Em junho, o Irã informou que soube dos planos de EUA, Israel e Grã-Bretanha de realizar um maciço ataque cibernético contra o país após o fracasso das tentativas diplomáticas de resolver o conflito sobre o programa nuclear iraniano. No entanto, ontem surgiram relatos, oficialmente não confirmados, de que as instalações nucleares do Irã sofreram um ataque de hackers.
Ainda em 2010, o Irã acusou os países ocidentais de tentar bloquear o seu programa nuclear usando um vírus que levou à parada de centrífugas no principal centro iraniano de enriquecimento de urânio.
STUXNET – Obama ordenou os ataques ao Irã
O presidente dos Estados Unidos Barack Obama teria ordenado, já nos primeiros meses de mandato no cargo, que ataques “sofisticados” contra sistemas de computadores de usinas nucleares no Irã fossem intensificados, segundo reportagem do “New York Times” desta sexta (1º).
De acordo com participantes da ação, a decisão aumentou significativamente a primeira ação sustentada por armas cibernéticas do país. De acordo com o “New York Times”, Obama acelerou os ataques (iniciados na administração de George W. Bush), mesmo depois que o vírus, conhecido como Stuxnet, acidentalmente saiu das usinas nucleares iranianas e circulou na internet mundial.
O Stuxnet, desenvolvido em conjunto pelos Estados Unidos e Israel, foi descoberto por empresas de segurança logo após sua “fuga acidental” do Irã. O “New York Times” afirma que houve uma reunião logo após o ocorrido na Casa Branca, com a presença de Joe Biden, vice-presidente dos EUA, e o diretor da CIA (Agência Central de Inteligência) na época, Leon E. Panetta, na qual consideraram que o esforço “havia sido fatalmente comprometido”.
Obama teria perguntado “devemos desligar essa coisa?”, segundo membros da segurança nacional presentes na sala. Ao ser avisado que ainda não estava claro o quanto os iranianos sabiam sobre o código do vírus e que ele ainda estava “causando estragos”, Obama teria decidido continuar o ataque cibernético.
De acordo com o jornal americano, nas semanas seguintes, a usina nuclear iraniana de Natanz foi atacada com uma nova versão do vírus e mais uma vez depois também. Na última série de ataques, poucas semanas depois de o Stuxnet ser detectado no mundo, cerca de 1.000 a 5.000 centrífugas que enriquecem urânio foram paralisadas.
As informações foram obtidas pelo “New York Times” após 18 meses de entrevistas com ex-oficiais americanos, israelenses e europeus envolvidos na ação, além de outros especialistas.
O Irã inicialmente negou que suas usinas nucleares haviam sido atacadas por um vírus de computador, mas depois admitiram o fato. O país, após o ataque, criou uma unidade militar de ciberdefesa em 2011.
O governo dos Estados Unidso apenas recentemente admitiu desenvolver armas cibernéticas e nunca admitiu tê-las utilizado.