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Líbano – Opinião sobre o blindado Guarani

Nota DefesaNet

Esta nota é uma contribuição do analista Munhamad Hussein a pedido de DefesaNet para contribuir como os usuários percebem os equipamentos brasileiros. 

A dificuldade é que o Líbano tem adotado parte de suas publicações em árabe, abandonando em parte a tradição francesa.

Complementa o trabalho do pesquisador Expedito Bastos publicado por DefesaNet

IVECO Guarani 6×6 em Operações Urbanas com as Forças de Segurança do Líbano (ISF)

O Editor

 

Muhammad Hussein

hussein@alhusseingroup.com

Consultor de Negócios Internacionais e Analista de Defesa

especializado no Oriente Médio e Norte da África

 

O blindado militar 6×6 Guarani, produzido no Brasil pela empresa Iveco, utilizado diuturnamente pelas forças de segurança libanesas, acabou em evidência pela mídia especializada durante as operações de promoção da lei e ordem em Beirute, máxime nos episódios dos violentos protestos ocorridos em setembro do ano passado.

Feitas consultas recentes a alguns militares, agentes policiais e um membro do parlamento libanês, a resposta dos mesmos sobre o veículo blindado brasileiro foi extremamente positiva. Além da qualidade técnico-operacional, o Guarani representa a habilidade industrial (e política) do Brasil, país que interage comercialmente com o Líbano sem as costumeiras chantagens e ameaças políticas, como sói acontecer com todos os outros agentes e empresas internacionais de defesa com interesse em vendas às forças libanesas.

Obviamente que Brasília sempre toma as cautelas para que os produtos não caiam em mãos de grupos ou agentes inseridos em listas internacionais de sanções e embargos.

E é justamente essa adjetivação da indústria de defesa brasileira (qualidade técnica e imparcialidade política do Brasil) que a coloca em vantagem comparativa com os demais concorrentes não somente no Líbano, mas em todo o Oriente Médio. É certo que existe uma pressão de certos países (eixo EUA/UE) para que o Brasil não logre um grande êxito nas vendas, mas isso pode ser contornado com diplomatas mais preparados e afinados com o trato econômico-comercial (é necessário reconhecer que o Itamaraty não avança nas agendas econômicas importantes), bem como com a proatividade, presença constante e hard negotiation por parte das empresas da BID.

O Líbano talvez não represente um grande economic case para o Brasil, mas sua importância estratégica e geopolítica na região decerto qualificará a indústria militar brasileira para alçar voos mais longos no mundo árabe.

A política externa do Presidente Bolsonaro, ao mesmo tempo que tratou de uma aproximação com Israel, não descurou das relações com os países árabes, principalmente os localizados no Golfo. O sucesso da última visita presidencial à região ainda ecoa, legitimando o Brasil para dar continuidade à agenda econômica não só do agronegócio, mas principalmente do mercado de defesa e acesso aos variados projetos de infraestrutura.

A percepção de sucesso do blindado Guarani no Líbano pode (e deve) ser replicada em outros países árabes, tais como Argélia, Tunísia, Líbia e o próprio Iraque que ultimamente tem se engajado em importante missão diplomática de auxílio nas negociações para uma reaproximação entre Arábia Saudita e Irã.

Há todo um cenário positivo para os negócios com os países do Oriente Médio e Norte da África, mas os políticos e diplomatas brasileiros estão mais preocupados em minar o Governo Federal (doméstica e internacionalmente) e a gestão do ex-Chanceler Ernesto Araújo que, apesar de inúmeros equívocos, estava mais preocupado, de acordo com a visão compartilhada pela maioria dos países árabes, com a pauta econômica do Brasil.

Viatura blindada Guarani em operação de Segurança Interna no Líbano

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