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Invasão ao Congresso dos EUA: quatro pessoas morrem

Quatro pessoas morreram durante a invasão à sede do Congresso americano na tarde desta quarta-feira (06/01), durante o processo de certificação da vitória do presidente eleito Joe Biden, segundo a polícia de Washington. Uma das vítimas é uma mulher, civil e de identidade ainda não revelada.

A polícia também informou que pelo menos 50 pessoas foram presas (a maioria por violar o toque de recolher). Depois de uma grande manifestação que contou com a presença do atual presidente dos EUA, Donald Trump, em frente à Casa Branca, alguns participantes marcharam até o Capitólio para denunciar o que consideram uma fraude eleitoral — o republicano afirmou aos presentes que eles e seus apoiadores "nunca concederiam" a vitória de Biden.

Após enfrentar policiais nas entradas do Congresso, algumas pessoas conseguiram entrar no prédio, o que levou à suspensão das sessões no Senado e na Câmara e ao bloqueio de acesso aos corredores das duas casas. Com isso, a prefeita de Washington D.C. anunciou um toque de recolher a partir de 18h no horário local (20h em Brasília).

Segundo Kayleigh McEnany, porta-voz da Casa Branca, a Guarda Nacional foi convocada para controlar a situação. Por volta de 22h no horário de Brasília, o Senado retomou a sessão. E, no retorno, o atual vice-presidente, Mike Pence, afirmou que o Capitólio viveu um "dia sombrio".

"Para aqueles que causaram danos ao Capitólio hoje, vocês não ganharam", disse Pence, acrescentando que, diferentemente de relatos mais cedo, nunca deixou o prédio do Legislativo para se abrigar.

Nos Estados Unidos, o vice-presidente cumpre também o papel de presidente do Senado.

"A violência nunca vence. A liberdade vence, e esta ainda é a casa do povo. Ao nos reunirmos novamente nesta casa, o mundo testemunhará mais uma vez a resiliência e a força de nossa democracia, mesmo depois de violência e vandalismo sem precedentes."

Confronto

A certificação, que normalmente é uma mera cerimônia de formalização, se tornou um evento repleto de emoções e controvérsias neste ano, uma vez que Trump se recusa a reconhecer a idoneidade do processo eleitoral e sua derrota.

Vídeos postados por jornalistas nas redes sociais mostraram confrontos entre policiais e manifestantes nos corredores do Capitólio.

O vice-presidente Mike Pence, que presidia a sessão de certificação, foi levado para um local seguro, enquanto outros parlamentares se abrigaram em seus gabinetes.

Funcionários do Congresso e jornalistas presentes no local relataram ter recebido ordens de se resguardar e colocar máscaras contra gás lacrimogêneo.

Os apoiadores do republicano que conseguiram entrar no Capitólio gritavam "We want Trump" ("Queremos Trump") e tiravam fotos com estátuas e outras instalações da construção histórica.

Redes sociais retiram vídeo e conta de Trump

Em vídeo gravado na Casa Branca e publicado no Twitter, Trump chegou a pedir que os invasores do Capitólio voltassem para casa., mas repetindo a alegação de que a eleição foi roubada.

Horas depois, a rede social suspendeu a conta do presidente por pelo menos 12 horas afirmando que as mensagens dele questionando a integridade da eleição tinham relação com os atos de violência.

"Sei da sua dor. Sei que está machucado", afirmou Trump no vídeo, alegando falsamente que a eleição foi "roubada".

"Todo mundo sabe disso. Especialmente do outro lado (oponentes). Mas vocês precisam ir para casa agora."

O Facebook e Youtube também removeram conteúdo postado pelo presidente com justificativas parecidas.

Minutos antes do pronunciamento de Trump, o presidente eleito, o democrata Joe Biden, havia feito um discurso desde Wilmington, Delaware, pedindo que o republicano desse "um passo à frente" e pedisse na TV "o fim desta ocupação".

"Não é um protesto, é uma insurreição", afirmou Biden, cobrando que os apoiadores de Trump "recuam e permitam que o trabalho da democracia siga em frente".

Da festa à fúria

Há mais de uma semana, o presidente Trump havia convocado uma marcha de apoiadores em Washington D.C. para pressionar os congressistas a acatar os pedidos de objeção à vitória de Biden feitas pelos seus aliados.

Milhares de pessoas, de Estados como Geórgia, Michigan, Flórida, Kentucky dirigiram por horas para, como disse o empreiteiro Joe Shields, de 45 anos, "tentar impedir que roubem nossa democracia". Shields e a mulher, Donna, carregavam uma placa na qual se lia "Trump ou Tirania".

Eles se juntaram por volta das 9h da manhã, milhares de manifestantes que se reuniam em frente ao Obelisco da capital americana e entoavam cantos de "Mais quatro anos" e "Parem a roubalheira".

Embalados por músicas como 'Macho Man', do Village People, e agitando bandeiras americanas e da campanha trumpista, os manifestantes passaram horas ouvindo de aliados do presidente que estavam sendo enganados e que hoje seria o dia de revidar. "Hoje é o dia em que os patriotas americanos começam a anotar nomes e detoná-los", afirmou o deputado republicano Mo Brooks, o primeiro a oferecer uma objeção à vitória de Biden, sobre os colegas que não queriam embarcar na manobra política.

Mas o clima passou do festivo para o raivoso quando, por volta de meio-dia no horário de Wahington D.C., Trump iniciou seu discurso. O presidente retomou acusações sem provas de que a eleição foi roubada e se voltou contra os integrantes de seu próprio partido. Trump disse ao público que era preciso se "livrar de republicanos fracos".

Via Twitter, ele foi ainda mais longe e atacou diretamente o vice-presidente Mike Pence por, a seu pedido, não alterar o resultado eleitoral, algo que legalmente ele não poderia fazer.

"Mike Pence não tem coragem para fazer o que é preciso para proteger o nosso país", escreveu o presidente.

Antes mesmo que Trump terminasse seu discurso, a multidão começou sua marcha em direção ao Congresso. Ao chegar aos arredores do prédio, souberam que do lado de dentro republicanos discursavam que acatar o pedido de Trump seria retirar a democracia do país do rumo.

O líder do partido no Senado, Mitch McConnell, afirmou que "nada diante de nós prova que houve em qualquer lugar ilegalidade próxima à escala necessária para ter definido a eleição. Nem pode a dúvida pública por si só justificar uma ruptura radical quando a própria dúvida foi incitada sem qualquer evidência".

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