o país”, disse ele em um discurso, usando uma faixa nas cores amarela, azul e vermelha da bandeira venezuelana.
Maduro, ex-motorista de ônibus e líder sindical, também alertou que ele sozinho não seria capaz de reverter a economia.
“Só as pessoas podem salvar as pessoas … Quem vai nos salvar? Superman? Ou Super-Nico?”, perguntou ele, usando um apelido de seu primeiro nome. “Nenhum deles existe, mas nós temos Super-Pessoas.”
Maduro prometeu aumentar a produção de petróleo da Venezuela, atualmente na mínima em mais de 30 anos, em 1 milhão de barris por dia neste ano, mas não deu detalhes. Ele disse que instruiu o major-general Manuel Quevedo, ministro do Petróleo e presidente da petrolífera estatal PDVSA, a procurar a Opep, a China e a Rússia, e também as nações árabes, se precisar de ajuda.
Os opositores de Maduro dizem que ele é um autocrata imprudente que não tem um plano real para recuperar a economia caótica da Venezuela, aumentando os riscos de mais desnutrição e uma crise imensa de refugiados.
Venezuela prendeu 15 militares em período de eleição, diz grupo de direitos humanos
A Venezuela prendeu ao menos 15 oficiais militares durante sua amplamente criticada eleição presidencial do fim de semana, segundo um grupo local de direitos humanos, somando-se a dezenas de outros detidos por acusações de conspiração ou deserção.
O grupo local Foro Penal disse na noite de quarta-feira que identificou 15 oficiais detidos por “razões políticas” a partir de três dias antes da votação de domingo, na qual o presidente socialista Nicolás Maduro foi reeleito.
O Ministério de Defesa venezuelano não respondeu de imediato a pedido por comentários.
O grupo de direitos humanos não forneceu mais detalhes sobre as prisões ou suas motivações, mas denunciou a existência de 373 “prisioneiros políticos” no total na Venezuela.
O governo Maduro rejeita esse termo, dizendo que todos os políticos e membros das forças de segurança presos foram detidos por acusações criminais legítimas, incluindo conspiração para golpe.