MACRON E AS AÇÕES HOSTIS AO BRASIL
“O Brasil para ser desenvolvido e respeitado pelos os demais Estados têm de lutar em defesa de sua soberania e por ideias que exerçam apelo além de suas fronteiras”[1].
Carlos Alberto Pinto Silva[2]
A cobiça sobre as incalculáveis riquezas da Amazônia não é uma exclusividade dos dias atuais. O objetivo de integrá-la definitivamente ao contexto nacional tem sido buscado ao longo das gerações, sem ser, contudo, alcançado plenamente.
Dissociada do restante do território nacional, a Amazônia tem sofrido fortes ameaças que atentam contra a soberania nacional, como é o caso da atual cometida pelo Presidente Macron, da França.
O presidente francês afirmou que está “em aberto o debate sobre a internacionalização jurídica da floresta amazônica”.
A situação vivida na atual conjuntura brasileira é a de paz relativa, uma Guerra Política[3] Permanente, não há inimigo e sim estados com ações hostis em defesa dos seus interesses. Está acontecendo um “Conflito na Zona Cinza”, caracterizado por uma intensa competição política, econômica, informacional, mais acirrada que a diplomacia tradicional, porém inferior à guerra convencional, realizada por Estados[4] que têm seus interesses desafiados pelo Brasil.
Ninguém começa uma Guerra Política contra um país amigo do seu povo, ou melhor, ninguém de bom senso deve fazê-lo, sem ter bem claro em sua mente o que com ela pretende alcançar. França e Alemanha motivadas pela assinatura do acordo MERCOSUL e União Europeia, acusam o Brasil de estar destruindo a Amazônia e de não cumprir com acordos relativos ao meio ambiente, e ameaçam com retaliações políticas e econômicas, mal disfarçando o verdadeiro motivo que é o de proteger suas economias.
A decisão de empreender uma “Guerra Política” contra o Brasil poderia ser baseada numa avaliação de custos e benefícios, ser empreendida com vistas a alcançar-se um objetivo político que fosse de interesse do Estado Frances, e nunca para atender a necessidade do Presidente Macron de se projetar internacionalmente como “defensor da humanidade”, e recuperar sua reputação na política interna protegendo seus agricultores.
O centro de gravidade da ação dos Estados hostis ao Brasil, na atual conjuntura, está voltado a desestabilizar o governo, a desacreditar autoridades, a criar o caos na sociedade com o auxílio do potencial de protesto da oposição e da imprensa simpática à social democracia, sucedendo-se a uma inevitável crise política.
Devido às nossas possíveis atividades de defesa serem de um país em desenvolvimento contra países do G7, as ações devem ter um objetivo político claramente definido e responsabilidades políticas firmemente estabelecidas. Devemos criar, com a participação da sociedade, uma “Frente Nacional” de defesa do país.
Existem certas medidas fundamentais, entre elas, como manobra interior:
– despertar o interesse da sociedade pelos assuntos de defesa;
– buscar a harmonização dos três Poderes em assuntos de defesa e política externa;
– buscar a integração das diversas ferramentas do Poder Nacional e dos grupos não estatais em benefício da defesa dos interesses nacionais do país, forçando o oponente a confrontar vários campos de batalha, simultaneamente;
– permitir usar todos os elementos do Poder Nacional, em uníssono e com a combinação certa de instrumentos diplomáticos, econômicos, militares não cinéticos, políticos, jurídicos e culturais para cada situação;
– buscar a participação da própria população na defesa da soberania da nação;
– todos os fatores do Poder Nacional possuem uma estreita dependência do poder econômico, a ciência de bem aplicá-los na defesa da nossa soberania está na sua integração e harmonização;
– buscar a excelência nas atividades de guerra em rede, de inteligência artificial, segurança cibernética, e espionagem eletrônica;
– buscar que todos os brasileiros saibam o que é um “Conflito na Zona Cinza[5]”;– usar a Guerra Assimétrica Reversa [6] e a Assimetria Estratégica [7];
Il le sait mieux que quiconque : notre planète souffre des activités de l’Homme. Il en a fait le combat de sa vie. Avec le Cacique Raoni Metuktire, Grand chef du peuple Kayapo, nous avons échangé sur les mesures que nous mettons en oeuvre pour le climat et la biodiversité. pic.twitter.com/XW3lgulwqF
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) 16 ??? 2019 ?.
Cabe a pergunta, o que é mostrado no mapa para o Presidente Macron?
E como Manobra exterior:
– atuação forte na ONU, na OEA, no BRICS, e no MERCOSUL expondo a Guerra Política desencadeada pela França e Alemanha visando atingir o Brasil, e desestabilizar autoridades e a economia;
– busca de apoio em países como Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Itália, China, Argentina que já fizeram declarações favoráveis ao Brasil, e,
– procurar as multinacionais francesas instaladas no Brasil discutindo as vantagens de um bom relacionamento entre Brasil e França.(ver a matéria BR-FR – Tensão diplomática Brasil-França pode prejudicar Projetos e Manutenção de Sistemas de Defesa Link)
Nós, brasileiros, não devemos perguntar quanto custa à nação a resistência que toda a comunidade é capaz de oferecer, empregando todas as ferramentas disponíveis ao Poder Nacional, para a defesa de nossa Soberania, mas indagarmos qual é o efeito que esta resistência pode gerar, e caso ela não seja desencadeada cobrar ao Governo o por qual razão?
O Brasil deve se preparar para um longo período de conflito, pois razão não é a defesa do meio ambiente, da Amazônia, ou a luta contra as queimadas, mas sim as riquezas da Amazônia e a reação da esquerda e da social democracia europeia e brasileira à vitória de um governo de direita no Brasil. No passado recente, de governos de esquerda, o desmatamento e as queimadas foram maiores e sem protesto de países europeus e da imprensa interna e externa.
[1] Adaptado da frase de Samuel Huntigton: “Uma superpotência tem de lutar por uma ideia que exerça apelo além de suas fronteiras”.
[2]Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.
[3]“O uso de todos os meios de disponíveis de uma nação para alcançar objetivos nacionais sem entrar em guerra”. É uma Guerra Política permanente na Guerra de Nova Geração.
[4] França e Alemanha.
[5] “A Zona Cinza se caracteriza por uma intensa competição política, econômica, informacional e militar, mais acirrada que a diplomacia tradicional, porém inferior à guerra convencional”.
[6] “Todo e qualquer tipo de conflito bélico em que, pelo menos em algum momento, existe a efetiva limitação ou, em termos mais precisos, autolimitação do emprego da evidente superioridade militar e, particularmente, tecnológica no campo de batalha”.
[7] “Em questões militares e de segurança nacional, a assimetria estratégica significa agir, organizar e pensar diferentemente do adversário para maximizar os esforços relativos, aproveitando suas fraquezas, e adquirir maior liberdade de ação” (Steven Metz).
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