Nota DefesaNet
Texto em espanhol no Diario las Americas,
Nicolás Maduro se escuda en la movilización militar Link
O editor
Edgar C. Otálvora
Analista
@ecotalvora
A promulgação de uma ordem executiva pelo presidente Barack Obama (09MAR15) impondo sanções a funcionários do regime venezuelano, tornou-se uma nova fase no confronto entre os dois Governos e na justificação de novas ações militaristas dentro Venezuela e, amparado por uma Lei Habilitante, a ameaça de uma nova repressão contra setores da oposição.
A ordem de Obama criou o "Programa Venezuela" no Departamento do Tesouro americano a "Specially Designated Nationals List", que reúne milhares de pessoas e entidades sujeitas a várias sanções. A lista “SPN” foi aberta com seis altos chefes militares e administrativos, identificados pelas Casa Branca como violadores dos direitos humanos e que não terão um visto para entrar os EUA e terão seus ativos congelados lá.
A reação de Evo Morales e Rafael Correa ante a Ordem Executiva de Obama foi para solicitar a convocação de uma reunião de Cúpula Presidencial “anti-imperialista” da UNASUL, antes que os ministros das Relações Exteriores dos países membros se reunissem com urgência, em Montevidéu, em 12MAR15. A solicitação de Morales e Correa caíu em ouvidos surdos entre a maior parte dos governos da América do Sul, mais dispostos a emitir apoio pela imprensa a Maduro, mas pouco interessados ?? em apimentar as relações com os EUA.
Apesar da pressão do Equador, Bolívia e Venezuela, a reunião de chanceleres da UNASUL não foi realizada na data indicada. Vários ministros argumentaram compromissos anteriores para não viajar ao Uruguai, mostrando a pouca relevância que está sendo atribuída por várias Chancelarias estrangeirasao novo episódio na disputa entre Maduro e os EUA. A este impasse soma-se os insultos dirigidos por Maduro ao Vice-presidente uruguaio Raul Sendic.
A reunião dos chanceleres foi novamente convocado para sábado 14MAR15, não no Uruguai (país que detém a presidência rotativa), mas, na sede da UNASUL, em Quito. Fontes de várias Chancelarias sul-americanas, consultados para este relatório concordam na avaliação, que é pouco provável a convocação de uma reunião de cúpula presidencial da UNASUL. Aprovação deve ser unânime e vários governos não apoiariam tal medida.
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Em 10MAR15, Nicolas Maduro participou da Assembléia Nacional para apresentar um projeto de lei que permitirá que possa legislar por decreto presidencial. Naquela ocasião, ele anunciou que, em resposta a Ordem Executiva de Obama, que tinha ordenado a realização de uma "exercício militar defensivo", no sábado (14MAR15), com a participação da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e da Milícia Bolivariana. Por sua parte, o presidente da Assembléia Nacional e membro do Comando Revolucionário, Diosdado Cabello, convocou as células chavistas chamadas de “Unidades de Batalla Bolívar–Chávez” para se juntar às "manobras militares” convocadas por Maduro. (Nota DefesaNet – As manobras do dia 14MAR15 foram chamadas de Escudo Soberado)
Parece que na incapacidade de “montar” maciças manifestações de rua em seu apoio, Maduro optou por mostrar o apoio militar, ao qual acrescenta o das "milícia", civis uniformizados envolvidos em ações militares. Na verdade, foi a segunda chamada que Maduro fez para reunir civis militarizados em menos de duas semanas.
No sábado (07MAR15), antes da Ordem Executiva de Obama, o Governo Maduro convocou os membros da "Milícia Bolivariana" por um período definido pelo ministro da Defesa, general Vladimir Padriño como "formação, motivação e patriotismo." Oficialmente 18.000 milicianos teriam participado dos exercícios de “Escudo Patrio de Movilización Nacional”. Fotos das concentrações em Macarao, na periferia de Caracas, mostram pessoas com indumentária militar e alguns com camuflagem, levando fuzis de assalto. A poucos metros das residências, estavam posicionadas várias peças de artilharia, vilando os princípios de segurança, o que parecia ser canhões de 105mm M40.
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A máquina de propaganda do regime chavista procura criar uma reação anti-americana na opinião pública venezuelana, mostrando as sanções americanas como ações contra o povo da Venezuela, e tenta vincular a oposição venezuelana à decisão de Obama. Aliás, em uma pesquisa realizada durante o passado mês de Dezembro, em nível nacional, para a questão de quem lidera a oposição venezuelana, para 1,8% dos entrevistados disseram que são os EUA. Tudo me senti tão se definem como Chávez. Por outro lado, para 3,2% dos entrevistados os verdadeiros líderes do cavismo são os irmãos Raul Chavez e Fidel Castro.
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Crescentes temores de violência política são sentidos no Brasil. Na tarde, de 24FEV14, com o ex-presidente Lula da Silva como o orador principal, foi realizada no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio de Janeiro, um comício organizado pela governista Central Única dos Trabalhadores (CUT). As descobertas de corrupção e dos processos judiciais, no caso da Petrobras, onde os partidos políticos e os líderes dos partidos PT e seus aliados são financiados, está sendo apresentada pelo governo como uma tentativa da "direita" de privatizar a empresa estatal de petróleo.
Enquanto ocorria o confronto entre oficialistas e opositores, dentro da sede da ABI, Lula disse: "Temos de defender a nossa Petrobras e, especialmente, defendendo a reforma política e defender a democracia. Eu quero paz e a democracia, mas eles não querem e também sabemos lutar, especialmente quando o Stédile colocou seu exército ao nosso lado … ". O "eles" denunciado por Lula é a oposição do Brasil. O "Stédile" a que refere-se Lula, é o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, que naquela noite fazia parte da presidência do ato da CUT.
O especulava-se que nos meios políticos brasileiros foi confirmado: a decisão do PT de negociar o apoio do MST, para ser a ponta de lança violentanos confrontos de rua com a oposição. Stédile, que também mantém alianças operacionais com o regime venezuelano , em 05MAR14 interveio em um ato de apoio ao Governo de Nicolás Maduro, em Caracas na Plaza Bolivar. Naquela ocasião, revelando suarenovada relação pública com o governo brasileiro, Stédile saudou os participantes em nome de "companheiro Lula".
Três dias mais tarde, Maduro foi acompanhada por Stédile em um programa de TV transmitido ao vivo a partir de um supermercado estatal “Valles del Tuy”, na periferia de Caracas, como parte de sua campanha de publicidade que tenta refutar a crise de abastecimento vivida pelo país. Com aplausos de Maduro e os participantes no show, incluindo militares, Stédile pegou o microfone para garantir que na Venezuela "não há filas, mas “una derecha de mierda", a qual convidou para ir para Miami, "e nos deixe em paz ". O chefe da organização especializada na invasão de terras rurais tornou-se uma peça importante na atual química política entre os governos da Venezuela e do Brasil.
Stédile (MST) discursa em evento junto com Maduro em Caracas.
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Lula está se reunindo ao seu redor grupos violentos, em meio a uma crescente onda de descontentamento contra o governo de sua pupila Dilma Rousseff. Para domingo (15MAR15) são convocadas manifestações e protestos em mais de 50 cidades brasileiras, mas a chamada não atender a uma única linha de ação. Grupos ou movimentos criados através da Internet, como "Revoltados On Line", liderado por Marcello Reis e grupos de tendência militar, seguem o slogan "Fora Dilma". Os primeiros defendem impeachment e os segundos intervenção militar. Uma terceira linha, representada por líderes e militantes dos partidos da oposição, sai para apoiar investigações judiciais sobre o caso Petrobras.
As poderosas associações empresariais de São Paulo não deixaram conhecer o seu desacordo com o pedido de impeachment, e representam, em sua opinião, um aprofundamento dos problemas econômicos. Esta posição também foi expressa por Fernando Henrique Cardoso e o ex-candidato Aécio Neves, do PSDB, que argumentam que eles não estão dadas as condições políticas para a acusaro Rousseff.
O impeachment é um processo que será decidido e executado no Congresso, para que as forças que moldam ali representado é a chave para encaminhar ou não o processo contra o presidente. O impeachment contra Rousseff está nas mãos do artido aliado ao governo, o PMDB, que ocupa a vice-presidência do Brasil e preside as duas casas do Parlamento.
Ainda não está clara quais as são as chances de uma ruptura entre o PMDB e o governo do PT, mas é uma opção não descartada para os próximos meses. Enquanto isso, há temores crescentes de violentos confrontos entre grupos de oposição como "Revoltados On Line" e forças pró-governo.