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Merkel e Xi Jinping defendem maior cooperação bilateral

Alemanha e China concordaram nesta quinta-feira (24/05) em ampliar a cooperação bilateral. Durante um encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, em Pequim, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, defendeu uma maior abertura do mercado do país asiático.

Durante o encontro, Merkel e Xi demostraram amizade e unidade. Xi afirmou que a relação entre os dois países alcançou uma amplitude e profundidade sem precedentes. O presidente disse que Pequim abrirá mais suas portas a empresas alemãs.

Merkel, por sua vez, destacou que o acesso ao mercado e condições iguais para ambos os lados continuarão tendo um grande papel na relação entre os países. "O mundo muda rapidamente. Por isso, não podemos descansar com o que alcançamos", acrescentou.

A Alemanha e a China, dois países exportadores que possuem um superávit comercial com os Estados Unidos, se encontram na linha de fogo das políticas protecionistas do presidente americano, Donald Trump, e lutam para preservar a ordem multilateral na qual sua prosperidade está baseada.

Em sua mais recente manobra comercial, Trump anunciou nesta quarta-feira uma investigação sobre a importação de carros e caminhões, que pode resultar num aumentos das tarifas sobre esses produtos.

Países europeus temem ainda que suas exportações para China sejam afetadas, com o país asiático sendo forçado a comprar mais dos Estados Unidos para aliviar as atuais tensões comerciais.

"A China e a Alemanha defendem o multilateralismo e estão comprometidas com o comércio justo e livre", afirmou Merkel.

Ela pediu avanços nas negociações sobre um acordo de proteção a investimentos entre União Europeia e China, que poderia servir de base para um acordo de livre comércio no futuro.

Acordo com Irã

Em sua visita a Pequim, a chanceler federal alemã se reuniu também com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. O acordo nuclear com o Irã, alcançado entre Teerã e o grupo P5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha) em 2015, foi um dos temas da reunião.

Os países europeus, a Rússia e a China tentam salvar o pacto após a recente saída dos Estados Unidos e procuram meios para continuar oferecendo benefícios econômicos a Teerã em troca da limitação do programa nuclear iraniano, apesar das sanções americanas.

Merkel reconheceu que o acordo nuclear não é perfeito, mas que as alternativas a ele são ainda menos seguras. Por isso, é melhor se ater ao pacto atual, disse a chanceler.

Sem citar a Coreia do Norte, Li afirmou que a decisão americana pode ter consequências para outras tentativas de solucionar conflitos de maneira pacífica. O acordo nuclear iraniano era considerado um modelo para um possível pacto com Pyongyang.

No encontro, Merkel afirmou ainda que a Alemanha deseja continuar o diálogo bilateral sobre os direitos humanos na China. Li disse que a China espera encontrar uma solução adequada em relação a "casos isolados". A Anistia Internacional pediu que a líder alemã assumisse uma postura engajada sobre a questão dos direitos humanos no país asiático.

No segundo dia de sua viagem oficial à China, Merkel participará nesta sexta-feira da abertura de um centro de inovação da Câmara de Comércio Exterior da Alemanha, em Shenzhen, no sul do país, e visitará uma fábrica da Siemens na cidade.

Merkel e Putin entre a reaproximação e a desconfiança

Boas notícias não fazem há tempos mais parte do cotidiano das relações russo-alemãs. Seja por causa da Guerra na Ucrânia, o apoio russo ao ditador sírio Bashar al-Assad ou as retaliações mútuas no caso Skripal, há anos temas negativos são sucedidos por outros e relacionamento entre Oeste e Leste está sempre atingindo novos pontos baixos.

O fato de que a Alemanha não desempenhou um papel político internacional importante por quase um ano também não facilitou as coisas – a campanha eleitoral e a difícil formação de um novo governo Berlim eram consideradas mais importantes. 

Otimismo cauteloso

Nos últimos dias, vários ministros federais se dirigiram a Moscou. Agora a chanceler federal negociou diretamente com Putin. E de repente algo parecido com um otimismo cauteloso está se fazendo sentir. Aparentemente, o presidente concorda em continuar a deixar gás russo ser transportado por meio de dutos que passam pela Ucrânia mesmo após a conclusão de uma nova linha do gasoduto Nord Stream, que vai passar no fundo do mar Báltico. Kiev então poderá a continuar a faturar bilhões.

Mas é claro que o diabo mora nos detalhes: o governo ucraniano está satisfeito com tal informação? Quem pode garantir isso: o governo russo? A União Europeia? Ambos?  Mesmo após a cúpula russo-alemã, várias questões permanecem em aberto. O governo ucraniano continua desconfiado. Se considerarmos o que aconteceu nos últimos anos, não há como culpar Kiev. Mas a desconfiança por si só não é suficiente para resolver problemas. A Ucrânia tem que negociar – com o apoio da Alemanha e da UE. Especialmente se Moscou está pronta para fazer concessões ao Protocolo de Minsk. Putin sinalizou isso em Sochi.

É bem possível que a chanceler e o presidente russo se encontrem novamente em breve para negociar um acordo de paz para o leste da Ucrânia. Os presidentes da Ucrânia e da França então vão se sentar à mesa. Todos sabem que quanto mais o conflito perdurar, mais difícil será a sua solução. Não há alternativa ao Protocolo de Minsk.

Merkel e Putin também não veem alternativa ao acordo com Irã. Ambos os países querem preservá-lo, assim como outros países europeus e os chineses – mesmo que os americanos tenham sabotado a resolução.

Se Washington está mesmo disposta a impor sanções contra empresas estrangeiras que continuem a fazer negócios no Irã, será preciso esperar para ver. A ironia da história é essa: a saída dos EUA do acordo com o Irã acabou por reaproximar os europeus e os russos. E ainda isso: as ameaças dos EUA ao Irã ajudaram a elevar o preço do petróleo no mercado mundial – pela primeira vez em anos o barril ultrapassou a cotação de 80 dólares. Isso acabou por gerar um fluxo extra de dinheiro para os cofres russos – também um efeito colateral não intencional da errática política externa dos americanos.

Uma longa lista de diferenças

Ninguém pode acusar Angela Merkel de não ter abordado temas desagradáveis com o presidente Putin. Ela falou claramente: deplorou as restrições à liberdade de imprensa e a perseguição de intelectuais na Rússia; criticou os ataques de hackers ao Ministério das Relações Exteriores da Alemanha e o apoio russo ao governo sírio. A lista de tópicos foi longa. Mas a chanceler não parece ter desanimado. É claro que a desconfiança mútua permanece. Nos últimos anos, Moscou queimou muitas pontes políticas. Reconstruir tudo isso vai demandar tempo.

 

 

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