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Maduro anuncia exercício militar na Venezuela

O governante da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta segunda-feira (14/08) um exercício das Forças Armadas venezuelanas em resposta à declaração do seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possibilidade de o governo americano intervir militarmente no país latino-americano.

Segundo Maduro, as Forças Armadas coordenarão um exercício nos dias 26 e 27 de agosto que faz parte do plano de defesa em todo território venezuelano.

Maduro ressaltou que a operação abrangerá "todas as cidades, povos, mares, rios, lagos, campos, bairros, baías e montanhas" do país. Além de integrantes do exército, da marinha e da aeronáutica, funcionários públicos e membros de milícias foram convocados para o exercício que levará o nome de "Soberania Bolivariana 2017".

"Este povo está decidido a enfrentar os extremistas, supremacistas e racistas dos Estados Unidos; e derrotá-los com a coragem, valentia, e força que nos fazem sermos orgulhoso de sermos venezuelanos", destacou Maduro durante um discurso diante a milhares de chavistas que lhe aplaudiam.


Maduro classificou ainda como "desproporcionais, altissonantes e grosseiras" as advertências de Trump, e assegurou que o povo venezuelano "não se intimida e nem é derrotado por ninguém".

Na sexta-feira, o presidente americano disse que a intervenção militar seria uma opção para a Venezuela. A declaração foi recebida com rechaço por países da região, incluindo Brasil e Colômbia.

Essa não é a primeira vez que Maduro convoca um exercício militar em resposta aos EUA. Em janeiro, uma operação semelhante reuniu 500 mil pessoas, após o governo americano prolongar o decreto emitido em 2015 em que considerava a Venezuela uma "ameaça extraordinária".

O governo Maduro está sob pressão para cancelar o processo que vai redefinir a constituição da Venezuela de 1999. Denunciada pela oposição como o último passo rumo à uma ditadura, a instalação de uma Assembleia Constituinte, eleita sem participação antichavista para mudar a Constituição, foi recebida com ampla condenação internacional.

A Assembleia Constituinte tem poderes para destituir e nomear qualquer autoridade do Estado, modificar leis, e implementar decisões sem a necessidade de passar por nenhum outro poder.

A Venezuela vive uma onda de protestos violentos desde abril, que já causaram mais de 120 mortes, das quais 46 são atribuídas às forças de segurança venezuelanas.

O país enfrenta ainda uma grave crise econômica, com milhões de pessoas sofrendo com a escassez de alimentos e medicamentos, aumento da inflação e profunda recessão.

Pence diz que Estado falido na Venezuela ameaça EUA¹

O vice-presidente norte-americano, Mike Pence, disse nesta segunda-feira que os Estados Unidos mobilizarão todo o seu poder econômico e diplomático para ver a democracia restaurada na Venezuela, alegando que a falência do Estado venezuelano ameaça os norte-americanos.

"O presidente Trump deixou bem claro que nós não ficaremos parados enquanto a Venezuela desmorona em uma ditadura", disse Pence a repórteres em Cartagena, na Colômbia. "Um Estado falido na Venezuela ameaça a segurança e a prosperidade do nosso hemisfério inteiro e do povo dos Estados Unidos da América."

Maduro tenta capitalizar com ameaça militar de Trump contra Venezuela¹

Enquanto o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, viaja para a América Latina tentando atenuar as preocupações causadas pela ameaça de Trump de uma possível ação militar na Venezuela, o líder do país, Nicolás Maduro, buscava se aproveitar da indignação local realizando um protesto "anti-imperialista" nesta segunda-feira.

A marcha começou com um comício no final da manhã e deve terminar no palácio presidencial, onde Maduro falará para a multidão, enquanto Pence continua um tour na região, que começou na Colômbia, no domingo. Em Cartagena, Pence procurou aliviar a declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, da última semana de que uma "opção militar" estava sendo considerada para a Venezuela.

O vice-presidente disse que o governo dos Estados Unidos está confiante de que uma solução pacífica pode ser encontrada para a crise na Venezuela, rica em petróleo mas economicamente enfraquecida, onde mais de 120 pessoas morreram em protestos anti-Maduro desde abril.

Os comentários de Trump podem ser uma salvação política para o impopular Maduro. Como seu antecessor e mentor, o falecido Hugo Chávez, Maduro diz que o país precisa ser unificado pelo socialismo para se defender contra uma invasão norte-americana, voltada para roubar as vastas reservas de petróleo da Venezuela.

A marcha começou em uma praça no centro da cidade, onde centenas de "chavistas" dançaram ao som de uma banda local que tocava em um palco improvisado. "Venezuela e América Latina unidas contra o império", gritou um manifestante, enquanto o Partido Socialista promoveu no Twitter as hashtags #StopTrump (#PareTrump) e #TrumpGoHome (#TrumpparaCasa).

A televisão interrompeu a cobertura da marcha para transmitir uma declaração do ministro da Defesa, Vladimir Padrino. Tendo ao fundo dezenas de soldados preparados para a batalha em uma base das Forças Armadas, incluindo um soldado com um lançador de míssil apontado para cima, Padrino advertiu que os Estados Unidos querem roubar as reservas de petróleo da Venezuela.

¹ com Agência Reuters

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