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Grupo Anonymous desrespeita ética hacker ao usurpar dados privados

Quem se esconde por trás do nome "Anonymous"? Cada vez mais pessoas fazem essa pergunta, desde que o roubo de milhares de dados de cartões de crédito da empresa norte-americana de consultoria Stratfor voltou a colocar a rede Anoymous no centro das atenções.

A briga desencadeada entre os hackers envolvidos mostra como o grupo é heterogêneo e desorganizado: na internet, circulam depoimentos de supostos membros do Anonymous, em defesa de opiniões totalmente díspares. Enquanto alguns se dizem favoráveis ao ataque à Stratfor, outros apontam o mesmo como supérfluo ou até mesmo pernicioso.

De usuários de fóruns a ativistas

As divergências mostram como o Anonymous é, de fato, desorganizado, e como os objetivos de seus membros são distintos. Esses grupos de ativistas são formados espontaneamente de acordo com as metas dos ataques. Quem quiser conhecer mais de perto os hackers do Anonymous e seus pensamentos deve acessar o site 4chan.org, visto como a origem do Anonymous.
 

Tudo o que se encontra ali parece, à primeira vista, inofensivo e pouco espetacular. Mas quem olha com cuidado encontra imagens e textos que podem ser considerados, na melhor das hipóteses, de mau gosto, mas cuja descrição mais correta seria obscenos e exaltadores da violência: há pornografia em todas as suas variações; imagens e textos que ridicularizam pessoas ou mesmo povos; além da representação de armas e violência nas mais diversas formas.

A peculiaridade do 4chan é que qualquer um pode, a qualquer momento, inserir textos e fotos ali dentro, sem necessidade de ter se registrado anteriormente. O autor é mantido no anonimato, tendo sua mensagem inserida no fórum como "anonymous".

Chocar e entreter, mas sem objetivos políticos reais

Sabe-se, contudo, algumas coisas sobre os usuários do site: os organizadores do 4chan.org caracterizam os usuários como predominantemente do sexo masculino, entre 18 e 25 anos de idade. A maioria vem dos EUA, da Europa e da Ásia. O princípio organizacional do Anonymous foi copiado do 4chan: qualquer um pode publicar qualquer coisa. Embora haja diversas discussões, não existem estruturas hierárquicas nem líderes dentro dos grupos.
 

No que diz respeito a seus objetivos, há determinadas semelhanças entre os registros no site 4chan.org e as ações dos hackers. Os usuários do site querem entreter, desviar atenções ou chocar com seus posts, via de regra sem uma meta política maior. No entanto, a rebelião contra as autoridades e instituições como o Estado, o empresariado e os próprios pais, está presente.

As ações do Anonymous também podem ser vistas como parte dessa tradição: os ataques são feitos na maioria das vezes contra empresas ou organizações vistas como poderosas ou superpoderosas. O grupo define, neste contexto, ataques contra "um complexo militar-industrial". O objetivo aqui é chocar e, ao mesmo tempo, demonstrar um certo poder próprio.

Especialistas criticam ataque a Stratfor

No entanto, no que diz respeito ao ataque à renomada empresa norte-americana de consultoria Stratfor, parece que o Anonymous se distanciou de seus preceitos, uma vez que muitos especialistas não veem a empresa como parte de um "complexo militar-industrial". O conhecido blogger bielorrusso Evgeny Morozov afirmou à Deutsche Welle: "Foi um lance muito ingênuo. O ataque deixa transparecer sobretudo como o saber e o pensamento dos hackers do Anonymous são limitados".
 

Mesmo que a empresa Stratfor se autointitule como "inteligência global", Morozov não acredita que ela funcione como uma espécie de serviço secreto. "Com os mesmos argumentos, se poderia também atacar o departamento de pesquisa da revista Economist, por exemplo, só porque ela também tem a palavra intelligence no título", diz ele.

O Anonymous é também polêmico entre organizações estabelecidas, como o Chaos Computer Club (CCC). Constanze Kurz, porta-voz do clube, critica sobretudo o roubo e o uso dos dados dos cartões de crédito dos clientes da Stratfor.

"Essa ação contradiz claramente a ética hacker, que caracteriza o CCC e determina claramente: publicar dados públicos e preservar os privados. É claro que existe entre nós, às vezes, uma simpatia pelas ações políticas do Anonymous. Mas, no acaso do ataque à Stratfor, muitas pessoas privadas foram prejudicadas, e isso não podemos apoiar", conclui Kurz.

Autor: Jörg Brunsmann (sv)

Revisão: Augusto Valente

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