Negociadores de cerca de 150 países se reúnem nesta segunda-feira em Nova York para uma última tentativa de concluir um tratado internacional contra o tráfico de armas convencionais, que enfrenta resistência de um poderoso lobby pró-armas dos EUA.
Ativistas do controle de armas e dos direitos humanos dizem que uma pessoa morre por minuto no mundo em decorrência de armas de fogo, e que o tratado seria útil para conter o fluxo descontrolado de armas e munições que alimentam guerras, atrocidades e abusos.
A Assembleia Geral da ONU aprovou em dezembro que as negociações sejam retomadas nesta semana sobre aquele que poderá se tornar o primeiro tratado global a regulamentar o comércio de todas as armas convencionais — um negócio de 70 bilhões de dólares, que inclui de helicópteros e navios de guerra a pistolas e rifles de assalto.
Uma conferência começou a redigir o tratado em julho de 2012, mas o processo foi adiado a pedido de Estados Unidos, Rússia e China.
Naquela época, delegados disseram que os EUA preferiam deixar a questão para depois da eleição presidencial de novembro passado, algo que o governo do presidente Barack Obama negou. As novas negociações prosseguem até o dia 28.
Os EUA dizem querer um tratado robusto, mas Obama enfrenta pressão da poderosa Associação Nacional do Rifle (NRA) para bloqueá-lo. O grupo já disse que vai tentar derrubar a ratificação do tratado no Senado, caso o governo apoie o documento a ser definido pela ONU.
O secretário norte-americano de Estado, John Kerry, disse na sexta-feira que seu país está "resoluto em seu compromisso de alcançar um Tratado do Comércio de Armas forte e efetivo, que ajude a tratar os efeitos adversos do comércio global de armas sobre a paz e a estabilidade globais".
Mas ele repetiu que os EUA –maior país fabricante de armas no mundo– não aceitarão um tratado que imponha limites ao direito constitucional do porte de armas por cidadãos norte-americanos, uma questão politicamente delicada no país.
A NRA nega que um massacre escolar em dezembro nos EUA tenham reforçado os argumentos em prol do controle armamentista global. A entidade também diz que o tratado pode afetar o direito dos cidadãos a portar armas, algo que partidários do tratado dizem ser falso, por envolver apenas o fluxo transnacional de armas de fogo.
Diplomatas dizem que, se os EUA e outros países mantiverem sua obstrução, os demais países poderão mesmo assim apresentar uma proposta de tratado para ser votada na Assembleia Geral.
Uma alternativa seria fazer emendas para tornar o texto mais aceitável aos EUA e a outras delegações. Mas partidários do tratado temem que isso leve a um enfraquecimento do texto.