O ex-presidente georgiano Eduard Amvrósievich Shevardnadze, um dos articuladores do fim da Guerra Fria ao lado do soviético Mikhaïl Gorbatchev, morreu nesta segunda-feira (7), aos 86 anos. O anúncio foi feito por sua assistente, Marina Davitachvili, mas a causa da morte não foi divulgada.
Ministro soviético das Relações Exteriores no governo Gorbatchev e eleito presidente da Geórgia independente em 1995, ele deixou o poder em 2003, durante a "Revolução das Rosas", em um contexto de altos índices de pobreza e crise política generalizada.
Reações
"Era um homem muito capaz, talentoso, muito aberto para trabalhar com todas as camadas da sociedade", declarou Mikhail Gorbatchev à rádio Echo, de Moscou. "Com ele, a conversa era sempre direta, trabalhávamos muito bem", afirmou.
O presidente russo Vladimir Putin apresentou suas "sinceras condolências à família e aos amigos (de Shevardnadze), assim como a todo o povo da Geórgia", informou seu porta-voz Dmitri Preskov. O primeiro ministro georgiano, Irakli Garibachvili, destacou a "importância particular" da contribuição de Shevardnadze na "definição da Geórgia no mundo moderno".
De heroi a vilão
Eduard Shevardnadze, nascido em 25 de janeiro de 1928 no vilarejo georgiano de Mamati, era considerado um herói no Ocidente por seu papel na articulação do fim da Guerra Fria, mas caiu em desgraça no país natal. Em 1985, quando dirigia o Partido Comunista da Geórgia, ele foi chamado a Moscou para assumir pasta das Relações Exteriores da URSS durante o lançamento da Perestroika.
Durante cinco anos, ele foi um dos grandes articuladores do desarmamento, consolidando importantes amizades no Ocidente, principalmente na Alemanha. "Sua nominação como ministro das Relações Exteriores foi uma supresa para muitos, mas ele soube gerenciar o cargo", disse Gorbatchev à agência russa Interfax.
Mas, desde que assumiu a presidência do país, Shevardnadze viu sua imagem se deteriorar consideravelmente, conforme a crise econômica se aprofundava e emergiam frequentes casos de corrupção no governo.
Em 2003, ele teve de deixar a presidência do país durante a Revolução das Rosas, o que permitiu que ele pudesse conservar parte de seu crédito com a opinião pública. O pró-ocidental Mikheil Saakachvili o sucedeu no Executivo e permaneceu no cargo até 2013, quando seu partido perdeu as eleições para Guiorgui Margvelachvili.
Enterrado ao lado da esposa
Em uma entrevista concedida à Agência France Presse em 2009, Eduard Amvrósievich Shevardnadze expressou seu desejo de ser enterrado ao lado da esposa, Nanuli, no jardim de sua residência. "A morte dela foi provavelmente o evento mais trágico de minha vida", declarou. "Quero repousar a seu lado".
De acordo com a assistente Marina Davitachvili, nenhuma decisão oficial foi tomada com relação ao funeral.