Os guerrilheiros das Farc descartaram deixar os territórios indígenas da região Cauca (sudoeste da Colômbia) como exigiram as lideranças aborígenes, que também reclamam a saída das forças de segurança, segundo uma carta de seu líder Timoleón Jiménez.
"Se o Exército, a Polícia e forças paramilitares saírem de Cauca, acabará a guerra contra indígenas, camponeses, mineiros e povos em geral, e assim não teremos problemas em sair também", escreveu Jiménez em uma carta publicada nesta quarta-feira no site www.farc-ep.com.
"O problema de vocês não pode ser examinado simplesmente à luz da presença do Exército ou da guerrilha nas reservas, porque, como diz (o presidente Juan Manuel) Santos, o Exército nunca vai sair de suas bases", acrescenta.
A carta responde a outra enviada pela Associação dos Conselhos Indígenas do Norte de Cauca que pede aos guerrilheiros a saída de seus territórios, gravemente afetados pelo confronto com o Exército e a polícia, e para evitar o envolvimento da população civil.
A etnia Nasa-Paez, de 130.000 pessoas, se declarou neutra no conflito armado da Colômbia, e exige respeito aos indígenas por esta posição. Contudo, em sua carta, o líder das FARC enfatiza que "se chegam até nós jóvens indígenas, desesperados pela miséria em que cresceram, ansiosos por lutar para melhorar a vida de seu povo, não podemos rejeitá-los. Assim é a luta".
Nas últimas três semanas, a comunidade Nasa-Paez realizou ações para expulsar a força pública e a guerrilha de seus territórios, como a destruição de trincheiras e armamentos, a ocupação por 24 horas de uma base militar e a detenção de quatro guerrilheiros.
Os indígenas iniciaram nesta semana um diálogo com o governo de Santos para buscar soluções para a situação no norte de Cauca, uma área com forte presença guerrilheira, onde também há importantes cultivos de coca e que serve de corredor estratégico para a saída de drogas.