Um laboratório público americano comemorou nesta terça-feira (17) um "avanço histórico" após ter produzido através da fusão nuclear mais energia do que já criada antes, despertando o entusiasmo em cientistas de todo o mundo.
A experiência, realizada em 8 de agosto na Instalação Nacional de Ignição (NIF) na Califórnia, "foi possível graças à concentração da luz de lasers", não menos que 192, "em um alvo do tamanho de um projétil" de caça, explica um comunicado.
Isto teve o efeito de "produzir um ponto quente do diâmetro de um fio de cabelo, gerando mais de 10 quadrilhões de watts por fusão durante 100 trilionésimos de segundo".
Trata-se de oito vezes mais energia do que durante as últimas experiências realizadas na primavera no hemisfério norte.
A fusão nuclear é considerada por seus defensores a energia do futuro, em especial porque gera poucos resíduos e nenhum gás de efeito estufa.
É diferente da fissão, técnica usada atualmente nas usinas nucleares e que consiste em quebrar os elos de núcleos atômicos pesados para liberar energia.
A fusão é o processo inverso: dois núcleos atômicos leves se "casam" para criar um pesado. Neste caso, dois isótopos (variantes atômicas) de hidrogênio, dando origem ao hélio.
Este é o processo que ocorre nas estrelas, incluindo o nosso sol.
"Este avanço coloca os pesquisadores muito perto do limiar da ignição", segundo o comunicado, ou seja, o momento em que a energia produzida supera a usada para provocar a reação.
Já estão em andamento os preparativos para reproduzir esta experiência, que levará "vários meses", informou o comunicado, especificando que informações mais detalhadas serão publicadas em uma revista científica.
"Este resultado é um avanço histórico para a pesquisa da fusão por confinamento inercial", disse Kim Budil, diretor do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, ao qual o NIF é subordinado.
"As equipes do NIF realizaram um trabalho extraordinário", comentou o professor Steven Rose, codiretor do centro de pesquisas nesta área da universidade Imperial College London. "Este é o avanço mais significativo na fusão inercial desde seus primórdios, em 1972".
"Transformar este conceito em uma fonte de energia elétrica renovável será provavelmente um processo longo e suporá superar importantes desafios técnicos", afirmou, no entanto, Jeremy Chittenden, codiretor do mesmo centro em Londres.
Na França, o projeto internacional Iter também tem como objetivo controlar a produção de energia a partir da fusão do hidrogênio. A montagem do reator começou há um ano no departamento de Bouches-du- Rhone.