O Japão lembrou nesta quarta-feira os 67 anos de sua rendição na Segunda Guerra Mundial com uma mensagem em favor da paz, mas em meio a crescentes atritos com a Coreia do Sul, onde ainda há profundas cicatrizes da colonização japonesa (1910-1945).
Em cerimônia para lembrar a rendição que supôs o fim definitivo do conflito, o primeiro-ministro do Japão, Yoshihiko Noda, reconheceu que a expansão bélica do Japão "causou danos e dor consideráveis a cidadãos em muitos países, em particular na Ásia", e expressou um "profundo remorso" por isso.
O imperador japonês, Akihito, de 78 anos, aproveitou a ocasião para prestar homenagem aos cerca de 2,3 milhões de soldados e 800 mil civis japoneses mortos durante a guerra, e pediu "que a tragédia não se repita".
Foi o pai de Akihito, o imperador Hirohito, que há 67 anos anunciou, poucos dias depois do lançamento das bombas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki, a rendição incondicional do Japão em um histórico discurso transmitido por rádio.
Embora tenham se passado mais de seis décadas desde então, a brutal campanha colonizadora do Japão na Ásia ainda tem influência nas relações diplomáticas com vizinhos como a Coreia do Sul e a China, com os quais o Governo japonês também mantém disputas territoriais.
Na última semana, os atritos aumentaram com a Coreia do Sul, especialmente depois que o presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, visitou as ilhas Dokdo (conhecidas como Takeshima no Japão), cuja soberania é disputada pelos dois países.
O mal-estar aumentou depois de o presidente sul-coreano ter pedido nesta terça-feira "sinceras desculpas" do imperador do Japão pelos falecidos durante a colonização japonesa na Coreia do Sul.
O Governo de Tóquio respondeu com um protesto diplomático e as críticas do primeiro-ministro do Japão, que em declarações recolhidas hoje pela agência Kyodo definiu como "lamentável" a atitude de Seul.
Hoje, Lee mencionou novamente o peso histórico da colonização japonesa e afirmou que isso "dificulta" as relações com o Japão. O presidente sul-coreano referiu-se, em particular, ao delicado tema das mulheres escravizadas sexualmente pelo Exército japonês durante a Segunda Guerra Mundial.
A tensão subiu mais um degrau com a visita de dois ministros japoneses ao controverso santuário de Yasukuni, em Tóquio, que homenageia os militares japoneses mortos, entre eles vários criminosos de guerra.
A Coreia do Sul, que contempla Yasukuni como um símbolo da brutalidade militar do Japão, criticou essa visita, feita hoje, a qual classificou de "irresponsável".