A apresentadora australiana do canal chinês em inglês CGTN Cheng Lei foi oficialmente detida e acusada de "divulgar segredos de Estado no exterior", anunciou nesta segunda-feira o ministério das Relações Exteriores da Austrália, seis meses depois de sua detenção.
A chanceler australiana, Marise Payne, afirmou que em 5 de fevereiro as autoridades chinesas a informaram sobre a prisão de Cheng Lei, que foi detida em agosto sem nenhuma explicação. A detenção da apresentadora, que entrevistava diretores de empresas em todo o mundo para os programas da emissora pública CGTN, aconteceu em um momento de grande tensão entre Pequim e Canberra.
As relações diplomáticas se deterioraram no início de 2020, após um pedido de Canberra para uma investigação internacional sobre a origem do novo coronavírus, que foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan. A Austrália também critica Pequim por sua influência crescente na região Ásia-Pacífico e suas supostas interferências nos temas australianos.
A China adotou uma série de medidas de represália econômicas contra uma dezena de produtos australianos, como a cevada, carne bovina, vinho e carvão. Payne afirmou que diplomatas australianos visitaram a jornalista seis vezes desde sua detenção. A última aconteceu em 27 de janeiro.
"O governo australiano comunicou, no máximo nível, sua profunda preocupação sobre a detenção da senhora Cheng, em particular no que diz respeito a seu bem-estar e suas condições de detenção", disse a ministra. "Contamos com o respeito aos princípios fundamentais de justiça, equidade jurídica e humanidade, de acordo com as regras internacionais".
Cheng é a segunda cidadã australiana de renome detida na China, após a prisão da escritora Yang Hengjun em janeiro de 2019, acusada de espionagem.