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Kremlin acusa Trump de tentar coagir Europa a comprar energia dos EUA

O Kremlin rejeitou nesta quinta-feira a afirmação feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a Alemanha está “refém” da Rússia devido à sua dependência energética, dizendo que a declaração é parte de uma campanha norte-americana para coagir a Europa a comprar energia dos EUA.

Trump disse à Alemanha em uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em Bruxelas na quarta-feira que é errado apoiar a construção de um gasoduto de 11 bilhões de dólares sob o Mar Báltico para importar ainda mais gás russo e, ao mesmo tempo, demorar para pagar os gastos de defesa da OTAN.

Trump fez os comentários antes de sua reunião de segunda-feira com o presidente russo, Vladimir Putin, em Helsinque, mas o Kremlin disse que eles não devem ter impacto no que já se antevia como um encontro difícil devido aos vários desentendimentos entre os dois países.

A Rússia está ansiosa para levar adiante o gasoduto Nord Stream 2, que tem o potencial de duplicar suas exportações de gás para a Alemanha por baixo do Mar Báltico, desviando de rotas tradicionais pela Ucrânia, com a qual tem más relações.

Mas Washington se opõe ao projeto, e um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse à Reuters na quarta-feira que empresas ocidentais que investiram no gasoduto correm risco de enfrentar sanções.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a declaração de Trump marcou uma escalada em uma campanha norte-americana para minar as remessas de gás russo para a Europa na tentativa de fomentar seu próprio setor energético.

“Quanto à dependência da Alemanha (da Rússia) como grande compradora de gás, não podemos concordar com essa premissa”, disse Peskov aos repórteres em uma teleconferência.

“Os suprimentos de gás por gasoduto não levam à dependência de um país do outro, mas à dependência mútua completa. Isto é uma garantia de estabilidade e desenvolvimento futuro”.

Peskov afirmou que Moscou vê as objeções de Washington ao novo gasoduto como uma “concorrência injusta” que visa tentar forçar países europeus a comprarem gás natural liquefeito mais caro dos EUA.

“Consideramos que esta é uma questão de concorrência econômica e que… os compradores devem tomar suas próprias decisões”.       

Trump diz que reunião com Putin pode ser a mais fácil de viagem pela Europa

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que a reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, na próxima semana, pode ser a mais fácil de sua viagem oficial pela Europa, dizendo que Moscou é um competidor e não um inimigo.

Questionado se Putin representa uma ameaça, Trump disse: “Eu não quero que ele seja, e é por isso que temos a OTAN”, após cúpula da aliança militar em Bruxelas.

“Ele é um competidor”, disse Trump a repórteres. “Ele é meu inimigo? Ele não é meu inimigo… Com esperança, algum dia, talvez, ele será um amigo. Eu só não o conheço muito bem”.

Trump disse que abordará questões como o controle de armas, a possível ampliação do tratado Novo Começo e violações da Rússia ao Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) durante as conversas com Putin.

“Nós queremos apurar sobre a Síria. Nós iremos falar sobre interferência… Nós iremos falar sobre a Ucrânia”.

Trump e Putin podem concordar em retomar conversas sobre controle de armas

Quando Donald Trump conversou pela primeira vez com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, após se tornar presidente dos Estados Unidos, ele criticou o tratado “Novo Começo” – um pilar de controle de armas – como um acordo ruim para a América.

Quando os dois se encontrarem na segunda-feira em Helsinque, eles devem conversar sobre uma extensão, ou não, deste acordo até 2026 e o que fazer sobre outro pacto, o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) para tentar diminuir o alto risco de rivalidade nuclear entre os ex-inimigos da Guerra Fria.

Ex-autoridades dos EUA, especialistas em controle de armas e diplomatas não esperam uma decisão sobre renovação do Novo Começo ou sobre o Tratado INF em Helsinque, mas, ao invés disto, no melhor cenário, um acordo para especialistas assumirem as questões.

“O resultado mais provável é o recomeço de conversas de estabilidade estratégica entre os EUA e a Rússia”, disse Frank Rose, um ex-secretário de Estado assistente dos EUA para controle de armas, que agora trabalha no Brookings Institution.

As conversas mais recentes entre EUA e Rússia sobre “estabilidade estratégica” – um termo abrangente para questões relacionadas a controle de armas nucleares – aconteceu em setembro e uma rodada subsequente marcada para março foi cancelada, refletindo tensões nas relações entre os países.

Um acordo para retomar conversas irá permitir que ambos os lados argumentem que estão atacando uma questão importante, um resultado que analistas dizem poder apelar para os egos dos dois líderes, enquanto deixam autoridades de níveis mais baixos lidando com o âmago das questões.

Isto também pode ser uma rara conquista para dois países em desacordo por conta de acusações de que Moscou interferiu na eleição norte-americana de 2016, da anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e do apoio para separatistas no leste da Ucrânia, que geraram sanções dos EUA, e seus envolvimentos em lados opostos na guerra civil síria.

Antes da cúpula, diplomatas russos destacaram a necessidade de conversas para estabilidade estratégica, dizendo que tratados existentes de controle de armas estão se desfazendo e que temem que Washington irá se retirar do tratado INF. Ambos lados acusam o outro de violar o tratado.

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