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Morte de Bin Laden é golpe duro, mas não é o fim da Al Qaeda

Os Estados Unidos e o Ocidente tiveram de esperar quase dez anos por esta notícia: Osama bin Laden está morto. O chefe da organização terrorista Al Qaeda não morreu de uma maneira qualquer, mas numa troca de tiros com unidades especiais americanas, como o então presidente George W. Bush havia prometido após os ataques do 11 de Setembro.

Nos Estados Unidos, o sentimento de triunfo é tão grande quanto a notícia. E com razão: Bin Laden não era apenas o principal responsável pela morte de 3 mil pessoas em 11 de setembro de 2001. Era também o principal símbolo de união da rede mundial, mesmo que dificilmente ainda estivesse em condições de comandar as sanguinárias operações terroristas da Al Qaeda.

Bin Laden havia se transformado num mito que, através de sua simples existência, motivava os seguidores do terrorismo islâmico. E também devido ao fato de haver conseguido escapar, por quase uma década, das garras da superpotência EUA.

Esse encanto agora se quebrou. A rede terrorista perdeu sua cabeça ideológica. Sua aura está destruída e seu magnetismo perderá força com o tempo. Com a morte de Bin Laden, os Estados Unidos fecharam a ferida que foi o 11 de Setembro.

Mas restam muitas questões em aberto e preocupações justificadas. Como Bin Laden conseguiu se manter incólume por tanto tempo no Paquistão, não muito longe da capital Islamabad? A caçada do serviço secreto americano contava mesmo com o amplo apoio do Paquistão?

E o que dizer sobre o número 2 na hierarquia da rede terrorista, Al Zawahiri, que continua escondido em algum lugar da fronteira do Paquistão com o Afeganistão? E com que nível de independência podem agir as células mundialmente ramificadas da Al Qaeda?

É de se temer que os seguidores da Al Qaeda agora façam de tudo para comprovar que continuam existindo e que seu poder de ação continua intacto. O mais recente ataque em Marrakech e as atuais prisões de supostos terroristas da Al Qaeda na Alemanha mostram que a rede terrorista pode ser bem-sucedida. E que o perigo do terrorismo, mesmo dez anos depois do 11 de Setembro, não está de forma alguma eliminado.

Mesmo as atuais convulsões no mundo árabe podem criar novos campos de ação para os jihadistas. Se o caos e a evasão de pessoas tomarem o lugar da liberdade e da estabilidade, isto criará um terreno fértil para o terrorismo.

Seria ingênuo supor que, com a morte de Osama bin Laden, o flagelo do terrorismo foi eliminado de uma vez por todas do mundo. Bin Laden foi eliminado como líder terrorista, mas sua rede terrorista continuará ganhando terreno se as principais causas do terrorismo não forem combatidas politicamente. Sua morte é uma vitória importante, porém parcial na luta mundial contra o terrorismo internacional. Não por isso devemos nos sentir em segurança.

Autor: Daniel Scheschkewitz
Revisão: Rodrigo Rimon

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