O governo brasileiro pediu ontem à chancelaria francesa e ao governo local da Guiana Francesa a garantia de segurança no Consulado-Geral em Caiena, cercado por manifestantes desde domingo. Segundo o Itamaraty, foram dadas garantias de segurança dos funcionários e também o acesso ao prédio, para que o atendimento local possa ser mantido.
Os protestos, no entanto, devem continuar. A informação é que a polícia local deverá cercar o consulado, mas não vai dispersar os manifestantes. Segundo o Itamaraty, já existe uma comissão binacional com a França e também com a União Europeia para discutir o cumprimento das normas internacionais de pesca na região.
"Apenas tivemos hoje um incidente com um funcionário que chegou até a barragem que criamos e ordenou que retirássemos tudo, caso contrário ele chamaria a polícia. Mas acho que a polícia não o atendeu, pois ninguém veio nos tirar", completou.
Grupo mantém cerco a consulado na Guiana Francesa
Madeireiros e políticos da Guiana Francesa aderiram ao cerco que pescadores locais estão pro-movendo contra o consulado brasileiro o em Caiena. Bloqueando as ruas que dão acesso ao consulado desde o final da semana passada, os trabalhadores da Guiana insistem que barcos e empresas brasileiras têm "violado a soberania" do território e levado de forma ilegal os recursos naturais da região.
A manifestação começou na sexta-feira, quando pescadores colocaram caminhões ao redor do consulado para protestar contra a pesca feita por brasileiros em águas da Guiana. No fim de semana, o Sindicato dos Garimpeiros aderiu ao protesto, alegando que seus filiados também sofrem com a imigração irregular de brasileiros que estariam garimpando ouro na região.
Ontem, foi a vez dos madeireiros. "Está claro que esse é um fenômeno que não atinge apenas uma classe de trabalhadores", disse ao Estado a diretora do Sindicato de Pescadores da Guiana, Patrícia Triplet. "A imigração de trabalhadores brasileiros está afetando a todos. Não se trata de um protesto contra o Brasil. O que queremos é que o governo francês entenda que es-tamos sofrendo por conta dessa exploração ilegal e que exija dos brasileiros uma providência real", declarou.
Os trabalhadores começam a ganhar o apoio de políticos locais. Segundo a sindicalista, uma reunião realizada ontem numa barraca montada na rua do con-sulado estabeleceu que o cerco será mantido "até que alguém nos escute". Patrícia conta que, apesar de o protesto entrar pelo seu quinto dia, o governo brasileiro ainda não enviou uma delegação oficial para dialogar com os manifestantes.