Search
Close this search box.

Fronteira afegã-paquistanesa é berço da maioria dos ataques terroristas

O líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, foi morto durante uma operação das Forças Armadas norte-americanas e paquistanesas, neste domingo (01/05), em Abbottabad, no norte do Paquistão. Justamente nessa região no norte da fronteira entre o país e o Afeganistão localizam-se diversos campos de treinamento de terroristas.

Aqui foi gravado, por exemplo, o vídeo que fez tremer a Alemanha no início de 2010. Em idioma alemão, dois homens conclamavam a atos terroristas: "Decidam-se, finalmente, pela vida após a morte", era a mensagem central. Ao que tudo indica, sempre que o terrorismo ameaça a Europa, as pistas levam até essa região da fronteira afegã-paquistanesa.

Terroristas sob proteção
O politólogo paquistanês Ahmed Rashid reforça essa impressão. "Quase todos os incidentes terroristas mais recentes, em todo o mundo, partiram da fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. Mais cedo ou mais tarde, todos os envolvidos visitam o Paquistão, e alguns entram em contato com a Al Qaeda."

Não são poucos os que classificam essa área como "o local mais perigoso do mundo". É uma fronteira que, aliás, só existe no papel, pois os combatentes talibãs e da Al Qaeda parecem trafegar livremente entre os dois países.

A impressão é de que terroristas e talibãs estejam sob proteção nesse território. Rashid explica as raízes históricas dessa situação:

"Está tudo relacionado ao ano 2001, quando os membros do talibã no Afeganistão e da Al Qaeda fugiram para o Paquistão. Eles nunca foram vencidos pelos norte-americanos, mas buscaram refúgio no Território Federal das Áreas Tribais. Essas regiões se radicalizaram, lá circula muito dinheiro da Al Qaeda."

"Limpeza" duvidosa
A fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão tem 2 mil quilômetros de extensão. A região é árida, de difícil acesso e controle. Repetidamente ouvem-se notícias de europeus – também alemães – que se submetem a treinamento nos campos terroristas.

Porém nos últimos tempos algo mudou na política paquistanesa. São realizadas prisões, o Exército investe com maior rigor contra os extremistas nas Áreas Tribais e "limpou" – como reza o jargão militar – o mal afamado sul do Waziristão.

Mas as dúvidas permanecem. Recentemente, o assessor de segurança do governo afegão, Rangin Dadfar Spanta, afirmou numa entrevista: "Jamais teremos sucesso se não combatermos o berço do terrorismo".

A principal acusação dos meios de segurança é de que o Exército do Paquistão agiria de forma drástica contra os talibãs paquistaneses – que ameaçam seu próprio país –, enquanto poupa os afegãos – que talvez ainda lhe venham a ser úteis como aliados.

Sucessores a postos?
Há já algum tempo, os Estados Unidos decidiram não mais confiar inteiramente no Paquistão, seu parceiro de aliança, mas sim nas próprias forças. Com veículos aéreos não tripulados e aviões controlados à distância, os militares dos EUA tentam tirar de circulação especificamente os principais terroristas.

Para o especialista em segurança paquistanês Talat Masood, os veículos não tripulados representam um problema moral, legal e de soberania nacional, colocando o Paquistão diante de um dilema. "Os militantes utilizam os ataques para a própria propaganda, e isso resulta num forte antiamericanismo", comenta.

Nas últimas semanas, o número dos ataques por veículos não tripulados voltou a crescer. Aparentemente também com o propósito de neutralizar os planos de atentados terroristas contra a Europa. De fato, no passado os EUA conseguiram por diversas vezes eliminar extremistas de alto escalão.

A questão é se, a longo prazo, essa eliminação enfraquece as fileiras dos radicais islâmicos, ou se não haveria suficientes sucessores a postos, cada um deles apenas esperando para se tornar o próximo chefão do terrorismo.

Autor: Kai Küstner (av)
Revisão: Alexandre Schossler

Compartilhar:

Leia também
Últimas Notícias

Inscreva-se na nossa newsletter