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John Kerry reafirma política de “soberania restrita” na Amazônia

Alerta Científico e Ambiental

MSIa

13 Maio 2021

Todas essas colocações se dão no marco de uma continuidade da agenda de “soberania restrita” sobre a Amazônia, promovida pelos setores das elites dirigentes dos EUA e dos países europeus que criaram e controlam o ambientalismo internacional, a qual tem prevalecido desde o início da investida contra o Brasil, no final da década de 1980, para enquadrar o País como o “vilão ambiental número um” do planeta.

É, pois, evidente que qualquer tentativa de o Brasil responder com um esforço de “apaziguamento” ou de alívio de tais pressões com concessões quaisquer, estará fadada ao fracasso. A agenda está estabelecida há mais de quatro décadas e não mudará; o que precisa mudar é a resposta brasileira a ela.

Por outro lado, é preciso reiterar que o Brasil não pode agir no cenário internacional como um “mendigo”, tomando de empréstimo a expressão usada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, vinculando a sua política ambiental a recursos externos de toda sorte, algo incompatível com a afirmação da sua soberania plena sobre a região.

Da mesma forma, o País precisa deixar de lado a pretensão – ilusória e injustificada – de que é credor de imaginários “serviços ambientais” prestados ao mundo, com a preservação da sua biota vegetal. A despeito de todo o alarido sobre esses “serviços”, tal conceito se prende à alegada relevância do bioma Amazônia para a dinâmica climática global, tese que carece de evidências científicas sólidas, baseando-se em questionáveis modelos teóricos computadorizados cujo resultado é projetar toda sorte de catástrofes imaginárias para as próximas décadas.

A recuperação da soberania plena sobre a Amazônia requer uma estratégia em duas frentes.

Uma, interna, com o estabelecimento de uma ampla política de desenvolvimento real para a Amazônia Legal, com critérios definidos no País e com ampla participação das lideranças regionais de todos os setores – políticas, empresariais, acadêmicas, societárias, indígenas etc. Evidentemente, isto teria que ocorrer no contexto de uma iniciativa nacional para a retomada do desenvolvimento socioeconômico de todo o País, permitindo-lhe superar a camisa-de-força da política de “austeridade” em vigor.

De longe, a maior vulnerabilidade da atitude nacional é a crença obsessiva de que as perspectivas de avanços do País dependem de investimentos externos, não cabendo outra atitude além da aceitação das suas condicionalidades. De fato, o maior fator de “insustentabilidade” da civilização mundial é o sistema financeiro internacional em sua atual forma parasitária da economia real, e não qualquer critério referente ao meio ambiente ou à suposta escassez de recursos naturais.

Em outras palavras: não há qualquer possibilidade de desenvolvimento da Amazônia e do País em geral, com a insistência na preservação da política econômica praticada pelo ministro da Economia Paulo Guedes, cuja obsessão ultraliberal ameaça converter a estagnação que se arrasta desde 2015 em uma brutal “estagflação” com graves consequências socioeconômicas e políticas.

A outra frente é a externa, buscando uma aproximação e eventual cooperação com países em desenvolvimento da Ásia, África e América Latina, que enfrentam pressões semelhantes. Como temos enfatizado neste Alerta, uma iniciativa que poderia ser rotulada como “Bandung 2.0”, em referência à conferência de 1955 que lançou as bases do Movimento dos Não-Alinhados, no âmbito do impulso de descolonização do pós-guerra. Iniciativa que poderá ter um peso igualmente relevante para a neutralização desta nova forma de colonialismo, que é o ambientalismo internacional.

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