O governo dos EUA não quer dar mole para a Huawei, e quer impedir a empresa chinesa de participar da implementação da tecnologia 5G em outros países, como o Brasil. Nesta terça-feira (10/08), Jake Sullivan, assessor de segurança nacional do governo Biden, expôs suas preocupações sobre o uso de equipamentos Huawei na rede de telecomunicações 5G do Brasil.
Outras autoridades americanas que estiveram em visita recente ao país também teriam pressionado o presidente Jair Bolsonaro. Segundo Juan Gonzalez, diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para o Hemisfério Ocidental, a preocupação existe. “Continuamos preocupados com o papel potencial da Huawei na infraestrutura de telecomunicações do Brasil”, afirmou.
Gonzales também comentou que um dos tópicos do encontro foi o apoio do governo dos EUA à capacidade do Brasil de realizar o que ele chamou de eleições livres, mas desatrelou um assunto do outro. “Apoiamos as aspirações do Brasil como parceiro global da OTAN como uma forma de aprofundar a cooperação em segurança ao longo do tempo entre o Brasil e os países da OTAN.
Isso, no entanto, não está relacionado à cooperação sobre a não-utilização de equipamentos 5G fabricados pela Huawei. Não há quid pro quo”.
A posição do Brasil
Segundo o representante do governo dos EUA, apesar da pressão, o Brasil não se comprometeu a seguir as recomendações e, efetivamente, proibir a utilização de equipamentos Huawei na implementação da tecnologia 5G no país. “O Brasil não se comprometeu conosco em relação à Huawei”, simplificou, confirmando, no entanto, que aconselhou tanto Brasil quanto Argentina a construírem indústrias nativas na implementação da nova tecnologia.
A preocupação do governo dos EUA em relação à participação da Huawei no leilão da 5G no Brasil é baseada em segurança. Desde os tempos das sanções aplicadas pelo ex-presidente Donald Trump, a justificativa é que a companhia chinesa tem como pano de fundo o uso da tecnologia para espionar os cidadãos.
Por conta disso, a empresa foi colocada em uma lista negra em 2019, e impedida de acessar tecnologia crítica de origem norte-americana. Bolsonaro, conhecido por ser extremista de direita, assim como Donald Trump, agora precisa pesar se ficará lado a lado com o governo dos EUA no que tange à participação da Huawei no leilão do 5G.
Para isso, precisará se lembrar de que a China, apesar das contraproducentes declarações do filho, Eduardo Bolsonaro, em meio à crise da Covid-19, ainda é o maior parceiro comercial do Brasil. Em janeiro deste ano, ele recuou do pensamento inicial, e admitiu permitir a participação chinesa. Será que vai mudar de ideia de novo?