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Hollywood resgata história da caça à arte roubada na Segunda Guerra

Nem Hildebrand Gurlitt escapou dos interrogatórios dos Monuments Men (homens dos monumentos), a unidade de especialistas em arte encarregada de preservar as obras roubadas pelos nazistas. O comerciante de arte era um velho conhecido dos detetives da arte. Após a sua morte, ele deixou de herança para o filho um verdadeiro tesouro em obras, que foram agora descobertas num apartamento em Munique.

Gurlitt foi um dos comerciantes de arte mais importantes dos nazistas. Ele foi interrogado pelos caçadores de obras-primas principalmente sobre a arte de fontes francesas – durante a guerra adquiriu pinturas e gravuras em grande estilo de comerciantes de arte em Paris.

A história dos caçadores de obras-primas é conhecida há décadas por historiadores e especialistas da arte. O americano Robert M. Edsel a relatou em seu livro "Os homens dos monumentos", publicado nos EUA em 2009, e acabou chamando a atenção de um público maior para o tema. Logo, George Clooney adquiriu os direitos para filmar a história.

O filme Caçadores de Obras-Primas tem estreia mundial neste sábado (08/02), no Festival de Cinema de Berlim (Berlinale). Hildebrand Gurlitt confere ao caso uma atualidade adicional. Aqui, a história desses caçadores de obras de arte roubadas não é uma história acabada. Pinturas e esculturas continuam a ser saqueadas durante conflitos armados. Isso sempre foi assim e ainda é assim. Em seu livro, Robert M. Edsel aponta para esse fato.

Uma ideia de Eisenhower
 

Dado o sofrimento da população civil, de crianças e mulheres, a destruição de bens materiais parece algo secundário. "Mas o que acontece se vencermos a guerra, mas perdermos os últimos 500 anos de nossa história cultural?", questionou o líder dos Monuments Men, George Stout, no início de sua missão em 1944. A questão também ocupava o comandante americano Dwight D. Einsenhower, que fez da preservação do patrimônio cultural europeu um objetivo de guerra.

Quando as tropas aliadas conseguiram tirar os alemães da Itália e da Normandia, entre as centenas de milhares de soldados, estavam também alguns homens da unidade especial de caçadores de obras-primas. O pequeno grupo tinha uma só tarefa: proteger bens culturais ameaçados, investigar arte roubada e garantir a sua segurança.

Ao bater em retirada da linha de frente, os nazistas perseguiam algumas vezes a tática da "terra arrasada", desconsiderando completamente o valor de edifícios históricos culturalmente importantes. Ao mesmo tempo, os bombardeios dos aliados e soldados saqueadores também foram um perigo para o patrimônio cultural europeu.

Museólogos de uniforme
 

Houve também o roubo de centenas de milhares de pinturas e esculturas de museus, igrejas e coleções particulares por nazistas. Pertenciam à unidade Monuments, Fine Arts and Archives Section (seção dos monumentos, belas-artes e arquivos) 350 mulheres e homens. Eles eram principalmente americanos, mas também havia britânicos, franceses e alemães emigrados.

A maioria tinha uma formação artística: museólogos, restauradores, arquitetos, arquivistas. No tumulto da guerra, em meio ao caos da invasão, eles executavam um trabalho árduo e às vezes perigoso.

A princípio, o trabalho se dedicava principalmente ao registro dos monumentos. Os soldados não se importavam com a arte e a cultura, mesmo quando os nazistas se retiraram. Contra isso agiam os caçadores de obras-primas.

Eles também recorriam de alguns truques. Quando as fitas de isolamento com o letreiro "patrimônio histórico – proibido entrar" não surtiam efeito, então era colocado um cartaz com os dizeres "cuidado, minas". Isso funcionou. Muitas igrejas e palácios, principalmente no norte da França, assim como na Bélgica e na Holanda, puderam ser salvos da destruição.

Tesouros em minas e cavernas
 

Nos últimos dias de ocupação, os alemães praticaram atos devastadores, escreveu George Stout em carta à sua esposa, em agosto de 1944: "Vendo a partir daqui, eles não se parecem ser mais um povo inocente com líderes criminosos. Todos parecem ser criminosos."

Isso ficou particularmente evidente nos últimos dias de guerra, quando os caçadores de obras-primas se depararam com diversos depósitos onde os nazistas armazenaram e esconderam a arte saqueada.

Na maioria das vezes em minas de sal e em minas abandonadas, mas também em palácios e castelos, os líderes nazistas obcecados pela arte esconderam pinturas de Leonardo da Vinci, Vermeer, Rembrandt e Michelangelo. Naquela época, tesouros culturais europeus de inestimável valor foram encontrados debaixo da terra.

Os depósitos foram encontrados pelos membros da unidade especial, que retiraram as obras de arte e as levaram para um depósito central. Dali, elas foram entregues a museus nos primeiros anos do pós-guerra.

O fato de que muitas vezes esses museus não eram os verdadeiros proprietários – e de que pinturas e esculturas foram roubadas principalmente de proprietários de origem judaica – não importou naquela época. Somente décadas mais tarde, depois da queda da Cortina de Ferro, houve um esforço de entregar muitas dessas obras de arte aos seus verdadeiros proprietários ou aos descendentes deles.

 

 

 

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