Leia a versão em espanhol: Informe Otálvora – Bolivia y Ecuador mas cercanos de MERCOSUR
Edgar C. Otálvora
Noticiasclic.com
Tradução: Ísis Girardi Barcellos
E-mail: isis.girbar@gmail.com
A morte da Comunidade Andina das Nações (CAN) com pacto comercial pareceu iminente. Os governos de Rafael Correa e Evo Morales formalizaram o pedido de ingresso como membros plenos ao MERCOSUL de Equador e Bolívia durante a Cúpula de hoje (07/10) em Brasília. Se bem o governo boliviano expressou sua intenção de continuar na CAN, a realidade é que os pactos comerciais MERCOSUL e CAN são exclusivos.
Da Cúpula de Brasília surgirá o mandato para ativar as negociações de caráter técnico que devem terminar em um cronograma de homologação de normas, essencialmente comerciais, dos novos membros com o resto do MERCOSUL.
A aspiração da chancelaria brasileira é que no ano de 2015 esteja constituído um esquema de livre mercado na América do Sul.
A Venezuela, cujo governo mantém difíceis relações com Israel, foi visitada pelo chanceler palestino logo que aconteceu a votação na ONU que conferiu a Palestina o caráter de “país observador” em 29 de novembro. Oficialmente, durante a presença de Riyad Al Maliki em Caracas, foram assinados acordos em matéria de política, agrícola, comercial, econômica, saúde, turismo e educação. “A Venezuela é a porta da América do Sul, portanto entramos pela porta de entrada para desenvolver relações na região”, afirmou o chanceler da Palestina. Desta maneira ficou acordado o pacto com o qual o governo de Chávez está pronto para repetir o papel desempenhado com o Irã, ao abrir os espaços políticos com a Palestina na América do Sul.
Do total de nove países que votara contra o ingresso da Palestina na ONU um deles é latino-americano: Panamá. Das 31 abstenções, cinco procederam da América Latina e o Caribe: Barbados, Colômbia, Guatemala, Haiti e Paraguai. Desses países é relevante a votação da Colômbia, a qual tende confirmar as especiais relações que mantém o governo de Santos com Israel, especialmente na área militar.
O governo colombiano não está preparado para a falha da Corte de Haya, que lhe significou a perda de uma importante extensão de território marítimo ao redor di Arquipélago de Santo Andrés. A decisão colocou Juan Manuel Santos numa posição na qual seu próprio futuro político, ou seja, sua reeleição está em jogo.
Desde 19 de dezembro, quando a Corte alterou as tradicionais fronteiras da Colômbia em benefício da Nicarágua, o governo de Juan Manuel Santos se mostrou duvidoso em sua reação. De dentro do governo colombiano apareceram as diversas reações, desde judiciais até militares, passando por ações diplomáticas, todas elas tentando impedir que a Nicarágua exerça jurisdição sobre as áreas que lhe foram asseguradas pela Corte. Diversos rumores espalhados por agências internacionais inclusive falaram de uma eventual viagem de Santos à Havana para conversas com Raúl Castro e Hugo Chávez e uma eventual conversa com Daniel Ortega. Esta última, solicitada pela Colômbia, produziu uma mudança de governo no México em 01 de dezembro.
A equipe de advogados estrangeiros que assessoraram a Colômbia em seu julgamento contra a Nicarágua teria sido deixada de lado. A chancelaria estaria à procura de um escritório britânico tanto que Santos designou um rol de advogados colombianos de primeira linha. Todos eles têm como propósito buscar argumentos e possíveis cursos de ações para eventualmente atuar na própria Corte contra a sentença. No entanto, Santos ordenou ao Ministério da Defesa que mantivesse presença naval nas que antes eram suas águas ao norte e sul do Arquipélago.
A Nicarágua precisa de uma frota naval que lhe permita compensar a presença colombiana na área. Um choque armado, por agora, parece pouco provável. Mas as frotas pesqueiras privadas nicaraguenses que já decidiram pescar nas que eles consideram suas novas áreas de pescas poderiam converter-se em uma causa dos atritos entre Bogotá e Manágua. Já em 04 de dezembro, o general Julio Avilés, chefe do exército nicaraguense, recebeu reclamações de empresas de pesca daquele país contra a Marinha da Colômbia.
Uma extensa lista de designações diplomáticas foi anunciada pela Venezuela. Desde sua entrada em Cuba, Hugo Chávez ordenou as designações dos embaixadores, muitos com destino à África. Os anúncios de 03 e 04 dezembro incluindo os chefes de missão diplomática para Moçambique (concorrente em Malaui e Madagascar), República Democrática do Congo, Gâmbia (concorrente em Cabo Verde), Benin (Tongo, Gana, Costa do Marfim e Níger), Quênia, Angola, África do Sul e Sudão.
No mesmo dia que a Venezuela anunciava o aumento de sua presença na longínqua África, o governo da Noruega tornava pública a decisão de encerrar sua missão diplomática em Caracas e mudá-la para a Colômbia. O ambiente para os negócios e a presença da Noruega nas negociações de paz Santos-FARC são os argumentos noruegueses para a medida.
Evo Morales, mostrando pragmatismo em matéria de negócios, está deixando de lado o veto que os governos do Eixo de Havana – Caracas mantém contra o Paraguai. A Bolívia estreia-se como exportadora de Gás Líquido (GLP) e seu primeiro comprador é justamente o Paraguai. A estatal Jazidas Petrolíferas Fiscais Bolivianas (YPFB) começará a prover mensalmente 1.000 toneladas de GLP ao Paraguai por uma quantia de US$ 750,000 ao mês. A primeira entrega realizar-se-á no mês de dezembro de 2012, assim que o Paraguai se liberar das comprar de gás da Argentina. Ainda são lembradas as violentas campanhas contra a exportação de gás, parte das ofertas com as quais Evo Morales construiu sua imagem que o levou ao poder em 2006.