O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia classificou de "inaceitáveis" as declarações do presidente da Bolívia, Evo Morales. No último domingo, o ex-líder cocaleiro afirmou que os Estados Unidos só apoiam a luta contra o tráfico de drogas porque Washington seria o comandante das forças militares de Bogotá — uma alusão à parceria militar entre os norte-americanos e os colombianos. "O governo não aceita afirmações sem fundamento, nem por parte da Bolívia nem de nenhum outro país", determinou a chancelaria. "O Estado seguirá firme em sua política de combate às drogas, que inclui a cooperação internacional, tanto hemisférica quanto regional", acrescentou.
No texto, o ministério critica Morales por ter menosprezado "a luta contra as drogas que o país tem realizado de maneira soberana durante décadas, com inegáveis frutos". A nota foi divulgada um dia depois de o presidente boliviano ter reclamado — durante um evento na cidade de Lauca (a 650km de La Paz) — que os Estados Unidos haviam divulgado um estudo no qual indicam Peru e Bolívia, respectivamente, como os maiores produtores de cocaína da região, tirando o vizinho do topo da lista. "Claro, estão minimizando a Colômbia como um país que tem problema de narcotráfico porque ali fica a base militar dos EUA, ali os norte-americanos estão comandando as Forças Armadas colombianas", acusou. Segundo Morales, o tema do narcotráfico é usado pelos Estados capitalistas com fins econômicos ou para desgastar a imagem das autoridades "anti-imperialistas".
Produção
A pesquisa americana, divulgada no mês passado, estima que a produção anual de cocaína no Peru seja de 325t. A Bolívia produziria 265t e a Colômbia, 195t. O país de Evo Morales tem 31 mil hectares de coca plantados, segundo as Nações Unidas, dos quais 12 mil são para uso tradicional, como para amenizar os efeitos do soroche (mal da altitude) e na realização de rituais.