Clique aqui e leia a versão em espanhol: Informe Otálvora – Las elecciones venezolanas y sus impactos politicos
Edgar C. Otálvora
Noticiasclic.com
Tradução: Gustavo Nardon
Desfesanet Agência de Notícias
Os governos da Venezuela e da Colômbia, assinaram em Cartagena das Índias, em 15 de abril deste ano, um acordo de liberalização do comércio. Ele deve ser aprovado por ambos os parlamentos para posterior apresentação perante à Associação Latino-Americana de Integração (ALADI). Este acordo supre a ausência de regras de livre comércio entre os dois países, depois que Hugo Chávez retirou a Venezuela da Comunidade Andina (CAN) em 2006.
Um anúncio feito por Henrique Capriles sobre um retorno iminente da Venezuela à Comunidade Andina de Nações, caso ganhasse a eleição, fez com que o governo de Juan Manuel Santos mantivesse congelado o envio do acordo ao Congresso colombiano. Na segunda-feira, 8 de outubro, poucas horas de saber os resultados na Venezuela, e ainda de pijama em seu quarto no Palácio de Nariño, o recentemente operado presidente Juan Manuel Santos, ordenou o envio ao Congresso do projeto de lei para ratificar o acordo de comércio com Venezuela.
O possível triunfo eleitoral de Capriles, fez com que as FARC supostamente pedisse a remoção da Venezuela de seu papel como companheira do processo de negociações com o governo de Santos. Processo este confirmado com a visita a Caracas da funcionária do canal Telesul e ativista colombiana, Piedad Córdoba, em 7 de outubro, como convidada de Hugo Chávez à testemunhar as eleições.
O governo brasileiro estava disposto e preparado para substituir Venezuela. Isso ficou evidente quando foi conhecida, em 5 de outubro, uma estranha carta pública assinada pelo assessor de política externa da Presidenta Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia, que em nome de sua chefa reiterou a "vontade de contribuir para uma solução negociada".
Dois projetos eleitorais presidenciais sairam fortalecidos ante a continuidade de Chávez na gestão dos recursos orçamentários venezuelanos: Fernando Lugo e Piedad Córdoba. Esta última fez parte da comitiva que acompanhou Hugo Chávez no momento de votar em 7 de outubro.
Após ser julgado e retirado do cargo de Presidente do Paraguai, em 22 de junho, Fernando Lugo deixou para trás o seu plano de disputar as próximas eleições gerais, em 21 de abril de 2013, em busca de uma cadeira no parlamento. Desde então, nega sua pretensão em uma possível candidatura a presidente, posição mantida publicamente até meados de setembro.
Em 9 de outubro, a poucas horas das eleições venezuelanas, Lugo mudou. Nesse dia anunciou que será o candidato esquerdista da Frente Guasu. Supõe-se que o eixo Havana-Caracas tenta restaurar a presidência de Lugo no Paraguai e que sua campanha terá financiamento bolivariano.
Há especulação nos meios diplomáticos da América do Sul sobre uma eventual normalização das relações com o Paraguai, por parte de seus sócios do Mercosul, ante às eleições de abril. Isso abriria portas para a diplomacia de Chávez, sempre ativo em suas tarefas de apoio político e financeiro de seus aliados.
Piedad Córdoba seria a candidata presidencial de esquerda nas eleições colombianas, em 25 de maio de 2014. Pelo menos esse é o plano de Havana e Caracas.
A ex-senadora Córdoba está impedida de exercer cargos públicos na Colômbia até 2028 em razão de suas ligações com a guerrilha. Espera-se que a situação de Córdoba seja colocada na mesa das negociações Santos-FARC, como parte dos temas de futura participação da guerrilha na vida política eleitoral colombiana.
Sabe-se agora que, pouco depois de assumir o governo em agosto de 2010, Juan Manuel Santos, iniciou conversações "indiretas" com Alfonso Cano, o então líder das FARC. Cano foi morto em 4 de novembro 2011 e a proposta de abertura de negociações com o governo foi retomada mediante uma carta pública assinada por Timoshenko, em 10 de janeiro de 2012, o qual substituiu Cano na liderança da guerrilha. Neste contexto, Santos solicitou a intervenção de Hugo Chávez para saber as verdadeiras intenções das FARC.
Hugo Chávez começou a intervir diretamente nas atuais conversas Santos-FARC em uma data muito anterior. O agora Vice-Presidente Executivo, Nicolas Maduro, foi o principal operador nesta área.
Fontes da esquerda colombiana informaram ao presidente venezuelano que conseguiram com que as FARC aceitassem uma agenda “moderada” de negociações. Chávez reinterou sua tese sobre a conquista do poder na Colômbia por parte da esquerda mediante via eleitoral, rivalizando esperiência como Nicarágua ou Bolívia.
Como narrou o espanhol Vicenç Fisas, diretor da Escola de Cultura e Paz de Barcelona, durante os primeiros meses do ano de 2012 se produziu um encontro entre Chávez e o Comandante do Estado Maior Central das FARC, Timoleón Jimenez, Timochenko. O encontro foi confirmado por fontes colombianas e venezuelanas.
A reunião que aconteceu na Venezuela, com pleno conhecimento do governo colombiano, abriu as portas para que finalmente Santos enviasse emissários formais à Havana para abrir as conversações “preliminares”.
Conhecedores em primeira mão das conversas Santos-FARC, o Eixo Havana-Caracas apressou-se em dar início ao projeto-chave para a transição de umas FARC pacificada a um grupo político eleitoral: a configuração do Movimento Político Marcha Patriótica, em 21 de abril. Trata-se de uma confusão de organizações “sociais” e políticas de esquerda radical com nexos ideológicos e operativos com a guerrilha, cuja figura mais conhecida é precisamente Piedad Córdoba. A ex-senadora permaneceu por um longo período em Cuba durante este ano.
O papel da Marcha Patriótica foi confirmado em 10 de outubro por outro porta-voz da organização, Carlos Lozano, diretor do jornal semanal Voz. Segundo Lozano, a Marcha Patriótica abrirá as portas para as FARC ao produzir sua eventual desmobilização, produto das negociações que começaram em meados de outubro na capital norueguesa, Oslo.
Representantes do governo de Rafael Correa e dos países membros do MERCOSUL começaram a trabalhar nas análises técnicas prévias para o ingresso do Equador ao mecanismo comercial sulista.
Em 29 de junho de 2011, a cúpula presidencial do MERCOSUL convidou o Equador para somar-se na qualidade de membro pleno. Posteriormente, em 20 de dezembro de 2011, foi acordada a criação de um grupo ad-hoc para definir “os termos” para a incorporação do Equador como Parte do MEROSUL. O grupo técnico terá o prazo de até um ano para a conclusão de suas atividades.
Diversas fontes asseguram que o próximo país a solicitar o início das negociações para seu ingresso ao MERCOSUL seria a Bolívia. Com isso, a CAN está no caminho de ficar virtualmente sem membros.