Vários soldados turcos estacionados em bases da OTAN requerem asilo às autoridades alemãs, segundo informações da mídia. A divulgação vem em momento complicado, uma vez que Merkel viaja na próxima semana para Turquia.Um grupo de 40 soldados turcos destacados em bases militares da OTAN solicitou asilo na Alemanha, segundo informações divulgadas neste sábado (28) pela revista Spiegel e pela emissora de televisão pública alemã ARD .
Parte desses militares tem patente de oficiais, de acordo com essas fontes, que destacam a crescente pressão que isso representa para o governo da chanceler federal Angela Merkel, já que na próxima semana ela realizará uma visita de trabalho à Turquia, país aliado na OTAN.
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Dois dos militares turcos, cujas identidades não foram reveladas, disseram à revista que, caso sejam entregues à Turquia, correm risco de sofrer torturas na prisão. Eles estiveram estacionados na base da OTAN em Ramstein, no sudoeste da Alemanha, e negam qualquer envolvimento com a tentativa de golpe de Estado do ano passado.
Segundo esses testemunhos, o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan realizou um expurgo dentro das Forças Armadas que nada tem a ver com supostos vínculos com os golpistas. "Os soldados afetados pelo expurgo têm algo em comum: são pró-Ocidente e defendem um Estado secular", afirmou um dos militares à revista.
A Spiegel cita fontes do governo da chanceler federal que apontam para a impossibilidade de repatriar esses soldados à Turquia, perante o perigo que então sejam mandados imediatamente para a prisão.
"As solicitações de asilo são, do ponto de vista legal, legítimas e não podem se prender a considerações de oportunidade política", declarou o presidente da Comissão de Relações Exteriores no Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, Norbert Röttgen.
Dificuldades diplomáticas
O pedido de asilo dos militares vem dois dias depois de a Suprema Corte da Grécia ter negado a extradição de oito soldados turcos foragidos desde a tentativa fracassada de golpe de Estado do ano passado e acusados por Ancara de golpistas. Em resposta à decisão grega, autoridades turcas emitiram um mandado de captura para os oito militares.
Além do pacto de refugiados com a União Europeia (UE), a Turquia também tem um acordo bilateral de repatriamento com a Grécia, que deverá ser revogado, afirmou na sexta-feira a emissora estatal turca TRT, citando o ministro do Exterior do país, Mevlut Cavusoglu.
A divulgação do pedido de asilo dos militares turcos na Alemanha vem em momento complicado, uma vez que Merkel na quinta-feira – um dia antes da cúpula da UE em Malta – viaja para negociações políticas na Turquia.