Brunhilde Pomsel – ex-secretária pessoal e estenógrafa de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler – morreu aos 106 anos, noticiaram as agências de notícias AP e AFP nesta segunda-feira (30/01).
Pomsel morreu na última sexta-feira na casa de repouso em que vivia em Munique, no sul da Alemanha, confirmou o cineasta Christian Krönes. Ao lado de outros três diretores, Krönes produziu um documentário sobre a centenária, intitulado Ein deutsches Leben (Uma vida alemã) e lançado no ano passado.
No filme, Pomsel relata, como uma das últimas testemunhas vivas do círculo de comando do regime nazista, sobre seu trabalho para Goebbels. Ela atuou de 1942 até o fim da Segunda Guerra Mundial no Ministério da Propaganda. A então secretária vivenciou o fim do conflito no bunker de Hitler, em Berlim, onde permaneceu até o suicídio do chanceler, em 30 de abril de 1945.
Até seus últimos anos de vida, Pomsel classificou seu próprio papel no regime nazista como insignificante e disse que, apesar de seu cargo, não tinha conhecimento sobre o extermínio de judeus.
"Não sabíamos de nada", relatou no documentário. "Éramos nós mesmos um grande campo de concentração." Ela disse que era "covarde" e, por isso, não foi capaz de impor resistência ao regime.
Após o fim da guerra, Pomsel passou cinco anos numa prisão soviética e depois trabalhou como secretária da emissora pública alemã ARD.
Ela viveu a maior parte de sua vida na obscuridade, até que um jornal alemão publicou uma entrevista com ela em 2011, desencadeando uma onda de interesse por uma das últimas sobreviventes do círculo do comando nazista.
Até o momento, o documentário que tem Pomsel como protagonista foi exibido apenas em festivais. Ein deutsches Leben chega aos cinemas alemães em abril deste ano.
Segundo Krönes, que teve contato com a centenária pela última vez no aniversário dela, em 11 de janeiro, Pomsel foi "uma observadora política aguçada" até o fim da vida. Diante do crescente nacionalismo na Europa, da ascensão do populismo de direita mundo afora e da eleição de Donald Trump à presidência dos EUA, ela teria classificado suas vivências como um "alerta às gerações atual e futura".
30.Jan.1945: Russos afundam navio alemão, causando milhares de mortes
No final de janeiro de 1945, a poucas semanas do fim da Segunda Guerra Mundial, multidões de alemães estavam em fuga do cerco soviético no centro da Europa. Enfrentando temperaturas de 20 graus Celsius negativos, o formigueiro humano vinha em direção à costa do Mar Báltico. Na maioria eram mulheres e crianças, com a expectativa de entrar num navio com destino ao Ocidente.
No porto de Gdingen, em Gdansk, estava ancorado o Wilhelm Gustloff. Concebido pela organização Força pela Alegria, do partido de Hitler, o navio era usado para cruzeiros de férias. Como o Titanic, o Wilhelm Gustloff era um enorme navio de passageiros razoavelmente novo e luxuoso.
No alvo dos soviéticos
Construída em 1936, a embarcação recebeu o nome do diretor regional do Partido Nacional Socialista na Suíça, assassinado em 1935. Quando aportou em Gdansk em 22 de janeiro de 1945, 60 mil pessoas já estavam à sua espera.
Apesar da capacidade para apenas 1.400 passageiros, 7 mil se registraram e conseguiram um refúgio no navio, que deixou o porto na tarde do dia 30. O número exato de passageiros, no entanto, pode ter sido até maior. A embarcação, entretanto, foi rastreada pelos soviéticos e posta a pique por três torpedos lançados de um submarino.
O Wilhelm Gustloff ainda resistiu por 62 minutos antes de afundar. Os passageiros, em pânico, não conseguiam soltar os poucos barcos de salvamento, cujas amarras estavam congeladas. Mais de cinco mil pessoas perderam a vida nas águas geladas, cerca de mil sobreviveram.