O Irã vai reativar parte de seu programa nuclear suspenso em resposta à retirada dos Estados Unidos de um acordo nuclear de 2015, mas não planeja deixar o acordo, informou a agência de notícias estatal IRIB nesta segunda-feira.
Mencionando uma fonte próxima a uma comissão oficial que supervisiona o acordo nuclear, a IRIB informou que o presidente Hassan Rouhani anunciaria que o Irã reduziria alguns de seus compromissos “menores e gerais” sob o acordo em 8 de maio — exatamente um ano após o presidente Donald Trump anunciar a retirada dos EUA.
Posteriormente, Trump reaplicou duras sanções ao Irã, incluindo sobre suas exportações vitais de petróleo com a intenção declarada de reduzi-las a zero e privar a economia do país do Oriente Médio.
“A República Islâmica do Irã, em reação à saída da América do acordo nuclear e às promessas ruins de países europeus sobre o cumprimento de suas obrigações, vai reiniciar uma parte das atividades nucleares que foram interrompidas sob as diretrizes do acordo nuclear”, disse a fonte, de acordo com a IRIB.
De modo semelhante, a agência semi-oficial de notícias estudantil do Irã (Isna) informou que o país vai anunciar “ações recíprocas” na quarta-feira para a retirada dos EUA do acordo nuclear, citando “fontes com conhecimento” da questão.
Alguns líderes da União Europeia foram extraoficialmente notificados sobre a decisão do Irã, de acordo com a reportagem.
Os EUA agiram na sexta-feira para forçar o Irã a interromper sua produção de urânio de baixa concentração e expandir sua única usina nuclear.
Trump, que não era presidente quando o acordo foi negociado, disse que havia brechas favoráveis ao Irã a respeito de não haver algo para conter o programa de mísseis balísticos ou o apoio a forças em várias guerras no Oriente Médio.
O Irã informou que seu desenvolvimento de mísseis balísticos não está relacionado à sua atividade nuclear, sendo apenas um mecanismo de defesa, e que seu apoio a aliados no Oriente Médio não é assunto de Washington.
Pentágono diz que porta-aviões e bombardeiros são enviados ao Oriente Médio por conta de "ameaça real" do Irã
O secretário interino de Defesa dos Estados Unidos Patrick Shanahan disse nesta segunda-feira que aprovou o envio de um grupo de porta-aviões e bombardeiros para o Oriente Médio por conta de indícios de “ameaça real de forças do regime iraniano”, mas não deu detalhes de inteligência no caso.
O Conselheiro Nacional de Segurança dos Estados Unidos John Bolton disse no domingo que o país está destacando o grupo de ataque do porta-aviões Abraham Lincoln e uma força tarefa de bombardeio para o Oriente Médio para dar uma mensagem ao Irã.
Embora nem Shanahan nem Bolton tenham dado detalhes sobre informações de inteligência, outros oficiais disseram à Reuters que havia “ameaças múltiplas e reais” contra forças dos EUA por terra e por mar vindas do Irã e de forças próximas à república islâmica, incluindo no Iraque.
“Isso representa um reposicionamento prudente de ativos em resposta às indicações de uma ameaça real pelas forças do regime iraniano”, disse Shanahan pelo Twitter.
Ainda assim, dúvidas permanecem sobre os métodos específicos de obtenção de inteligência, e sobre o quão relevante seria a inteligência, e como essas ameaças se diferem das preocupações rotineiras sobre as atividades militares iranianas na região.
“Pedimos que o regime iraniano cesse todo tipo de provocação. Responsabilizaremos o regime iraniano por qualquer tipo de ataque sobre as forças norte-americanas e seus interesses”, acrescentou Shanahan.
Em um comunicado na segunda-feira, o Pentágono disse que a medida foi tomada em resposta a “indícios de uma prontidão intensificada dos iranianos em conduzir operações ofensivas contra forças dos Estados Unidos e contra nossos interesses”.