O americano George Shultz, que foi secretário de Estado do ex-presidente Ronald Reagan e arquiteto da diplomacia dos Estados Unidos no final da Guerra Fria, morreu aos 100 anos de idade.
A morte foi anunciada neste domingo (07/02) pelo centro de pesquisas em políticas públicas Hoover Institution, ligado à Universidade de Stanford e ao qual Shultz era filiado há décadas.
"Um dos mais importantes formuladores de políticas de todos os tempos, tendo servido a três presidentes americanos, George P. Shultz morreu em 6 de fevereiro, aos 100 anos", escreveu a instituição americana em comunicado em seu site.
O político morreu no sábado em sua casa no campus da Universidade de Stanford, da qual também era professor emérito, mas a causa da morte não foi informada.
Condoleezza Rice, também ex-secretária de Estado e atual diretora da Hoover Institution, afirmou em comunicado que Shultz "será lembrado na história como um homem que tornou o mundo um lugar melhor".
Seus esforços como secretário de Estado no governo Reagan entre 1982 e 1989 ajudaram a levar ao fim a Guerra Fria, que durara quatro décadas. O período, iniciado após a Segunda Guerra Mundial, colocou os Estados Unidos e seus aliados contra a União Soviética e o bloco comunista e gerou temores de um conflito nuclear global.
Em artigo de opinião publicado em dezembro na ocasião do centésimo aniversário de Shultz, o jornal The Wall Street Journal afirmou que o americano ajudou a forjar a amizade entre Reagan e o então presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev.
"Sua experiência na diplomacia permitiu um final pacífico à Guerra Fria", escreveu o ex-subsecretário de Defesa dos EUA Paul Wolfowitz.
Carreira
Com ampla experiência e múltiplos talentos, Shultz alcançou sucesso como estadista, mas também no mundo dos negócios e na academia.
Ele nasceu em Nova York em 13 de dezembro de 1920, cursou bacharelado em Artes e fez doutorado em Filosofia pela Universidade de Princeton, instituição pela qual se tornou bacharel em Economia em 1942.
Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu no Corpo de Fuzileiros Navais e mais tarde teve uma carreira como professor universitário em várias instituições até 1969, quando foi nomeado secretário do Trabalho pelo presidente Richard Nixon (1969-1974).
Antes disso, já tinha flertado com a política, quando em 1955 serviu no Conselho de Assessores Econômicos do presidente Dwight D. Eisenhower (1953-1961). E o retorno à alta política veio no governo de Ronald Reagan (1981-1989), como secretário de Estado.
Em seus anos no comando da política externa dos EUA, Shultz teve de lidar com questões espinhosas como a Guerra das Malvinas, a guerra no Líbano, e as sempre delicadas relações dos EUA com a Europa.
Como secretário de Estado, além de negociar a redução de armamento com a União Soviética, ele também viveu a crise com o Panamá, que terminou com a invasão ao país por parte do Exército dos EUA em dezembro de 1989, quando o mandato de Reagan estava perto do fim. O governo de Reagan ficou marcado pelo polêmico intervencionismo na América Latina.